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Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba acontece em Fortaleza neste sábado

09:36 | Nov. 22, 2018
Autor Bruna Forte
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Bruna Forte Repórter
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"Arte popular do nosso chão/ É o povo quem produz o show e assina a direção". Ao som da canção Coisa de Pele, cerca de 150 mulheres sambistas - entre percussionistas, ritmistas e cantoras - se reúnem no célebre Largo da Mocinha para o Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba neste sábado, 24. Gratuito, o evento acontece simultaneamente em várias cidades brasileiras e internacionais. Em Fortaleza, a programação está dentro do Sábado Feira e conta com um diferencial: além da roda de samba, baterias de cinco blocos carnavalescos abrem o encontro com muito gingado e animação.

 

Idealizado pela cantora e radialista carioca Dorina Barros, conhecida como Guerreira do Samba, o projeto tem o objetivo de reunir instrumentistas de localidades diversas para provar que o samba é, sim, feminino e plural. Além de Fortaleza, as cidades que participam desse grande encontro são Salvador (BA), Maceió (AL), Recife (PE), Juiz de Fora(MG), Belo Horizonte (MG), Brasília (DF), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ), São Paulo e Sorocaba (SP), Londrina (PR) e La Plata, na Argentina.

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"Muita gente me pergunta o motivo de fazer uma roda de samba só de mulheres. Mesmo o samba sendo um espaço de luta e resistência, eu sentia falta dessas mulheres que tocam no Pré-Carnaval, ensaiam o ano inteiro e vivem o dia a dia do ritmo na Cidade e não estavam nas rodas de samba", reflete a produtora cultural e sambista Michele Militão. Ao lado da produtora musical Micaela Gomes e de outras companheiras de batuque, Michele é a articuladora do Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba na Capital.

 

A programação começa logo às 14h30min com a apresentação das ritmistas dos blocos Camaleões do Vila, Baqueta, Unidos da Cachorra, Caciques do Urubu e Bonde Batuque. Professora universitária e sambista nos finais de semana, Mariana Vale é uma das musicistas integrantes das baterias. "Eu acho maravilhoso esse momento. Quem é mulher e que tá no mundo do samba, principalmente nos instrumentos, sabe que tem um olho torto ainda. Eu tenho orgulho de ser mulher e de ser respeitada enquanto tal", afirma a diretora de tamborim da Unidos da Cachorra.

 

Carol Grangeiro, tamborinista e diretora do Camaleões do Vila, concorda com a crítica de Mariana e reforça a importância histórica do evento. "É como se o lugar da mulher no samba fosse sempre o da passista, mas a gente tá começando a ocupar nosso canto e crescer". A homenageada do Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba é a carioca Beth Carvalho, que orgulhosamente ostenta o merecido título de Madrinha do Samba. "Pra mim, Beth Carvalho é o nome feminino do samba no Brasil. Ela está doente e continua fazendo shows, até mesmo deitada em uma cama. É um exemplo", completa Carol.

 

Em Fortaleza, a roda de samba fica por conta do grupo de sambistas e compositoras SambaDelas. Com um ano de existência, o projeto é formado apenas por mulheres e se apresenta semanalmente na Praia de Iracema com um repertório repleto de sambas de raiz. A abertura da roda acontece às 17 horas em todas as cidades com transmissão ao vivo, mas as musicistas começam tocar às 16 horas em Fortaleza por causa do horário de verão.

 

Membro do SambaDelas e de outros grupos em toda a Cidade, a sambista Marilene Sales é considerada a madrinha do samba cearense por seus pares. "Eu tenho 56 anos de idade e comecei no samba muito cedo, ainda com 15 anos. Já nasci do reduto, ali na Praia de Iracema, e o samba resolveu se tatuar no meu sangue. Eu sou sambista assim com um orgulho imensurável, eu amo, amo o samba. Sem ele, eu nada seria", emociona-se Marilene. Cantora, ela leva toda sua experiência para o SambaDelas neste sábado.

 

"O samba tem grandes mulheres, como Dona Ivone Lara, Alcione, Jovelina Perola Negra, Clementina de Jesus, Clara Nunes e a própria Beth Carvalho. A nova geração também não deixa o samba morrer, como a Mariene de Castro. O samba é amor, o samba é harmonia, o samba é alma do Brasil, o samba é o samba. Neste sábado, eu já sei que vou me arrepiar e chorar", conclui Marilene.

 

Encontro Nacional de Mulheres na Roda de Samba 

 

Quando: Sábado, 24

14h30min: Ritmistas Femininas dos Blocos do Pré Carnaval de Fortaleza, Unidos da Cachorra, Camaleões do Vila, Baqueta, Caciques do Urubu e Bonde Batuque.

16 horas: SambaDelas

Onde: Largo Da Mocinha (rua Padre Climério, 140 - Praia de Iracema)

Gratuito

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