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Brasil concentra 60% dos casos de coronavírus na América do Sul

Maior país do subcontinente, o Brasil tem metade da população da região. Número de confirmações de Covid-19, entretanto, ainda causa desproporção
20:40 | Jun. 05, 2020
Autor André Bloc
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André Bloc Editor-adjunto de Esportes
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Tipo Notícia

Quantas vezes já foi dito e repetido que o Brasil é um "país continental"? Mais do que extensão, o parâmetro principal é a população. Segundo estimativa da Organização das Nações Unidas (ONU) para 2019, 211 milhões dos 427 milhões de sul-americanos têm o português como primeira língua. Ou seja, 49,4% da população da América do Sul é formada por brasileiros.

Depois de centrar-se na China/Ásia, Europa e Estados Unidos/América do Norte, a pandemia do novo coronavírus fixou o Brasil — e, portanto, a América do Sul — como epicentro. Desde 18 de maio são pelo menos 10 mil confirmações de infecção por dia no País, com pico de 33.274 no dia 30 do mesmo mês. Desde 25 de maio, em apenas um dia (1º de junho) não houve mais de 1.000 mortes em decorrência da Covid-19 em território brasileiro. O cenário, entretanto, não se traduz em países vizinhos, apesar de algumas semelhanças econômicas e sociais que compartilhamos.

De acordo com dados do site de estatísticas Worldometers, que indexa informações oficiais de governos do mundo inteiro, a América do Sul tem, até as 19h16min desta sexta-feira, 5, precisamente 1.054.595 casos de coronavírus. Destes, segundo dados oficiais do Ministério da Saúde — que adiou os boletins diários para "evitar" más notícias —, 630.708 confirmações vieram do Brasil. A cifra corresponde a 59,8% do total de infecções por Covid-19. A proporção da população, vale lembrar, é de 49,4%, ou seja, a desproporção é de 10 pontos percentuais.

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Apesar de ter uma população muito maior que a dos demais países, o Brasil já é vice-líder em óbitos por coronavírus por milhão de pessoas. São 163 mortos, contra 201 do Equador. Vale lembrar que existem 12 vezes mais brasileiros que equatorianos, então a multiplicação de casos fatais é bem mais dura aqui, em números absolutos. Em confirmações por milhão, o Brasil já é o terceiro, (bem) atrás de Chile e Peru. 

Os peruanos, no entanto, seguem com a vantagem de serem o país sul-americano que mais testa, tanto em números absolutos, quanto por milhão de habitantes. Assim, as altas taxas de confirmação de lá têm a vantagem de serem menos subnotificadas. A população brasileira é seis vezes maior, mas ainda assim a testagem aqui é menor. A proporção pelo número de habitantes é ainda pior, já que o Brasil faz, em média, menos testes que Peru, Venezuela, Chile, Uruguai, Colômbia, Equador e Paraguai, ficando pouco acima da Argentina e com boa margem para Bolívia, Guiana e Suriname. A Guiana Francesa não divulga o dado — é um departamento francês, então entra na conta geral do governo Emmanuel Macron.

A taxa de infecção do coronavírus, as medidas de isolamento e a própria densidade de cidades podem ser fatores para o escalonamento de positivos. O Brasil, desde o início da crise sanitária, lida com diferentes orientações de governos municipais e estaduais, contra o federal. E teve até época em que o Ministério da Saúde ficava em cima do muro, enquanto Bolsonaro e governadores não falavam a mesma língua.

Crises são oportunidades de união, mas o voto brasileiro foi pela divisão. Os números escancaram os erros de julgamentos. 

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