Covid-19: Descompasso na vacinação abre possibilidade de novas variantes em 2021

O alerta é da infectologista Cristiana Toscano, única brasileira membro do Grupo de Trabalho de Vacinas para Covid-19 da OMS

Demora em conseguir um portfólio de vacinas e em alinhar uma campanha nacional eficiente podem levar ao surgimento de novas variantes do coronavírus no Brasil. O alerta é da infectologista Cristiana Toscano, única brasileira membro do Grupo de Trabalho de Vacinas para Covid-19 da Organização Mundial da Saúde (OMS). "A demora na vacinação no Brasil e o vírus circulando é a pior situação que pode haver para prevenir novas variantes", alertou em entrevista ao jornalista Jamil Chade, que publicou a entrevista completa em seu blog. 

Seu alerta vem no momento em que as mutações do vírus se transformaram na maior ameaça para frear a pandemia. "Manaus tem o potencial para se tornar um risco global, além de estar enfrentando uma situação epidemiológica que representa um fiasco das ações de saúde pública local e nacional", afirmou a especialista. "As pessoas entram e saem de Manaus e estão circulando no Brasil inteiro. A vacinação chegou a ser suspensa. Tudo o que não deveria ocorrer está ocorrendo."

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De acordo com a especialista, a melhor forma de coibir o surgimento de variantes é reduzir a transmissão viral através de distanciamento social e a vacinação. Mas se o vírus continuar a circular em uma população parcialmente imune, trata-se de um "estímulo para o aparecimento de novas variantes". "Sabemos vacinar. Mas precisamos de mais doses, de coordenação nacional, de sistemas de informação e monitoramento funcionantes. É só fazer a matemática: teremos vacinas para os grupos de risco para o primeiro semestre. Mas isso é apenas um terço da população", disse.

"Ou o Brasil vai atrás já por mais vacinas para o restante da população, ou vamos chegar em agosto com o grupo prioritário vacinado lentamente e o resto da população sem nada. O resultado poder ser o enfrentamento de mais uma nova variante e perspectivas mais longínquas para a superação da pandemia", enfatizou a pesquisadora. "O mundo sabe que temos capacidade técnica e científica. Mas por falta total de liderança, coordenação e transparência, o processo está em risco."

De acordo com os principais laboratórios desenvolvedores de vacinas do Brasil, o País terá disponibilizadas pelo menos 90 milhões de doses de vacinas contra a Covid-19 até abril. Serão 46 milhões de doses da CoronaVac que devem ser entregues ao Ministério da Saúde. Somam-se 41 milhões de doses previstas pela Fiocruz  e os 2 milhões de doses compradas prontas do Instituto Serum, na Índia, entregues em 22 de janeiro. O número é apenas um quinto do necessário para vacinar todos os brasileiros no esquema de duas doses por pessoa.

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