'É o maior filme que já fizemos na Disney', diz diretor de 'Zootopia 2'

Em entrevista ao O POVO, Byron Howard e Yvett Merino contam sobre o impacto de "Zootopia 2", sequência do mais novo sucesso da Disney.

11:54 | Dez. 23, 2025

Por: Arthur Gadelha
Na fábula de ‘Zootopia 2’, as cobras lutam por justiça (foto: Walt Disney Animation Studios/DIVULGAÇÃO)

Com calendário preenchido de longas já familiares ao grande público como Avatar”, “Superman”, “Quarteto Fantástico”, “Jurassic Park e Missão Impossível”, o grande sucesso americano de bilheteria em 2025 foi um filme de animação.

Quase 10 anos depois que Zootopia chegou aos cinemas, em fevereiro de 2016, a Disney voltou ao universo da cidade utópica onde animais de diferentes espécies, habitats e tamanhos podem conviver pacificamente. Diante da fábula de uma sociedade refém do preconceito estrutural contra a existência das cobras, essa história finca ainda mais seu pé nos conflitos do mundo real.

“A gente, honestamente, esperava por isso”, conta o diretor Byron Howard, em entrevista ao O POVO, sobre suas expectativas para o grande sucesso do filme. Arrecadando mais de US$ 1 bilhão em bilheteria mundial com menos de um mês de lançamento, já é certo dizer que a atenção do público a “Zootopia 2” entrou para a história.


Confira a entrevista com os diretores Byron Howard e Yvett Merino

O POVO - O filme se tornou a maior abertura de bilheteria da história para uma animação. Por que vocês acham que o público se conectou tão fortemente com essa nova história?

Yvett Merino - Bom, eu acho que o primeiro filme fez um ótimo trabalho ao construir esse mundo no qual as pessoas conseguiam se ver refletidas. Então, ao chegarmos ao segundo filme, queríamos apenas continuar a história da Judy e do Nick e da relação entre eles. O que eu amo no mundo de Zootopia é que ele reflete o nosso mundo humano, mas, por serem animais, personagens que não se parecem conosco, as pessoas conseguem se conectar de uma forma totalmente diferente. Elas podem se enxergar ou enxergar pessoas que conhecem nesses personagens, algo que talvez seja mais difícil em uma história só com humanos. Com animais, você pode ser qualquer animal que quiser.



Byron Howard - A gente honestamente esperava isso, porque as pessoas amaram muito o primeiro filme e isso colocou uma grande pressão sobre nós. Nós também amamos o primeiro filme. Queríamos estar à altura dele e, idealmente, fazer o que as melhores sequências fazem: superar o original.

Para isso, é preciso ir a novos lugares, conhecer novos personagens e aprofundar os que já existem. Olhamos muito para grandes sequências do passado. "Star Wars: O Império Contra-ataca" foi uma referência constante para nós. Eu tinha uns 12 anos quando vi, e aquilo explodiu a minha cabeça, porque era tudo o que eu não esperava: novas relações, novos lugares, novas camadas daquele universo.

Eu amo o roteiro ambicioso que o Jared Bush escreveu para este filme e adoro para onde ele levou Nick e Judy. Aquela conversa no topo do muro, aquele excesso de emoção compartilhada, é uma cena-chave em um filme gigantesco, o maior que já fizemos na Disney Animation em 100 anos, sem exagero. Mas tudo se resume a uma conversa simples entre duas pessoas que realmente se importam uma com a outra. Eu amo isso. Acho que há algo muito bonito e ambicioso ao mesmo tempo, muito emocional e pessoal, no que ele escreveu.

O POVO - O mundo mudou muito desde 2016, ano do primeiro filme, e Zootopia continua sendo um filme político, que fala diretamente com a sociedade. As mudanças sociais desta década, em torno de inclusão e diversidade, também influenciaram o filme? Ou essa história já existia naquela época?

Byron Howard - Essas coisas chegam até nós de forma muito orgânica. Mesmo no primeiro filme, o conflito entre predadores e presas começou a partir de pesquisas sobre animais, comportamento animal, e de pensar logicamente como uma cidade funcionaria e quais problemas eles enfrentariam juntos.

Eu gosto do fato de que esses filmes, por mais bobos que possam ser às vezes, também conseguem funcionar como um espelho da nossa sociedade. Muitas das questões que o filme aborda hoje têm origem em problemas que vêm de décadas ou até séculos atrás.

Há algo nessas diferenças que os animais enfrentam no filme, tentando resolver algo que está fora de equilíbrio há muito tempo.

A gente entende que o público quer essa camada a mais, eles procuram por isso e esperam isso desses filmes. Mas também é nosso papel não repetir sempre a mesma mensagem e colocar a emoção e a narrativa em primeiro lugar, antes de qualquer tipo de discurso.

O POVO - Nesta temporada, Zootopia divide espaço com filmes falados em coreano, francês e japonês. Como é fazer parte desse momento global que a indústria cinematográfica americana está vivendo?

Yvett Merino - Eu acho isso extremamente empolgante. É incrível ver como a indústria do cinema e as histórias estão vindo de todas as partes do mundo. Isso realmente reflete o mundo em que vivemos. Ouvir histórias diferentes me inspira muito, assim como os filmes que refletem essa diversidade do nosso tempo. O fato de Zootopia fazer parte dessa conversa é algo muito humilde e inspirador para nós.