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"Sonhar faz parte do meu processo criativo", revela Agualusa

O artista palestrou no quarto dia do Festival Vida & Arte, na noite deste domingo
20:10 | Jun. 24, 2018
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“Escrever é um ato de grande prazer”, revelou o escritor angolano José Eduardo Agualusa, que palestrou para o público no quarto dia do Festival Vida & Arte, no Centro de Eventos do Ceará. O evento ocorreu na noite deste domingo, 24.

Agualusa estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, mas a carreira se deu mesmo pela escrita, como jornalista e contador de histórias literárias. Os seus livros estão traduzidos em 25 idiomas. Senhor do mundo, o artista veio à Fortaleza falar das suas obras e da língua portuguesa.

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Ao público que apreciou a entrevista aberta, o autor africano revelou ainda que os sonhos são a base das criações. É de lá que toma nota das histórias que depois irão ganhar as páginas de mais uma produção. “Sonhar faz parte do meu processo criativo. Quando vou dormir, também vou trabalhar”, pontua.

Respondendo perguntas do público sobre a aproximação cultural e social entre Brasil e Angola, Agualusa revelou que sempre teve uma ligação muito forte com a cultura brasileira. “A memória brasileira são dos tios que chegavam falando de forma diferente”, brincou.

Embora com a ligação sanguínea brasileira, o autor teve o primeiro contato direto com o País por meio dos livros, da música, do cinema e do teatro. “Quando cheguei (ao Brasil), já conhecia. Não foi estranho pra mim”, disse, ao explicar a sensação de ter morado no Brasil, na cidade do Rio de Janeiro.

O autor de “O Vendedor de Passados” reforça que todo escritor é um “grande leitor” e que por isso continua se surpreendendo com Eça de Queiroz e Machado de Assis. O primeiro autor brasileiro a que teve acesso, acrescenta, foi Jorge Amado.

Agualusa criticou ainda o preço dos livros que, segundo ele, tem aumentado nos últimos anos, o que tem prejudicado o trabalho das editoras angolanas. As bibliotecas públicas são as melhores opções para a difusão das obras e da língua portuguesa, reforçou o artista.

Biografia

José Eduardo Agualusa [Alves da Cunha] nasceu no Huambo, Angola, em 1960. Estudou Silvicultura e Agronomia em Lisboa, Portugal. Os seus livros estão traduzidos em 25 idiomas. Escreveu várias peças de teatro: "Geração W", "Aquela Mulher", "Chovem amores na Rua do Matador","A Caixa Preta" e o "O terrorista elegante", as três últimas juntamente com Mia Couto.

Beneficiou de três bolsas de criação literária: a primeira, concedida pelo Centro Nacional de Cultura em 1997 para escrever Nação crioula, a segunda em 2000, concedida pela Fundação Oriente, que lhe permitiu visitar Goa durante 3 meses e na sequência da qual escreveu Um estranho em Goa, e a terceira em 2001, concedida pela instituição alemã Deutscher Akademischer Austauschdienst. Graças a esta bolsa viveu um ano em Berlim, e foi lá que escreveu O Ano em que Zumbi Tomou o Rio.

No início de 2009, a convite da Fundação Holandesa para a Literatura, passou dois meses em Amsterdam na Residência para Escritores, onde acabou de escrever o romance Barroco tropical. Escreve crônicas para o jornal brasileiro O Globo. Realiza, para a RDP África "A hora das Cigarras", um programa de música e textos africanos. É membro da União dos Escritores Angolanos.

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