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Espetáculo "Barracal" ganha encenação gratuita no Cineteatro São Luiz

A montagem une os textos de Carolina Maria de Jesus e músicas de Cartola para falar sobre a vida na favela
16:36 | Mar. 20, 2019
Autor Danielber Noronha
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Tipo Notícia

A extinta favela de Canindé, onde hoje estão situados os bairros da Zona Leste de São Paulo, já viveu uma das mais importantes escritoras brasileiras. Negra, pobre e favelada, Carolina Maria de Jesus usava cadernos achados no lixo para registrar os infortúnios e o cotidiano dos moradores da favela. Os escritos de Carolina Maria, que ganharam o mundo com o livro “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”, serão relembrados no palco do Cineteatro São Luiz, com o espetáculo “Barracal”.

O livro publicado em 1960 foi adaptado para o teatro, e estreará nos moldes de uma montagem cênica, neste sábado, 23, com acesso gratuito, no equipamento situado na Praça do Ferreira. “Barracal” pinça relatos da obra da escritora e costura com uma figura bastante representativa na cultura popular: o cantor e compositor Cartola. “Pensei em fazer uma dramaturgia ligando os dois, que têm histórias parecidas. Muitas pessoas que vão querer ir ao teatro por causa dele, e acabarão conhecendo um pouco sobre Carolina Maria”, foi o que apostou Andréia Pires, que assina a direção da montagem.

Apesar de ressaltar que Carolina Maria também escreveu músicas contando suas histórias, Andréia pondera que o fato de criar um espetáculo musicado, a partir das composições de Cartola, fazem com que o trabalho alcance mais pessoas. Além de ressaltar um traço da personalidade da escritora, que não queria ser vista como pessoa triste. Quem assina a direção musical é Pedro Madeira, responsável por fazer o recorte na obra com músicas de Cartola que dialogam com o “Quarto de Despejo: Diário de uma Favelada”.

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Na produção, está envolvido um grupo de 23 pessoas, contando com atores, bailarinos, músicos e pesquisadores, que, segundo Andréia, ou têm relação com Carolina ou com os temas abordados durante a montagem. Entre as atrizes, estão Luiza Nobel e a paulista Larissa Goes.

Para o espetáculo, Andréia diz não se tratar de produzir arte sobre esses temas, mas de trabalhar por dentro deles. "Para além de não termos nas mãos ferramentas suficientes para trabalhar tanto com algo que passa pelas questões abordadas, quando se coloca um tema sobre o trabalho, acaba ficando voltado para determinado público, sendo que a abordagem que colocamos é bem mais expandida”, distingue.

A diretora levanta também que a peça nasce com o mesmo ideal dos anseios de Carolina. Se, por um lado, a escritora mineira queria que pessoas de fora da favela conhecessem o lugar, a produção de "Barracal" também anseia por chegar a vários espaços. “Temos o desejo de que muitas pessoas que não foram ao teatro, possam ir até lá. É muito difícil chegar nessas pessoas, mas um dos motivos da peça ser gratuita é exatamente para isso”, destaca Andréia.

Serviço

Espetáculo Barracal

Quando: sábado, 23 de março, às 19 horas

Onde: Cineteatro São Luiz (rua Major Facundo, 500 – Centro)

Acesso gratuito

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