Caso Padilha gera apreensão no Planalto
No Planalto, auxiliares do presidente Michel Temer afirmam, em conversas reservadas, que Padilha também pode ser alvo das delações de executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht à força-tarefa da Operação Lava Jato. O ministro é o braço direito de Temer e um dos responsáveis por articular a votação de assuntos de interesse do Planalto no Congresso, como a reforma da Previdência.
O Estado revelou que Padilha alega ter direito, "por usucapião", a uma área de 1.929 hectares, no litoral gaúcho. A disputa do chefe da Casa Civil com integrantes da família Perdomini, que alegam ter comprado o terreno - equivalente a 12 parques do Ibirapuera, em nome da Edusa Edificações Urbanas - virou caso de polícia.
Ontem o líder do governo na Câmara, André Moura (PSC-SE), minimizou as denúncias envolvendo o ministro da Casa Civil. "Padilha continua gozando da confiança do presidente Temer e de todos os partidos da base aliada", disse Moura.
'Gravíssimo'
A oposição aproveitou o caso Padilha - após a queda do ex-ministro da Secretaria de Governo Geddel Vieira Lima - para voltar a carga a carga contra outro ministro com assento no Planalto.
O líder da oposição no Senado, Lindbergh Farias (PT-RJ), criticou Padilha, acusado de grilagem no Rio Grande do Sul. "São muitas denúncias contra ele. Esse caso é gravíssimo. Um ministro da Casa Civil envolvido com grilagem? Onde chegamos?", questionou o senador petista.
Lindbergh destacou a acusação revelada pelo Estado de que Padilha, então deputado federal, teria pedido a interferência do ex-ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, para suspender projetos no local por meio da Empresa de Pesquisa Energética (EPE). Para o líder da oposição, Padilha pediu ajuda de um ministro para resolver uma questão que envolvia os seus interesses comerciais.
Segundo um dos vice-líderes do PT da Câmara, Henrique Fontana (RS), Padilha deverá ser o próximo a deixar o governo Temer por denúncias de irregularidades. "Há indícios bastante contundentes de que Padilha mistura negócios privados com a sua função pública".