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Pré-Carnaval dos amores curtos aos eternos

Segundo fim de semana do Ciclo Carnavalesco de Fortaleza anima e enamora foliões na Praça da Gentilândia
22:40 | Fev. 11, 2019
Autor Wanderson Trindade
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Wanderson Trindade Repórter
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Tipo Notícia

Existe época ideal para se apaixonar? Se alguém arriscar a responder, dificilmente vai lembrar do Carnaval como o período do ano mais propício para o romance. Pobre mortal seria quem ousasse pensar nisso. Certamente, essa resposta estaria condicionada ao desconhecimento do clima e da energia exalados pelos foliões fortalezenses, os quais em meio ao glitter e a bebidas baratas se apaixonam e se deixam enamorar por pessoas conhecidas ou nem tanto assim.

É o caso do trio de amigos Juliana Pereira, 25, Daniel Ximenes, 22 e Saturnino Sampaio, 20, que curtiram juntos, no último sábado, 9, o Pré-Carnaval na Praça da Gentilândia, no bairro Benfica. Em noite animada pelo som do bloco Meu Prazer, os três estavam solteiros, sem ainda ter beijado uma boca sequer – pelo menos até o momento em que conversaram com O POVO.

“Na verdade, eu estou só à procura de curtição mesmo, da vibe e do momento com os amigos”, disse a moça, que teve a fala ponderada por Daniel. “Mas o que vier a acontecer já vai ser ótimo”, gracejou, deixando escapar um sorriso de canto de boca. Saturnino seguiu na mesma pegada e informou: “E eu estou apto a qualquer coisa”. Todos gargalharam em uma só voz ao brindar, em copos descartáveis, um vinho de no máximo R$ 10 comprado nas banquinhas ali perto.

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Ao caminhar pela famosa praça, recanto de universitários e da juventude da Capital, difícil é não presenciar as trocas de olhares e palavras no jogo da sedução entre os foliões. Abraçados, Helano Rodrigues, 28, e Ítalo Souza, 18, destacaram a organização e a segurança do local, reforçada por agentes que transitavam em meio à folia.

“É a terceira vez que participo do Carnaval de Fortaleza. As bandas são sempre muito boas e multiculturais”, declarou Jefthael. Ítalo disse acreditar que o clima carnavalesco talvez tenha aumentado a aceitação das mais diversas manifestações de amor. “Eu sinto que as pessoas estão mais abertas, principalmente ao público LGBT”, assegurou. Com a canção “Me abraça” – famosa na voz da Banda Eva – como fundo musical, ambos revelaram que estavam apenas “se conhecendo”. Continuaram abraçados, sorrindo.

Dona Argentina Meneses e seu neto Nelton Meneses durante Pré carnaval na Praça da Gentilândia
Dona Argentina Meneses e seu neto Nelton Meneses durante Pré carnaval na Praça da Gentilândia (Foto: FABIO LIMA)

De cara negando a efemeridade do já conhecido e julgado “amor de Carnaval”, Maria do Carmo, 59, e Ronaldo Martins, 64, estavam com os braços entrelaçados quando avisaram que gostavam muito desta época. Com matrimônio há 36 carnavais, o casal não foi à Gentilândia sozinho, mas sob a companhia do filho, Felipe Martins, 31. Ele contou que desde os dez anos de idade é levado pelos pais para curtir bloquinhos, seja nas praias, seja nas praças da Cidade. “Para mim, Carnaval é festa em família”, anunciou.

O Ciclo Carnavalesco é plural, múltiplo e para todas as pessoas. De acordo com a dona Argentina Meneses, 80, também pode ser momento de amor para além da vida. Ela esteve na Praça da Gentilândia acompanhada de filhos, netos, noras, amigos, “periquito e papagaio”. Único que faltou presencialmente foi o marido, José Augusto de Meneses, que faleceu há cerca de dois meses, aos 81 anos. Sua presença, no entanto, pôde ser sentida nas declarações tecidas pela eterna companheira de folia.

“Mas ele gostava mais de Carnaval do que eu. Então eu vim para homenageá-lo”, noticiou ao pé do ouvido, gesto que denunciou a audição já desgastada pelo tempo. “Desde que meu marido se foi, eu fiquei muito triste, deprimida e em casa. Daí meus netos resolveram me trazer para todos os Pré-Carnavais”, declarou. Enquanto todos à sua volta pulavam e gritavam, dona Argentina curtiu o segundo fim de semana do Pré-Carnaval de Fortaleza envolvida pelo carinho do neto Nelton Meneses.

 

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