Flexibilização do confinamento avança na Inglaterra
A polícia londrina insistiu em que "todas as grandes reuniões" continuam proibidas e prometeu atuar rapidamente contra as festas em locais fechados e encontros com multidões
Trajes de neoprene para a água fria e grandes agasalhos contra o vento. Os ingleses recuperaram nesta segunda-feira (29) uma liberdade limitada, que permite encontros em pequenos grupos a céu aberto e a prática de esportes ao ar livre, como parte de uma prudente flexibilização do confinamento.
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Por enfrentar uma variante muito mais contagiosa do coronavírus detectada no sul da Inglaterra no fim de 2020, Londres fechou os estabelecimentos comerciais não essenciais em 20 de dezembro - restaurantes, cinemas, teatros, museus já estavam fechados - e decidiu não reabrir as escolas após o recesso de Natal, com a ordem para que a população ficasse "em casa".
Graças a uma redução drástica no número de contágios diários (3.862 no domingo) e a uma campanha de vacinação de sucesso, que já administrou a primeira dose em 30 milhões de pessoas (60% dos adultos do país), o terceiro confinamento nacional começou a ser flexibilizado de maneira lenta em 8 de março, com o retorno dos alunos às salas de aula e a autorização para encontrar uma única pessoa do lado de fora da casa.
O progressivo desconfinamento, que deve continuar até o fim de junho, entrou em uma nova fase nesta segunda-feira com a autorização para organizar reuniões de até seis pessoas em locais abertos como parques, ou jardins particulares, e a reabertura de áreas de golfe, tênis e piscinas descobertas, apesar da baixa temperatura da água.
Com trajes completos de neoprene - ou, no caso dos mais corajosos, sem as roupas especiais -, algumas pessoas nadavam desde cedo ao lado de cisnes nos lagos dos parques londrinos, enquanto nos gramados os primeiros piqueniques eram formados.
Embora o governo estimule a continuidade do teletrabalho desde que possível e que as pessoas evitem os transportes públicos, também está legalmente suspensa a ordem para "ficar em casa" no país mais afetado da Europa pela pandemia. Até agora, são mais de 126.500 mortes confirmadas por Covid-19.
Apelo de prudência
Apesar da pequena flexibilização, prevista em um plano detalhado anunciado pelo primeiro-ministro Boris Johnson em fevereiro, o governo mantém o apelo de prudência e adverte a população para o risco de que novas variantes menos reativas às vacinas afetem a desescalada de um confinamento com graves consequências econômicas e psicológicas.
Apesar dos "últimos meses muito difíceis" e do desejo "impaciente" de encontrar os familiares no feriado da Páscoa, o ministro da Saúde, Matt Hancock, pediu aos britânicos que sejam prudentes para "proteger os progressos alcançados com a vacina".
"Como demonstra o aumento de casos na Europa, este vírus continua sendo uma ameaça muito real", advertiu.
A polícia londrina insistiu em que "todas as grandes reuniões" continuam proibidas e prometeu atuar rapidamente contra as festas em locais fechados e encontros com multidões.
O país, que administrou até agora as vacinas AstraZeneca/Oxford e Pfizer/BioNTech, enfrenta uma redução no abastecimento dos fármacos justamente no momento de aplicar a segunda dose (até agora aplicadas em 3,5 milhões de pessoas).
O governo espera a entrega em abril de 17 milhões de doses de uma terceira vacina, a do laboratório americano Moderna, para alcançar o objetivo de vacinar toda sua população adulta até o fim de julho.
O próximo passo rumo ao fim do confinamento na Inglaterra está previsto para 12 de abril, com a reabertura de bares e restaurantes, assim como estabelecimentos não essenciais como salões de beleza que o próprio Johnson, com o cabelo mais indisciplinado que o habitual, afirmou que deseja visitar.
Permanecem proibidas as viagens ao exterior. Segundo o plano do governo, elas voltarão a ser permitidas, na melhor das hipóteses, a partir de 17 de maio.
"Devemos manter a cautela", insistiu Johnson, ao destacar que "o aumento de casos na Europa e as novas variantes que ameaçam nossa campanha de vacinação" podem chegar ao Reino Unido em três semanas.
No momento, no entanto, prossegue o plano nacional "para a liberdade", afirmou.