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Pandemia: ICB alerta para a falta de produtos básicos nas comunidades ciganas do Ceará

Até a segunda-feira, 18, foram confirmados seis casos de pessoas com a Covid-19 entre a população cigana no Interior do Ceará
13:51 | Mai. 19, 2020
Autor Ismia Kariny
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Ismia Kariny Estagiária O POVO online
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Tipo Notícia

Comunidades de ciganos do Ceará têm enfrentado dificuldades desde o início do decreto de isolamento social. Com a paralisação das atividades informais, a principal fonte de renda destas famílias, a comunidade étnica passou a enfrentar a ameaça da fome. Agora, com os primeiros casos da Covid-19 registrados em Beberibe e Crateús, o receio do Instituto Cigano do Brasil é não conseguir evitar a disseminação.

Até a segunda-feira, 18, foram confirmados seis casos de pessoas com a Covid-19 entre a população cigana no Interior do Ceará. Por serem grupos sedentários (têm moradias fixas e dificilmente viajam) e viverem em comunidades de famílias muito próximas, os ciganos precisam de atenção especial, segundo relata Rogério Ribeiro, presidente do Instituto Cigano do Brasil (ICB).

“Três ciganas tiveram alta nesta segunda-feira e vão ficar em casa por 14 dias. Um cigano continua na unidade de terapia intensiva há dez dias, em Crateús; e tem um cigano em quarentena há sete dias, e uma família em Beberibe que também está em isolamento social, em casa”, relata Rogério. Diante desse cenário, o ICB alerta para a falta de recursos básicos que possam ajudar a população cigana a enfrentar a crise de saúde pública.

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Em Crateús, a Secretaria de Saúde fez a desinfecção das moradias dos ciganos, seguindo o fluxo do plano de contingência para o município. “A comunidade cigana está sobre nossa vigilância, na observação de mais casos que poderão surgir”, destacou a titular da pasta, Elizabeth (Betinha) Machado. Segundo a secretária, as famílias ciganas estão sendo isoladas e todas as pessoas em contato direto com os que testaram positivo para a Covid-19 estão passando por exames de detecção do novo coronavírus.

Instituto Cigano pede auxílio 

O presidente do Instituto Cigano do Brasil pede auxílio às autoridades municipais e estaduais, para que ajudem a implementar medidas específicas para o grupo étnico, que busca assistência nesse período de pandemia. Entre elas, Rogério destaca que devem ser considerados os mecanismos de transmissão do vírus, bem como as práticas e realidades locais, como contato próximo, convívio domiciliar e compartilhamento de utensílios e objetos de uso pessoal.

“É preciso garantir que os planos emergenciais para casos graves contemplem a população Cigana, deixando explícitos os fluxos e as referências para o atendimento em tempo oportuno”, Rogério destaca em ofício enviado para as autoridades públicas. O receio, segundo ele, é que a contaminação provoque um grande número de infectados, com risco de mortes entre a comunidade étnica. O primeiro caso de óbito decorrente da Covid-19 entre os ciganos do Brasil aconteceu no município de Serra, em Espírito Santo.

As recomendações para atenção à saúde do povo cigano já foi requisitado pelo Conselho Nacional de Saúde, em documento enviado aos Ministérios da Saúde e da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos (MDH), no último dia 11. O documento pede que o governo federal oriente as secretarias estaduais e municipais para a implementação de medidas que garantam o atendimento à saúde da comunidade étnica.

A orientação se estende também para a prioridade na vacinação contra a gripe e H1N1 para as populações itinerantes, que estão em acampamentos e ranchos, assegurando principalmente a proteção para idosos, crianças e mulheres grávidas. “Nesse momento de gravidade na saúde, provocada pela pandemia, é fundamental voltar o olhar para essa população e buscar estratégias de proteção e cuidados que possibilitem barrar o avanço do Covid entre eles”, avalia Altamira Simões, conselheira nacional de saúde.

SPS destaca ações em auxílio às comunidades durante pandemia

Procurada pelo O POVO em relação às medidas de auxílio aos grupos ciganos durante a pandemia, a Secretaria da Proteção Social, Justiça, Cidadania, Mulheres e Direitos Humanos (SPS) afirmou que a pasta está se organizando para adquirir cestas básicas para serem entregues aos grupos que estejam com essa necessidade.

A pasta acrescenta que estão articulando doações da iniciativa privada e de outros programas estaduais para auxílio imediato. “A população mais vulnerável está sendo beneficiada com as medidas anunciadas pelo governador Camilo Santana, como a distribuição do Vale Gás Social, projeto que oferta uma recarga de botijão de gás às famílias em situação de vulnerabilidade social”, destacou a SPS em nota.

Segundo a secretaria, o Governo do Ceará também garantiu o pagamento da luz elétrica e água por três meses a famílias de baixa renda. “Desde março, tem ocorrido também a antecipação mensal do pagamento do Cartão Mais Infância, programa estadual de transferência de renda. O pagamento beneficia cerca de 48 mil famílias cearenses com a quantia de R$ 85 mensais“, ressaltou.

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