Consumo de álcool por pacientes com diabetes cresce na pandemia, aponta estudo

A ingestão de bebida alcoólica por pessoas com diabetes mellitus tipo 1 pode induzir um quadro de hipoglicemia. Por isso, recomenda-se que o consumo seja limitado

A ingestão de álcool relatada por pacientes com diabetes mellitus tipo 1 que utilizam o Glic, aplicativo para diabetes e controle de glicemia, aumentou a partir de março de 2020, ao longo dos meses de confinamento e distanciamento social. Resultados de um estudo realizado a partir de dados fornecidos pelos usuários da plataforma foram apresentados no 4º workshop sobre diabetes para jornalistas, realizado pela ADJ Diabetes Brasil, na manhã desta sexta-feira, 18.

Antes da pandemia, o acréscimo mensal no percentual de usuários da plataforma de telemedicina com registros de ingestão de bebidas alcoólicas era de 0,56%. Entre março e dezembro do ano passado, o índice saltou para 1,14% por mês. O estudo foi apresentado pela doutora em endocrinologia Karla Melo, coordenadora do Departamento de Saúde Pública da Sociedade Brasileira de Diabetes (SBD).

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Dentre as funcionalidades do aplicativo, está o cadastro de dados da glicemia — nível de açúcar no sangue — e da alimentação, a partir dos quais o sistema sugere quantas unidades de insulina devem ser aplicadas. Para o estudo, foram analisados os registros feitos por cerca de 52 mil pacientes com diabetes tipo 1, dos quais 20,8 mil informaram consumir bebidas alcoólicas.

Em 2019, os usuários analisados fizeram 95.357 registros. No ano de 2020, esse número passou para 178.574. "Em março de 2020, começou a haver um aumento expressivo, de aproximadamente 1,84 vezes", complementou Karla Melo, que é cofundadora da Quasar Telemedicina - Glic. "Esse é um dado que tem nos preocupado, e a gente precisa que essas questões sejam mais discutidas com nossos pacientes, com as pessoas que têm diabetes", complementa.

Diabetes: preocupações sobre consumo de álcool

Os efeitos do álcool na glicemia de pessoas com diabetes mellitus ainda são controversos. Porém, segundo explica a endocrinologista Karla Melo, estudos citam a redução da produção hepática de glicose — o que pode levar à redução dos níveis de glicose — e redução do glicogênio — estoque de glicose no fígado e no músculo. Além disso, o paciente pode evoluir para casos de hipoglicemia assintomáticos e ter retardo na recuperação.

Dessa forma, recomenda-se que esses pacientes com diabetes tipo 1 limitem a ingestão de bebidas alcoólicas porque elas podem induzir um quadro de hipoglicemia. "O que mantém quem não tem diabetes com glicemia normal entre as refeições e no período do sono é a produção de glicose pelo fígado, porque não se está ingerindo alimentos, e o carboidrato não está entrando no organismo", explica a médica.

Outra preocupação é que os efeitos do álcool no organismo podem levar a pessoa a não conseguir identificar os sintomas da hipoglicemia. Sem perceber os sintomas, pode-se deixar de resolver o quadro, que pode piorar.

Recomendações para pacientes

  • Limitar a ingestão de álcool para 1 a 2 drinks/dia para mulheres e 2 a 3 drinks/dia para homens;
  • Observar a ocorrência de hipoglicemias nas 24 horas após a ingestão de álcool;
  • Ingerir alimentos quando ingerir álcool;
  • Ingerir alimentos antes de dormir;
  • Reduções possíveis na dose de insulina bolus e basal, se necessário e sob orientação médica.
     

Tipos de diabetes

Diabetes tipo 1: Doença autoimune em que o pâncreas para de produzir insulina. O diagnóstico é mais frequente em crianças e adolescentes, mas também pode ocorrer em adultos. Desde o início o paciente precisa aplicar insulina para manter a glicemia em níveis normais.

Diabetes tipo 2: Tipo mais frequente da doença. Nele, a insulina produzida pelo pâncreas ou não é suficiente, ou não age de forma adequada para o controle da glicemia. O tratamento inclui mudanças de estilo de vida e administração de medicamentos orais ou injetáveis.

Diabetes gestacional: Pode ocorrer durante o período da gravidez. Esse tipo de diabetes afeta entre 2% e 4% das gestantes, segundo informações da ADJ Diabetes Brasil, e implica no risco aumentado para desenvolvimento de diabetes tipo 2.

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