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Homem acusa UPA em Caucaia de colocar "suspeita de Covid-19" em óbito por infarto do pai; Prefeitura rebate acusações

O deputado estadual André Fernandes (PSL) divulgou vídeo em que homem faz as acusações. Em nota, Prefeitura de Caucaia afirma que a principal queixa do paciente era respiratória, evoluindo para posterior parada cardiorrespiratória
21:50 | Mai. 21, 2020
Autor Gabriela Almeida
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Gabriela Almeida Repórter O POVO
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Tipo Notícia

O deputado estadual André Fernandes (PSL) divulgou nessa quarta-feira, 20, em sua página no Instagram, um vídeo em que um homem afirma que a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) localizada em Caucaia, Região Metropolitana de Fortaleza (RMF), teria declarado a morte do pai dele como “suspeita do novo coronavírus”, ainda que "o paciente tenha sofrido um infarto". A Prefeitura da Cidade disse, em nota, que o paciente deu entrada na UPA com falta de ar, evoluindo para posterior parada cardiorrespiratória, e que, por questões sanitárias, o procedimento adotado deve ser o de considerar "como possibilidade diagnóstica o novo coronavírus".

No vídeo, o deputado aparece ao lado do filho da vítima e pede para que ele, identificado pelo parlamentar apenas como Adriano, explique acerca do ocorrido. O homem, então, afirma que levou seu pai, Raimundo Nonato, para a unidade hospitalar após a vítima ter sofrido uma parada cardíaca em casa. Ao ser medicado no local, Raimundo infartou mas teve o quadro de saúde estabilizado. “O médico falou comigo e disse que o meu pai estava estável", afirma, alegando ainda que foi aconselhado pelo profissional a ir para casa.

Ao chegar na sua residência, o filho da vítima teria recebido uma ligação solicitando que ele retornasse à unidade com os documentos de Raimundo. De acordo com relato, uma médica lhe informou que o pai teve uma nova parada cardíaca e que não resistiu, vindo a falecer. Horas depois, foi pedido para que ele assinasse um laudo que constava a decorrência da morte como sendo “suspeita de Covid-19”, doença causada pelo novo coronavírus.

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Atestado de óbito mostrado por André Fernandes
Atestado de óbito mostrado por André Fernandes (Foto: Reprodução/ Instagram/ André Fernandes)

O filho da vítima ainda alega que o pai não apresentava sintomas da patologia, mas afirma que Raimundo chegou na unidade vomitando. A vítima não teria, de acordo com relato, realizado exame para constar se estava infectado com a doença. “Eu tenho denunciado isso aqui e muita gente não tem acreditado”, afirma o deputado, questionando em seguida: “A quem interessa mentir tanto? A quem interessa crescer os números? A quem interessa tanta distorção?"

Principal queixa do paciente era respiratória, afirma Prefeitura

A Prefeitura de Caucaia rebateu as acusações em nota enviada ao O POVO. Confira na íntegra:

"A Prefeitura de Caucaia informa que o paciente Raimundo Nonato deu entrada na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) da Jurema com queixa principal sendo “falta de ar”, o que possui inúmeros diagnósticos possíveis. O paciente evoluiu rapidamente para parada respiratória com posterior parada cardiorrespiratória, o que o levou a óbito. Em contexto de pandemia de Covid-19, considerando o altíssimo número de casos da doença, bem como a queixa principal do paciente ser um sintoma respiratório, a Prefeitura ressalta que seria errôneo da parte da equipe médica não descrever como possibilidade diagnóstica o novo coronavírus. A Prefeitura ressalta ainda que, por questões de cunho sanitário, visando evitar a progressão da doença, casos suspeitos, mesmo que não confirmados, devem ter, em sua Declaração de Óbito, suspeita de COVID-19. Assim, o preenchimento da Declaração de Óbito, quando não houver diagnóstico fechado, deve ser com as causas mais prováveis.

André Fernandes e suas acusações

Essa não é a primeira vez que o parlamentar se envolve em acusações acerca de supostas alterações em atestados de óbito. No início deste mês, André chegou a afirmar que o secretário da Saúde do Ceará, Dr. Cabeto, obrigava profissionais a alterarem laudos médicos para “inflar as estatísticas do novo coronavírus no Ceará”.

A acusação repercutiu entre médicos do Estado, que realizaram um abaixo-assinado para pedir pela cassação do seu mandato à Assembleia Legislativa (AL-CE). O Partido do Socialismo e da Liberdade (Psol) também entrou com uma representação contra parlamentar, protocolada pela Casa legislativa.

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