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Associações de materiais recicláveis sofrem dificuldades durante pandemia

Organizações têm dependido de donativos para se manterem
12:13 | Abr. 10, 2020
Autor Redação O POVO
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Tipo Notícia

O governador Camilo Santana (PT) decretou que o isolamento social no Estado permanecesse até o dia 20 de abril. A medida, entre outras iniciativas, define que estabelecimentos considerados não essenciais, como restaurantes e bares, devem permanecer de portas fechadas. A medida procura combater o avanço do novo coronavírus no Ceará. Nesse sentido, representantes de associações que trabalham com a coleta de materiais recicláveis sentem os impactos da crise e cobram ajuda do Governo.

Na Sociedade Comunitária de Reciclagem de Lixo do Pirambu (Socrelp), as atividades estão suspensas. A presidente da associação, Janete Cabral, segue frequentando o espaço físico apenas para atender telefonemas. Ela explica que existem dúvidas sobre se as atividades da organização poderiam ou não continuar mas, por receio das consequências do decreto, prefere manter as portas fechadas. Com 16 catadores associados, o problema da falta de renda está sendo combatido aos poucos com doações de alimentos e materiais de higiene de instituições parceiras e moradores da região.

Além de contas de luz e água do espaço físico atrasadas, outra preocupação é levantada por Janete: “A gente trabalha com muito plástico e o material acumula água da chuva, aí vem o mosquito da dengue e a situação fica meio difícil. Nossa preocupação é com a segurança dos associados mas também com o mosquito. No dia a dia o material sai toda semana, mas estamos parado desde o dia 20 março”.

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Já a Associação Maravilha, do Bairro de Fátima, continua com as atividades por meio período. O expediente, antes das 8h às 16h, agora é finalizado às 11h. A presidente Maria de Fatima Albuquerque, mais conhecida como “Ronaldinha”, revela que a associação recebeu uma doação de equipamentos de proteção de uma empresa parceira de São Paulo, para que os 13 catadores associados tenham uma mínima segurança durante o trabalho.

“Diminuiu o preço do material e não estamos ganhando quase nada. Precisamos de parceiros que melhorem a situação. A gente gostaria de ter apoio dos nossos governantes para que eles olhassem mais pela classe do catador, que faz um papel muito importante”, destaca Maria.

Aos 66 anos e afastada da associação por ser do grupo de risco da Covid-19, a presidente explica que, além da necessidade de renda, não tem como parar as atividades da associação, já que semanalmente caminhões da Ecofor, empresa concessionária da Prefeitura de Fortaleza responsável pela coleta de lixo da cidade, descarrega no local material para reciclagem.

A Associação dos Agentes Ambientais Rosa Virginia também continua de portas abertas, apesar da diminuição em 70% da quantidade de material coletado. Antes da crise, eram comercializadas de 50 a 55 toneladas, quantidade que diminuiu para 20 toneladas em março. Para abril, a expectativa da presidente Musamara Mendes e que o número zere.

A proteção dos trabalhadores e feita por alguns itens de segurança, como máscaras e luvas, que estão longe de serem suficiente para os 20 catadores associados. A solução tem sido o uso de máscaras de tecido, além do recebimento de doações de alimentos por parte de moradores da região das coletas.

“A gente teve que reduzir a compra desse material dos catadores porque não estamos conseguindo vender. Não estamos conseguindo atender a todos”, lamenta Musamara. Além dos associados, são cerca de 60 catadores que buscam a associação para a venda do material. Buscando orientar esse grupo, a associação está organizando um momento para que todas essas pessoas tenham a documentação analisada e sejam cadastrados para receber o auxílio emergencial disponibilizado pelo Governo.

A Secretaria Municipal da Conservação e Serviços Públicos (SCSP) informa que os serviços da coleta pública domiciliar estão sendo realizados normalmente, dentro do cronograma prestabelecido para cada região, com os carros coletores passando, no mínimo, três vezes por semana em cada ponto, e os 70 Ecopontos também estão em pleno funcionamento na Cidade, oferecendo os benefícios do Recicla Fortaleza e E-Carroceiro.

Com relação às associações de coletores de materiais recicláveis, até o momento, por meio do Movimento Supera Fortaleza, uma ação da sociedade civil, apoiada pela Prefeitura de Fortaleza, já foram cadastrados um total de 153 catadores de 6 associações, que estão recebendo o benefício de uma cesta básica. As associações contempladas até o momento são: Socrelp, Aran, Ascajan, Brisamar, Raio de Sol e Maravilha.

O cadastramento das associações de coletores de materiais recicláveis ou de quaisquer grupos de população vulnerável continua em andamento pelo Movimento Supera Fortaleza, segundo a SCSP, e segue até o dia 15 de abril

Solidariedade

O Projeto de Inclusão Social e Produtiva de Catadores e Catadoras de Materiais Recicláveis, que promove a capacitação de 1.400 catadores em 94 municípios do Ceará, promove uma campanha de arrecadação para comprar cestas básicas e material de segurança para a categoria. As doações podem ser realizadas em qualquer valor por meio das informações: Banco Santander, agência: 3508, conta: 13002663-3, CNPJ: 08.918.421/0001-08, Fundação Astef.

Outra iniciativa de apoio à categoria é a campanha de financiamento online promovida pela ONG “Visões da Terra” para a arrecadação de renda mínima para 352 catadores. Até o momento da publicação desta matéria, foi arrecadado R$ 17.288. A meta da campanha é R$ 115.600.

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