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Leite materno pode ajudar no tratamento para Covid-19, conclui pesquisa

A pesquisa ainda não foi analisado pela comunidade acadêmica, mas o resultado foi promissor
10:58 | Mai. 14, 2020
Autor Redação O POVO
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O leite materno de mulheres que foram infectadas pelo coronavírus apresenta resposta imunológica para a Covid-19. A conclusão foi apresentada em uma pesquisa realizada pelos Departamentos de Infectologia da Escola de Medicina Icahn do Monte Sinai, em Nova York, e de Psicologia da Universidade da Califórnia em Merced. No estudo, a presença de anticorpos para a doença no leite pode ajudar no tratamento da patologia.

A pesquisa ainda não foi analisada pela comunidade acadêmica, mas o resultado foi promissor. Para isso, os pesquisadores usaram 15 amostras de leite doado por mulheres recuperadas da Covid-19 e compararam com dez amostras de negativos obtidas antes de dezembro de 2019, quando os casos surgiram pelo mundo.

Os materiais recolhidos foram exposto ao Sars-Cov-2, vírus causador da Covid-19. Das amostras de mães infectadas, 80% apresentaram reação de Imunoglobulina A (IgA). A IgA detectada pertence, em sua maioria, à subclasse Imunoglubina A secretória (ou sIgA, na sigla em inglês).

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As informações são do O Globo.

Os anticorpos dessa categoria são altamente resistentes à degradação no tecido respiratório. Assim, o leite humano poderia ser purificado e usado no tratamento da Covid-19. "De modo geral, os dados indicam que há uma forte resposta imunológica protagonizada pela sIgA em leite humano após infecção na maioria dos indivíduos, e que um estudo abrangente dessa resposta é urgente", completam os especialistas. Análise foi feita por uma equipe quase toda feminina, com seis mulheres e um homem, e aponta que os resultados reportados são preliminares. Porém, os cientistas apontam que são fundamentais para os bebês, que embora tendam a ser menos suscetíveis à Covid-19, podem ser contaminados e agirem como vetores de transmissão viral.

No Brasil, um estudo similar vai começar. Um dos pesquisadores que vai fazer parte é o infectologista Marcelo Otsuka, da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Ele explica que a maior quantidade de IgA na resposta apresentada no leite das mães infectadas é pela tendência para o combate a doenças intestinais. O médico afirma que o Sars-Cov-2 tende a afetar as células intestinais e por isso a diarreia é um dos sintomas relatados por pacientes com Covid-19. Já a IgA, que é especializada em defender o organismo de infecções no intestino, atua no corpo do bebê e incentiva para que ele se defenda de enfermidades que podem ser contraídas por via oral, já que a amamentação acontece pela boca.

Um possível tratamento inalatório demandaria uma quantidade muito menor de princípio ativo para chegar aos pulmões do que um tratamento intravenoso, afirma ainda o médico. Entretanto, ele chama atenção que a terapia com esse material seria com base em uma técnica de imunização passiva, ou seja, que infunde no organismo os anticorpos necessários para o combate a uma doença específica. Essa técnica atua de forma contrária à vacina, que funciona ao estimular o corpo a produzir sua própria defesa contra uma doença, chamada assim, imunização ativa. Segundo o infectologista, a imunização passiva pode fazer com que a resposta natural do organismo seja menor.

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