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Médico alerta para alterações clínicas futuras provocadas pela Covid-19

Eyorand Andrade, médico reumatologista staff do Instituto São Carlos, deu entrevista à Rádio O POVO/CBN no Projeto Agir - Todos Contra o Coronavírus, na manhã desta quarta, 29
12:43 | Abr. 29, 2020
Autor Gabriela Feitosa
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Gabriela Feitosa Estagiária do O POVO Online
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Tipo Notícia

Para além de agredir os pulmões, como mostram estudos atuais de como o coronavírus afeta o corpo humano, as alterações clínicas da doença podem ainda ser de ordem renal, hematológica, gastroentérica e neurológica.

Quem alerta para essa descoberta é o médico reumatologista do Insituto São Carlos de Ensino e Pesquisa, Eyorand Andrade, em entrevista à rádio O POVO/CBN para programa AGIR - Todos Contra o Coronavírus, na manhã desta quarta, 29.

"Nós temos que segmentar em dois pontos: alterações mais comuns e evidentes, que se tornam mais graves, como o comprometimento pulmonar, que gerou um índice de óbito crescente. Mas não podemos esquecer que a Covid-19 pode levar o paciente a uma insuficiência renal, a uma alteração hematológica (estudos sanguíneos), alteração gastroentérica e últimos trabalhos mostram comprometimento neurológico central, onde supõe que até no futuro os pacientes que foram contaminados podem apresentar Parkinsonismo e Alzheimer", complemeta.

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Os estudos são preliminares. Segundo Eyorand, o número de publicações sobre Covid-19 passava dos 500 há dez dias - número que pode ter aumentado. Tudo isso, segundo ele, se deve ao fato da doença ainda ser, de certa forma, desconhecida pela comunidade médica. "A doença chegou de forma inesperada, uma turbulência extrema. Com o aparecimento da Covid-19, passou-se a ter publicações diversas, já que estávamos diante de uma doença inesperada, sem um aprofundamento científico de como ela se processa, quais sistemas do organismo são agredidos, porque isso é variável", acrescenta o médico.

Se as sequelas podem ser mesmo permanentes, só o tempo pode dizer, segundo o médico. Novos trabalhos científicos devem trazer detalhamento mais aprofundado. "Nós estamos enfrentando uma guerra, onde o inimigo surgiu de repente e teríamos que lançar mão de opções de tratamento. Eles [tratamento] ainda não estão oficializados, mas existem medicamentos com resultados promissores", conta.

Eyorand reforça que somente pesquisas clínicas podem trazer resultados concretos sobre os medicamentos atuantes no tratamento da Covid-19, mas elas demandam tempo e uma série de exigências - além da falta de incentivos em pesquisas brasileiras, como o reumatologista aponta: "No Brasil, o pesquisador sofre muito para desenvolver o seu trabalho. Mas mesmo com toda dificuldade já temos várias universidades e institutos desenvolvendo pesquisas sobre Covid-19. Nós sofremos pela falta de incentivo do governo, mas temos unidades do Brasil que são extremamente fortes para desenvolver sua pesquisa".

Para o reumatologista, ainda é incerto dizer se questões climáticas afetam diretamente a propagação do novo coronavírus - discussão conflituosa até nas publicações científicas. O que se sabe, por enquanto, é que o comportamento do SarsCoV-2 é semelhante tanto em países tropicais como o Brasil, quanto em lugares de temperaturas baixas. "Ainda há muito a se estudar, não só como ocorre profundamente a infecção viral, mas porquê ocorre, porquê ainda tem dúvida sobre a imunidade de pacientes que foram contaminados e podem se contaminar novamente. Tudo isso gera uma polêmica científica", explica.

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