Morre aos 70 anos Björn Andrésen, ator de 'Morte em Veneza'

Ator sueco ficou conhecido mundialmente pelo papel de Tadzio, em "Morte em Veneza", e teve a vida marcada pelo peso da fama precoce

15:44 | Out. 27, 2025

Por: Carolina Passos
Ícone de Visconti, Björn Andrésen morre aos 70 anos na Suécia (foto: Mantaray Film/divulgação)

O ator e músico sueco Björn Andrésen, conhecido mundialmente por seu papel em “Morte em Veneza” (1971), morreu no sábado, 25, aos 70 anos.

A informação foi confirmada nesta segunda-feira, 27, pela diretora Kristina Lindström, que codirigiu documentário sobre a trajetória do artista, intitulado “O Garoto Mais Bonito do Mundo” (2021). A causa da morte não foi divulgada.

Leia Também | Quem era Vanessa Rios, ex-Forró do Muído que morreu aos 42 anos

A fama de Andrésen começou cedo, aos 15 anos, quando foi escolhido pelo cineasta Luchino Visconti para interpretar Tadzio, o adolescente cuja beleza inspira a obsessão do protagonista vivido por Dirk Bogarde, na adaptação do livro homônimo de Thomas Mann.

A atuação consagrou o jovem ator e o transformou em um ícone mundial, marcado pelo apelido que o acompanharia por toda a vida: “o garoto mais bonito do mundo”, expressão usada pelo próprio Visconti durante a estreia do filme.

Björn Andrésen tornou-se símbolo da beleza idealizada no cinema, mas lutou contra os traumas deixados pela fama

O sucesso, porém, teve um custo alto. Em diversas entrevistas, Andrésen relatou o impacto emocional da fama precoce e o assédio que enfrentou após o lançamento de “Morte em Veneza”.

“Durante as filmagens, tudo parecia bem. Mas, depois, me senti como uma presa lançada aos lobos”, contou em depoimentos.

Em 2021, ao jornal “The Guardian”, ele afirmou que a experiência “arruinou sua vida” e criticou o ambiente da indústria cinematográfica, chamando-o de “um ninho de predadores culturais”.

Relembre trajetória de Björn Andrésen

Nascido em Estocolmo em 26 de janeiro de 1955, Andrésen teve uma infância marcada por tragédias pessoais. Criado pelos avós após o suicídio da mãe, ele encontrou na música e no cinema uma forma de expressão.

Mais tarde, seguiria carreira também como pianista, embora jamais tenha conseguido se desvincular completamente da imagem associada ao personagem que o eternizou.

Décadas após o sucesso inicial, Andrésen voltou às telas em “Midsommar” (2019), filme de terror dirigido por Ari Aster, no qual interpretava um idoso chamado Dan.

Dois anos depois, sua história seria revisitada no documentário “O Garoto Mais Bonito do Mundo”, dirigido por Kristina Lindström e Kristian Petri, que expôs as consequências da fama e a vulnerabilidade por trás do ícone de beleza idealizada.

Segundo o jornal sueco Dagens Nyheter, a morte de Björn Andrésen foi confirmada por Kristian Petri, que destacou a sensibilidade e a complexidade do ator.

“Ele carregou uma beleza que o mundo admirou, mas também um fardo que poucos entenderam”, afirmou o diretor.