Covid-19: mãe vê filho pela primeira vez após 90 dias internada; parto aconteceu quando ela já estava intubada

No oitavo mês de gestação, Patrícia Mendes descobriu que estava com Covid-19, sendo necessário ficar internada de imediato. O parto aconteceu quando ela já estava intubada, mas só foi possível ver o filho pela primeira vez com 90 dias de internação

Patrícia Mendes do Santos, 29, viu seu filho pela primeira vez ao receber alta após 90 dias de internação no Hospital Geral Dr. César Cals (HGCC), em Fortaleza. O longo tempo hospitalizada se deu em decorrência de sequelas deixadas pela Covid-19. Francisco Heitor nasceu por meio de uma cesárea de emergência quando a mãe já estava intubada.

Natural de Tanques, distrito do município de Maranguape, Patrícia contraiu a doença quando estava no oitavo mês de gestação, sentindo os primeiros sintomas no dia 28 de março deste ano. No dia seguinte, a gestante fez o teste de Covid-19, que deu positivo. Ela foi internada no mesmo dia por já apresentar dificuldade de respirar.

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“Eu já cheguei muito cansada. Botaram o capacete para me ajudar a respirar, mas eu tirava. Botaram a máscara, mas eu tirava também. Por conta disso, pela noite, os médicos disseram que seria necessário me intubar, já que meus rins também estavam parando”, contou a mãe do Heitor.

A intubação aconteceu cinco dias depois, no dia 3 de abril, quando Patrícia já não conseguia o oxigênio que precisava por meio do capacete ou da máscara. Preocupados com a possibilidade de o bebê não estar recebendo a oxigenação necessária também, os médicos decidiram fazer uma cesárea de emergência no dia 8 de abril.

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Patrícia passou um mês em coma na Unidade de Tratamento Intensivo (UTI), sendo 26 desses dias intubada. Ela passou por sete infecções e foi necessário tomar quatro bolsas de sangue. Além disso, ela precisou fazer hemodiálise e teve várias escaras espalhadas pelo corpo em decorrência do longo tempo de internação.

A primeira vez que a mãe conseguiu ver o filho pessoalmente foi no último dia 29 de junho, data em que recebeu alta do HGCC. Antes, ela só tinha visto Heitor por meio de chamadas de vídeo. "Foi uma alegria enorme saber que ele estava vivo, que eu ia voltar para a minha família. Deus me deu uma segunda chance para eu viver ao lado do meu filho, do meu esposo, da minha família e dos meus amigos. A sensação é de que o coração sai do peito, uma alegria enorme. Só gratidão", conta Patrícia.

Por ter nascido de oito meses, Heitor precisou ficar até quase o final de abril internado, mesmo tendo testado negativo para a Covid-19. “Ele nasceu saudável, passou um dia intubado, depois foi para o oxigênio, permanecendo internado lá até quase o final do mês”, explica Roberta Castelo, cunhada de Patrícia.

Desde que nasceu, Heitor tem recebido os cuidados de Roberta. Ele está na casa dela até o atual momento, pois Patrícia ainda encontra-se sem condições de cuidar do filho por conta das sequelas que a doença deixou. “Foi um pouco assustador ter que ficar com ele, porque fazia 15 anos que eu não tinha filhos. Foi um desafio, mas eu recebi a ajuda da minha irmã que vinha para cá toda semana. Nós criamos amor, mas eu chorava e ficava triste por pensar que ela [Patrícia] ia morrer. A gente orava muito para que ela conseguisse criar o filho dela”, conta a cunhada.

Atualmente, Patrícia está hospedada na casa de duas tias, em Fortaleza, para receber todos os cuidados que precisa. Além de não conseguir andar como antes, ela ainda tem escaras na região das costas e prossegue recuperando a habilidade da fala, pois precisou passar por uma traqueostomia após ser extubada.

“Nós somos cristãos e atribuímos tudo isso a um milagre de Deus, porque tudo o que aconteceu com ela é inacreditável. Ela teve os rins comprometidos, mas saiu sem precisar de hemodiálise. Só quem passou por um momento desse sabe o que a gente sentiu. Acordávamos de manhã e, se o celular tocava, já ficávamos com medo esperando que fosse alguma notícia dela”, conta, emocionada, Rosângela Castelo, outra cunhada de Patrícia. 

A família vem recebendo ajuda de amigos e outros familiares para arcar com as despesas da alimentação do bebê, que completará três meses na quinta-feira, 8. Ele precisa de um leite especial chamado Aptamil, receitado por uma médica pediatra, porque não pode ser amamentado pela mãe.

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