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Companhia Armazém de Teatro apresenta nova adaptação de "Hamlet"

Celebrando 30 anos de carreira, Patrícia Selonk interpreta personagem de Shakespeare, em adaptação da Companhia Armazém de Teatro que chega a Fortaleza
10:22 | Ago. 30, 2018
Autor Ivig Freitas
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Há algo de podre no reino da Dinamarca. Uma disputa com a Noruega, a iminência de uma invasão e uma Corte mergulhada em corrupção, traição e vingança. Quatro séculos depois, revisitar o enredo de Hamlet faz parecer que o homem mudou pouco ou quase nada desde então. Em busca de um Hamlet de nosso tempo, a Companhia Armazém de Teatro, em sua mais recente adaptação, apresenta uma nova versão do príncipe dinamarquês: fragmentado, cheio de fúria e completamente envolto por conflitos contemporâneos.

Nesta releitura, no entanto, o protagonista ganha vida em uma mulher: Patrícia Selonk. "Descobrir o personagem no meu corpo foi como tirar o pó das palavras do Shakespeare", define a atriz. Ela conta que o maior desafio vivido no palco tem sido interpretar a violência no corpo de Hamlet. Isso porque estas cenas envolvem personagens femininas, a exemplo da noiva Ofélia e a mãe Gertrudes. "Querendo ou não, trata-se de uma atriz diante de outra, tentando exprimir um ato violento. Isso nos faz refletir sobre questões muito atuais, mas a partir de outros ângulos", explica.

Paulo de Moraes, que coordena a direção da peça, faz questão de lembrar que a escolha da atriz não foi proposital. "Patrícia foi se apropriando da personagem de uma forma muito natural e a gente foi vendo como isso era envolvente. O resultado é uma poesia sem pompa, que, mesmo ácida, comunica sem perder a beleza". Para a atriz, interpretá-lo também é abrir caminho para que outras mulheres ganhem protagonismo nos palcos. "Eu quero que seja inspirador para outras atrizes. Os rostos mais famosos do teatro são homens, e ainda há pouco espaço para o feminino. Minha responsabilidade é com isso também".

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Patrícia, que celebra 30 anos de carreira, atribui à tradução do texto à construção de um diálogo muito direto e claro com o público, que em nenhum momento deixa de ser sofisticado: "Quisemos fugir da linguagem arcaica de outras adaptações". Sobre recepção da peça pelo público, Patrícia e Paulo concordam: o melhor ainda é ver como Hamlet foi popular e permanece sendo. "Para nós, é como perceber que o teatro ainda pode ser transformador ao projetar novas formas de pensamento", finaliza.

Foram sete meses de pesquisa da Companhia antes de sair em turnê por oito cidades do país. "Passamos esse tempo buscando o recorte exato que daríamos para a narrativa. Só depois entraram em cena corpo, carne e ação", recorda a atriz. Hamlet é uma das mais conhecidas histórias de vingança levada aos palcos. Na adaptação de Paulo de Moraes, a utilização do espaço e a dinâmica do corpo, voz e pensamento dos atores são elementos que norteiam a narrativa. O grupo apresenta-se em Fortaleza nos dias 31 de agosto e 1 e 2 de setembro, no Teatro Dragão do Mar.

Paulo descreve que, na montagem, a loucura encenada por Hamlet transpõe os palcos. "À medida em que ele adentra nesta espiral de vingança, a narrativa aponta para uma atualidade indiscutível presente em toda a obra shakespeariana", pondera. Hamlet retorna aos palcos como um espetáculo tão inesgotável quanto atemporal. O príncipe dinamarquês vive uma busca incessante pelo autoconhecimento, enquanto se vê envolto em uma rede de mentiras. A condição feminina, nesse sentido, faz parte da busca de uma contradição e encarna um humano destrutivo e sedento de si mesmo. Desvairado, atormentado e letal, Hamlet se apresenta, assim, em diferentes facetas.

 

Hamlet (Da obra de William Shakespeare)

Onde: Teatro Dragão do Mar (rua Dragão do Mar, 81 - Praia de Iracema)

Quando: sexta, 31 e sábado, 1º, às 20 horas. Domingo, 2, às 18 horas

Quanto: R$ 40 (inteira) e R$ 20 (meia)

Classificação: 16 anos

Informações: (85) 3488 8600

 

Eles por elas

 

Rita Lee

Tanta estrela por aí... (1992) tem produção de Tadeu Knudsen e mostra como Raul Seixas foi confundido como impostor de si mesmo, quase linchado pelo público e indo parar na delegacia. O curta-metragem conta com a participação de Rita Lee interpretando o próprio Raul Seixas.

 

Cate Blanchett

Do diretor Todd Haynes, Não está lá é uma biografia nada convencional que se baseia nas lendas por trás de Bob Dylan. Ao construir um painel controverso em torno da vida do cantor, o filme traz a atriz Cate Blanchett no papel Bob Dylan.

 

Bruna Lombardi

Em minissérie baseada na clássica obra de Guimarães Rosa, Riobaldo e Reinaldo (Diadorim) são amigos de longa data e vivem no sertão de Minas Gerais. Diadorim, no entanto, esconde um segredo. O fato de ser mulher. A personagem é vivida pela atriz Bruna Lombardi.

 

Gwyneth Paltrow

Viola De Lesseps, vivida por Gwyneth, tem o sonho de ser uma grande atriz, o que é considerado proibido para a época. Perseguindo seu sonho, ela se disfarça de homem e entra para a companhia de teatro das peças de William Shakespeare, no filme Shakespeare Apaixonado (1998).

 

 

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