Volta de manto sagrado marca nova história para indígenas, diz Lula

Após mais de 300 anos em museu europeu, manto sagrado tupinambá retorna ao Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira, 12, que a devolução de um manto sagrado que estava há mais de 300 anos em um museu europeu marca o início de uma "nova história" para os povos indígenas do Brasil.

"O retorno do manto sagrado Tupinambá, até agora parte do acervo do museu Nacional do Dinamarca, é uma marca do começo de uma nova história de conquistas dos povos indígenas", afirmou Lula em um evento na Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro.

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Confeccionado com penas vermelhas da ave guará sobre uma base de algodão de quase 1,80 metros de comprimento, o manto voltou ao Rio no início de julho e se encontra na biblioteca do Museu Nacional. A exuberante peça estava na Dinamarca desde 1689.

"O reconhecimento e o respeito aos direitos dos povos originários são prioridade do meu governo", enfatizou o presidente.

Lula foi ovacionado por centenas de indígenas do povo Tupinambá, que viajaram 1.200 quilômetros de ônibus desde a aldeia de Olivença, na Bahia, para ver o manto e assistir à cerimônia.

Os indígenas também reivindicaram o retorno do manto, antigamente usado em cerimônias tradicionais, para sua "aldeia". "Finalmente retornou à sua origem, o Brasil, porém estruturas do poder não permitem que regresse aos verdadeiros donos", disse Yakui Tupinambá.

Lula afirmou ter "a obrigação e o compromisso histórico de construir na Bahia um lugar" apropriado para a exibição da peça. A devolução do manto, cuja maneira como saiu do Brasil é desconhecida, se deve às gestões diplomáticas do governo Lula, que a classifica como um processo de "restituição histórica".

O presidente Lula com a ministra dos povos indígenas Sonia Guajajara(Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP)
Foto: PABLO PORCIUNCULA / AFP O presidente Lula com a ministra dos povos indígenas Sonia Guajajara

Demarcação de terras

Antes da intervenção do presidente, os tupinambá, cobertos com pinturas corporais e agitando incensários tradicionais, entoaram cantos alusivos à delimitação de suas terras na Bahia, uma promessa do governo. "Vim pedir a demarcação dos nossos territórios", disse a cacique Jamopoty.

Os tupinambá reivindicam a delimitação de pouco mais de 47 mil hectares onde habitam cerca de 8 mil famílias, cujo sustento é a pesca e a agricultura. O território, segundo eles, está sendo devastado pela "mineração" e pelo "agronegócio".

Os povos nativos – 1,7 milhão dos mais de 203 milhões de habitantes do Brasil – lutam pelo reconhecimento de suas terras em meio ao avanço parlamentar de medidas para limitar seus espaços ancestrais.

Lula responsabilizou o Congresso, de maioria conservadora, por atrasar o processo de demarcação. "A maioria dos congressistas não tem compromisso com os povos indígenas, os compromissos deles são com grandes fazendas e grandes proprietários", criticou.

Lula sucedeu Jair Bolsonaro no poder em janeiro de 2023, que cumpriu sua promessa de não ceder "nem um centímetro" aos povos originários durante seus quatro anos de mandato. Segundo o governo Lula, no último ano foram reconhecidos dez territórios indígenas.

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