Remake de clássico do PlayStation 2 retorna com visuais impressionantes
"Metal Gear Solid Delta" é a versão definitiva de um dos capítulos mais icônicos da franquia de Hideo Kojima
“Metal Gear Solid Delta: Snake Eater” chega ao PlayStation 5 e demais plataformas como uma releitura fiel de um dos maiores clássicos da história dos videogames. A primeira impressão é a sensação de estar diante de um jogo que respeita profundamente sua essência, mas que recebeu um polimento gráfico e algumas melhorias de jogabilidade e em seus sistemas de jogo que facilitam a vida do jogador moderno. Trata-se de uma experiência que, ao mesmo tempo, soa nostálgica e atual.
A trama do título permanece intocada e ainda hoje é uma das mais fortes do universo dos games. Snake, o protagonista, é retratado como um soldado humano, falho e até ingênuo em certas situações, o que o torna mais próximo do público. O enredo, com toques de espionagem e dilemas pessoais, lembra produções como filmes de James Bond e da franquia Missão Impossível, mas com um tom mais reflexivo e crítico em relação à guerra. Personagens como The Boss e Volgin são complexos e marcantes, o que garante impacto emocional até o desfecho.
O controle é um dos pontos que mais chamam atenção em Metal Gear Delta. A versão oferece duas opções ao jogador: o estilo clássico, mais próximo do que foi lançado no PlayStation 2, e um esquema atualizado que se assemelha aos jogos de ação e tiro atuais. Jogar com a câmera sobre o ombro, herdada de versões posteriores da série, torna a movimentação mais fluida e intuitiva, especialmente em um cenário de selva cheio de detalhes. A troca de camuflagem, por exemplo, agora pode ser feita de forma rápida através de um dos botões direcionais do controle, economizando segundos preciosos em situações tensas. Porém, há momentos em que a câmera moderna exige mais atenção, pois o campo de visão ampliado pode dificultar a percepção dos inimigos. Para quem está começando, a dica é experimentar ambos os estilos até encontrar aquele que equilibra conforto e desafio.
Os gráficos, desenvolvidos na Unreal Engine 5, são impressionantes desde os primeiros minutos. A selva russa ganha vida com vegetação densa, luz natural convincente e cenários que parecem quase fotográficos. O duelo contra o lendário sniper The End, por exemplo, torna-se ainda mais envolvente quando se percebe que cada arbusto e sombra podem esconder o inimigo. Em contrapartida, alguns personagens apresentam um leve estranhamento facial, especialmente Ocelot e The Boss, cujas expressões podem soar artificiais em certos ângulos. Apesar disso, o conjunto visual mantém o jogador imerso e não compromete a experiência.
O som cumpre um papel vital nessa versão repaginada de “Metal Gear Solid 3”. As vozes de todos os personagens originais foram preservadas, incluindo a marcante dublagem de David Hayter como Snake, o que reforça a identidade do jogo. A trilha sonora continua épica e melodramática, lembrando produções cinematográficas, e os efeitos ambientais, como passos na grama ou o zumbido de insetos, aumentam a tensão. Há momentos em que a dramaticidade do áudio beira o exagero, mas é justamente essa característica que confere personalidade à série.
O fator rejogabilidade é alto. Uma campanha pode durar cerca de 15 a 20 horas, mas desafios extras, como tentar vencer inimigos de formas não letais ou buscar rankings mais difíceis, ampliam a longevidade. Modos como o divertido Snake vs Monkey, incluído novamente, servem como distração extra para quem deseja variar.
O maior trunfo de “Metal Gear Solid Delta: Snake Eater” é honrar a obra original ao mesmo tempo em que incorpora os avanços que a evolução moderna dos jogos trouxe ao gênero. Por outro lado, essa mesma fidelidade acaba sendo sua fraqueza, pois em certos momentos restringe a liberdade criativa. Não há inovações marcantes no design das fases nem conteúdos adicionais capazes de surpreender jogadores veteranos. Mesmo assim, o conjunto apresentado permanece entre os melhores jogos de espionagem já criados.
Davi Rocha é integrante do canal de Youtube Bacontástico
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