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Novos sinais de esperança na Europa contra o vírus; Trump provoca polêmica sobre a OMS

Na Dinamarca, as crianças começaram a retornar para as escolas. Na Itália e Espanha, atividades começam a ser retomadas de maneira gradual
09:53 | Abr. 15, 2020
Autor AFP
Tipo Notícia

A Dinamarca se tornou nesta quarta-feira (15) o primeiro país europeu a reabrir as escolas, um sinal tímido de esperança na luta contra a pandemia de coronavírus, que segue em propagação nos Estados Unidos, cujo presidente Donald Trump abriu uma crise sobre o papel da OMS.

A Europa pode estar deixando para trás o pior da pandemia do coronavírus, já que a tendência de queda no número de mortes parece confirmada nos países mais afetados, como Itália e Espanha, onde as atividades começaram a ser retomadas de maneira gradual para oxigenar a economia.

Um total de 523 pessoas morreram nas últimas 24 horas na Espanha, o que elevou os óbitos no país a 18.579. O número de contágios, no entanto, subiu, após seis dias de queda.

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Na Dinamarca, as crianças começaram a retornar para as escolas, que precisam instaurar medidas de segurança, começando por uma distância de dois metros entres as mesas.

Alguns pais consideraram a reabertura precipitada e afirmaram que seus filhos não são "ratos de laboratório".

Quatro meses depois do surgimento do vírus na China, a pandemia matou mais de 125.000 e infectou mais de dois milhões de pessoas no mundo.

Mais da metade da população mundial permanece confinada, mas os primeiros países asiáticos que sofreram os efeitos da pandemia começam a dar mostras de retorno, aos poucos, à normalidade.

A Coreia do Sul, que conseguiu conter a epidemia graças a uma estratégia de testes em larga escala, organizou nesta quarta-feira eleições legislativas, com a medição da temperatura nos centros de votação e a disponibilização de locais especiais para os eleitores com febre.

"As pessoas mantêm o distanciamento e todos usam luvas", declarou Kim Gwang-woo, de 80 anos. "Está tudo bem organizado", completou.

Na outra face da moeda, os Estados Unidos registraram na terça-feira, 14, mais de 2.200 mortes, o balanço mais grave em apenas um dia para um único país, e acumula o pior balanço no mundo, com 25.700 óbitos.

"Somos os combatentes nos postos avançados (...) e não temos as armas nem a armadura para nos protegermos do inimigo", afirmou Judy Sheridan-Gonzalez, enfermeira de uma unidade de emergência de um hospital de Nova York, onde aumentam as críticas à falta de equipamentos de proteção para os profissionais de saúde.

Na América Latina, Guayaquil (Equador) sofre como nenhuma outra cidade do continente a força da destruição da pandemia.

"Não há espaço nem para vivos nem para mortos", declarou à AFP Cynthia Viteri, prefeita da cidade portuária, que está criando dois cemitérios adicionais.

"Marchamos para a guerra sem armas", resume uma enfermeira veterana de Guayaquil, infectada pela Covid-19, que já matou cinco profissionais da saúde na cidade.

"Não tínhamos o equipamento necessário quando isto (a epidemia) começou a devastar a Europa", lamenta a enfermeira, de 55 anos.

Trump anuncia suspensão de contribuição à OMS

 

China e União Europeia (UE) criticaram nesta quarta-feira o anúncio de Donald Trump de suspender a contribuição financeira dos Estados Unidos à Organização Mundial da Saúde (OMS), depois de acusar a instituição de ter acobertado a gravidade da epidemia na China.

O governo dos Estados Unidos é o maior financiador deste organismo da ONU, para o qual contribuiu com 400 milhões de dólares ano passado.

"Esta decisão vai reduzir a capacidade da OMS e minar a cooperação internacional contra a epidemia", lamentou Zhao Lijian, porta-voz do ministério chinês das Relações Exteriores

Não há nenhuma razão que justifique esta decisão em um momento no qual os esforços são mais necessários do que nunca", declarou o chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell.

Estas críticas se unem às declarações do secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que afirmou na terça-feira que a OMS é um instrumento "absolutamente essencial nos esforços do mundo para vencer a guerra contra a Covid-19".

Recessão econômica 

A crise de saúde abre o caminho para uma recessão que, segundo o Fundo Monetário Internacional (FMI), pode ser mais grave que a da Grande Depressão de 1929.

O "Grande Confinamento", que afetará sobretudo os países em desenvolvimento, provocará uma contração econômica global em 2020 de 3%, com um "grave risco" de ser ainda pior, segundo o FMI. Apenas China e Índia devem escapar da recessão este ano.

A Alemanha, motor da economia europeia, anunciou que está em recessão desde março e que deve prosseguir assim até "meados do ano".

Por este motivo, a reativação econômica é uma etapa primordial para os países europeus confinados há várias semanas.

O governo alemão deve anunciar novas medidas para flexibilizar as restrições, enquanto a Espanha retomou parcialmente o trabalho nas fábricas e no setor da construção. A Itália autorizou a reabertura limitada de alguns estabelecimentos comerciais.

A França tem uma data para começar a autorizar as saídas de casa e retomar progressivamente as atividades: 11 de maio.

Com a paralisação da atividade industrial mundial, a Agência Internacional de Energia (AIE) prevê um retrocesso da demanda de petróleo em 2020, de -9,3 milhões de barris por dia.

A queda histórica provocará o recuo do consumo mundial ao nível de 2012, de acordo com a AIE, que prevê uma recuperação "progressiva" no segundo semestre.

Em meio ao panorama mundial desolador, algumas imagens provocam esperança, como no Brasil, país mais afetado da América Latina pela pandemia, onde um militar de 99 anos se curou da doença e recebeu alta na quarta-feira, com direito a honras militares.

"Para mim foi uma luta tremenda, mais do que na guerra. Na guerra você mata ou vive, aqui você tem que lutar para poder viver, e saí desta luta vencedor", disse o segundo tenente Ermando Piveta, da Força Expedicionária Brasileira (FEB), emocionado, em um vídeo divulgado pelo Exército.

 

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