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Ceará projeta 10 mil casos de coronavírus até maio

| PANDEMIA | Secretário afirma que as equipes se preparam há 60 dias para situação extrema, mas a estruturara da saúde do estado ainda não está pronta para todos os casos

Apesar de nenhuma comprovação científica sobre os dados, a Secretaria da Saúde do Ceará (Sesa) trabalha com o limite máximo de 10 mil casos confirmados do novo coronavírus (Covid-19) até maio. Nas últimas 24 horas, triplicou o número de infectados no Estado. No domingo à noite, foram três confirmações. No final da segunda-feira, 16, o boletim da Sesa informava nove acometidos pela enfermidade.

A base para a projeção do titular da Sesa é o número de infecções respiratórias por ano no Ceará. Segundo ele, 100 mil casos são registrados. 10% dessas ocorrências devem ser de coronavírus. "Vamos chegar a valores muito menores. A gente tende a fazer isso para superestimar e não negligenciar o atendimento do que pode acontecer”, justificou o titular da Sesa, Carlos Roberto Martins Rodrigues Sobrinho, Dr Cabeto.

Questionado se os cálculos não seriam rasos, o secretário afirmou que trabalha baseado na realidade de outros países, apesar das realidades distintas. “Alguns têm adensamento populacional alta. É melhor arriscar valores bem altos e estruturar o estado para isso”, comentou o secretário após fala na plenária da Assembleia Legislativa do Estado.

Segundo ele, hoje, o estado não está preparado para a situação. Mas as equipes se preparam há 60 dias para receber a demanda de forma adequada. “Nós tínhamos uma rede de saúde já sobrecarregada. Se isso acontecer (10 mil casos até maio), nós vamos mudar o perfil dos hospitais. Separar os perfis de urgência e as unidades hospitalares desocupadas. Nós já vamos deixar tudo isso pronto”.

Especialista em modelagem de epidemias, Silvio Ferreira pede cautela ao projetar casos de contágio durante pandemias. O especialista frisa que é difícil fazer esse tipo de diagnóstico. Ele frisa ser comum o crescimento exponencial no início de epidemias. Principalmente, quando nenhuma medida preventiva é tomada.

Para o professor da Universidade Federal de Viçosa, do estado de Minas Gerais, o que pode ser feito é uma projeção de qual risco de infecção de cinco ou seis dias. Quanto aos casos registrados no Ceará, ele reafirma que as pessoas infectadas podem ter passado o vírus para outras pessoas, mas elas ainda estarem assintomáticas. Geralmente, a população mais jovem.

“Um dos meus orientandos de doutorado está liderando para o Brasil uma projeção. O trabalho é realizado por colaboradores e voluntários. Pelo fato de precisarmos de dados precisos, estamos acompanhando as informações das secretarias e notícias”, revela ao comentar sobre a subnotificação dos dados do Ministério da Saúde. Apesar disso, ele reconhece que os dados usados são pequena parte da realidade.

Conforme o especialista, dentre as variáveis, o modelo deve levar em conta a mobilidade pendular: quando o sujeito trabalha em uma região e mora em outra. Além da estrutura da idade, destacando o risco de infecção em diferente faixas etárias. Além do tempo de incubação do vírus.

 

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Com informações da repórter Gabriela Almeida/Especial para O POVO


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