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Devido a pandemia do coronavírus, USP desenvolve câmara de ozônio para desinfecção e reuso de máscaras hospitalares

Proposta pode ajudar na desinfecção de protetores respiratórios, muito requisitados durante a pandemia do coronavírus
20:03 | Abr. 10, 2020
Autor do Jornal do Commercio
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Pesquisadores do Departamento de Física da Universidade de São Paulo (USP), campus de São Carlos, interior de São Paulo, criaram uma câmara de ozônio capaz de eliminar os vírus presentes em máscaras hospitalares, segundo o jornal O Estado de São Paulo. A proposta pode ajudar na desinfecção de protetores respiratórios, muito requisitados durante a pandemia do coronavírus. O equipamento passou pelos últimos testes na última quarta-feira (8).

Inédito, o equipamento, é capaz de esterilizar, a cada duas horas, até 10 mil máscaras, que podem ser reutilizadas. Devido a escassez de materiais, a mesma máscara chega a ser utilizada por até sete dias ou mais, com risco de contaminação. “A repetição do uso sem esterilizar é um problema que coloca em risco os profissionais da saúde, que neste momento são os que mais devem ser preservados”, informou o instituto, por meio da assessoria.

As máscaras de uso mais comuns nos hospitais, como equipamentos de proteção individual, são as chamadas TNT e PFF, com e sem filtros, inclusive a KN95, uma das mais requisitadas. Todos esses produtos s estão em falta no mercado mundial e a previsão é de que a demanda cresça muito, em função do avanço da pandemia.

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Os pesquisadores explicam que a escolha pelo ozônio é a melhor opção no momento. “O uso do UV (raio ultravioleta) pode não ser o mais indicado neste momento, pois os micro-organismos estão emaranhados na estrutura das malhas ou no filtro da máscara e o UV não penetra nestas regiões. O melhor, no momento, é o uso de ozônio, que é um gás de grande penetrabilidade e eficaz contra o vírus”, informou.

Sobre o ozônio

O ozônio, que é molécula reativa de oxigênio, é conhecido como um dos microbicidas de ação mais rápida contra bactérias e vírus. Sua ação oxidante destrói principalmente lipídios, proteínas e aminoácidos, sendo também bastante agressivo para material genético.

“Especialmente no vírus, o ozônio age oxidando a camada proteica que o protege como um envelope, modificando sua estrutura e destruindo completamente sua funcionalidade. Bactérias e fungos também não resistem ao ozônio”, dizem os autores do estudo. O inconveniente desse gás é que ele pode trazer problemas aos brônquios, se respirado em alta concentração.

Processo de descontaminação

No processo, é utilizada câmara compacta para fazer a descontaminação das máscaras a seco. As máscaras são colocadas em um saco de poliéster trançado e colocadas no interior do equipamento. Com a tampa hermeticamente fechada, o material passa por sete ciclos sucessivos de vácuos e atmosfera saturada de ozônio durante duas horas, até a descontaminação total. Em seguida, um sistema de exaustão retira o ozônio da câmara.

Como o processo acontece de forma automatizada, o único trabalho do operador é apertar o botão de liga e desliga. A câmara tem capacidade para desinfetar de 800 a 1 mil máscaras por ciclo. Outros equipamentos de proteção, como alguns tipos de luva, também podem ser descontaminados.

O Centro de Óptica e Fotônica do Instituto de Física de São Carlos, onde aconteceu o desenvolvimento da câmara de ozônio, recebe financiamento de órgãos de fomento à pesquisa, como a Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e o CNPq, e trabalha há mais de dez anos em processo de descontaminação de alimentos, órgãos para transplantes e infecções do trato respiratório.

Do Jornal do Commercio para a Rede Nordeste

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