Principal defensor da cloroquina, médico francês reconhece erros em estudo inicial

Apesar de reconhecer os erros, equipe de Didier Raoult afirma que investigou outros 3.119 pacientes após o estudo preliminar e que os novos resultados indicam redução do risco de transferência para UTI ou morte

O médico e microbiologista francês Didier Raoult, autor de um estudo sobre o uso de hidroxicloroquina no tratamento de Covid-19 que ganhou atenção mundial no início da pandemia, reconheceu erros em sua pesquisa inicial. O posicionamento foi em resposta a críticas feitas por médicos de três instituições dos Estados Unidos.

Em uma carta publicada em 4 de janeiro no International Journal of Antimicrobial Agents, a mesma revista que publicou o artigo original, a equipe corrige seus dados e admite que não houve comprovação de “100% de cura”, como divulgaram anteriormente. Pesquisadores reanalisaram os dados dos 42 pacientes inscritos e, além da depuração viral ao longo do tempo, consideraram os desfechos clínicos.

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Com isso, concluíram que "a necessidade de oxigenoterapia, transferências para UTI e óbitos não teve diferenças significativas entre os pacientes que receberam hidroxicloroquina (HCQ), com ou sem azitromicina (AZ), e nos pacientes do controle, que receberam apenas o tratamento padrão”.

Na segunda-feira, 18, após a carta ser divulgada, Raoult se manifestou no Twitter. Disse que "a eficácia de hidroxicloroquina e azitromicina na redução da duração do transporte viral foi confirmada, com subsequente demonstração de eficácia na mortalidade". Ele afirmou ainda que nunca mudou de ideia.

Apesar de reconhecer os erros do estudo inicial, a equipe de Raoult refuta na carta a alegação de que a literatura recente não apoia o uso da hidroxicloroquina em pacientes com Covid-19. Afirma ainda que investigou outros 3.119 pacientes após o estudo preliminar e que os novos resultados indicam redução do risco de transferência para UTI ou morte.

Estudo criticado

Com o título "O uso da hidroxicloroquina em combinação com a azitromicina para pacientes com Covid-19 não é apoiado pela literatura recente", médicos de três instituições dos Estados Unidos questionam o estudo de Raoult.

Os pesquisadores americanos revisaram o artigo original da equipe francesa e apontaram falhas na pesquisa, um estudo pequeno e não randomizado. Os cientistas dizem que a equipe de Didier Raoult não seguiu o padrão necessário para esse tipo de estudo com medicamentos e "excluiu da análise pessoas que morreram, foram transferidas para a UTI ou pararam o tratamento devido a efeitos colaterais", além de não levar em conta possíveis efeitos adversos causados pelo tratamento.

Eles destacam ainda que não é possível confirmar eficácia clínica a partir apenas da análise de redução da carga viral, como feito no estudo, e que outros fatores deveriam ter sido considerados para uma avaliação da eficácia dos medicamentos, como alívio dos sintomas e sobrevivência à doença.

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