Aumento de casos no Amazonas pode ser resultado de variante do coronavírus, diz especialista

Pesquisador Roberto Dias Leite assegura que não há nenhuma evidência de que as novas cepas do coronavírus podem causas doenças mais graves do que a Covid-19. Novos dados sobre mutações e seus efeitos nas vacinas são esperados em breve

Desde dezembro, o Amazonas enfrenta um aumento no número de casos de Covid-19, o que levou a uma crise no estoque de oxigênio hospitalar. A ressurgência de casos poderia estar associada ao potencial aumento na transmissibilidade ou propensão para reinfecção da nova variante de coronavírus encontrada na região. Já a cepa encontrada na África do Sul pode neutralizar anticorpos, retardando o processo de imunização. É o que afirma Roberto Dias Leite, professor de Pediatria da Universidade Federal do Ceará, durante o debate "Vacinas contra covid-19 – O que precisamos saber?", ocorrido virtualmente nesta terça-feira, 19.

Roberto, que é presidente do Departamento Científico de Infectologia da Sociedade Cearense de Pediatria (Socep), assegura que não há nenhuma evidência de que as novas cepas do coronavírus que surgiram no Brasil e em outros países podem causas doenças mais graves do que a Covid-19. Ainda, estas mutações podem ser detectadas por testes de diagnóstico, pois “mesmo se uma mutação afetar um dos vários alvos dos testes comerciais de reação, outros alvos ainda funcionarão”.

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Quanto à imunização, o pesquisador afirma que o vírus “provavelmente precisaria acumular múltiplas mutações para escapar da imunidade induzida por vacinas ou por infecção natural”. Para ele, as vacinas permanecerão eficazes na prevenção de mortes e adoecimentos mais graves, independente de mutações.

Roberto conta que diversos pesquisadores estão atualmente estudando as variações e mutações do coronavírus e testando-as contra anticorpos. Ele afirma que uma mutação compartilhada não alterou a atividade dos anticorpos produzidos por pessoas que receberam doses da vacina Pfizer/BioNTech. Novos dados sobre mutações e seus efeitos nas vacinas são esperados em breve.

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Riscos de vacinas

Como afirma Roberto, existem diferentes modelos de vacinas atualmente em produção. Ele ressalta que vacinas que usam um RNA mensageiro, como as estadunidenses Pfizer/BioNTech e Moderna, não invadem os núcleos das células e o material genético de quem é vacinado, ou seja, não causam nenhuma alteração genética. Após cumprir sua função, os RNAs são destruídos.

Outra categoria de produção são as vacinas que obtêm pedaços pequenos do vírus-alvo para que o sistema imunológico reconheça, a exemplo da estadunidense Novavax e da francesa Sanofi. Antes de chegar ao organismo humano, o material destas vacinas é tirado de insetos geneticamente modificados e inserido em mariposas, cujas células então produzem fragmentos da proteína espinha do coronavírus, colhidos e transformados em vacina. Roberto desmente rumores de que esses fragmentos poderiam fazer modificações nos seres humanos por passarem por outros organismos.

Defesa à vacinação

“Vacinas funcionam e são muito eficazes”, diz Roberto, exemplificando a importância da vacinação com a eficiência ao longo tempo de vacinas para doenças como hepatite B e influenza. Comentando sobre a eficácia comprovada de 50,38% da Coronavac, Roberto celebra: “É uma notícia maravilhosa diante dos números trágicos que estamos vendo”.

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No entanto, o professor alerta que o sistema de defesa contra o coronavírus vai além da vacinação e exige uma atuação em massa. Ele cita o exemplo da vacina contra sarampo, com eficácia de 97%, mas cuja cobertura vacinal não atinge o mínimo necessário no Brasil, resultando em um aumento nos casos de sarampo. Sete pessoas vieram a óbito em 2020 em decorrência do sarampo, nenhuma delas com histórico de vacinação contra a doença. Por isso, Roberto comemora o uso da Coronavac, uma opção barata que pode ampliar a cobertura da vacinação.

Em relação às gestantes, o professor alerta que a segurança da Coronavac não foi testada em condição fetal. Enquanto a bula da vacina informa que gestantes não devem utilizá-la sem orientação médica, Roberto pessoalmente considera a melhor opção aguardar novos testes clínicos. O uso da Coronavac é indicado, porém, em mulheres que estão amamentando.

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