Do riso à reflexão: grupo teatral homenageia teatro popular

Grupo teatral "Os Irreverentes" apresenta neste fim de semana o espetáculo "Cabaré - as filhas da Glória", peça em homenagem ao teatro popular nordestino no Teatro Chico Anysio

Democratizar o acesso do público ao teatro, esse é um dos princípios que o grupo teatral “Os Irreverentes” carrega desde o início de sua formação, em 2022. Neste sábado, 15, e domingo, 16, o coletivo artístico realiza a apresentação da peça "Cabaré - as filhas da Glória" no Teatro Chico Anysio.

A segunda produção do grupo é uma remontagem da obra do dramaturgo cearense, Walden Luiz, “As Filhas da Glória”, que segue a vertente da comédia e do drama. A nova versão da produção conta com a estética do teatro popular nordestino adicionado aos monólogos de outras produções do ator da capital alencarina, levantando pautas políticas.

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O Grupo de teatro surge da parceria entre duas atrizes que foram alunas de Walden e queriam homenagear os 60 anos de carreira do mestre. Em 2022, elas decidiram reunir alguns amigos do teatro e investir na montagem do espetáculo “Cajueiro da Verdade”,trabalho de autoria do ex-professor das artistas.

O ator, poeta, desenhista e diretor do “Os Irreverentes”, Arlindo Araújo, destaca a evolução que têm obtido em conjunto desde a primeira produção. Para ele, a pesquisa e a riqueza nos textos são fundamentais para o espaço que ocupam na cena teatral cearense.

“A irreverência passou a ser uma característica que nos define, assim como a linha dos trabalhos teatrais que o grupo desenvolve e encena. Os Irreverentes buscam aprimorar-se no fazer teatral, aprofundando suas pesquisas sobre o Ceará, as pessoas deste lugar e suas muitas e criativas histórias”, destaca.

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Nesta nova produção, "Cabaré - as filhas da Glória", o grupo, que no momento possui 11 integrantes, novamente apresenta uma adaptação da obra de Walden Luiz. Para essa versão, entretanto, foram adicionados alguns textos com pautas que aproximam o público da narrativa.

O ator Jonethan Fontenele, que faz parte do espetáculo, conta que após ler o texto, o grupo teatral decidiu por uma nova montagem, diferente da primeira. A intenção era propor um mergulho no universo da vida em um cabaré de uma pequena cidade do interior nordestino.

“Eu já conhecia bem o texto e propus de pensarmos a peça conceitualmente dentro das características do teatro popular nordestino, bebendo na fonte da comédia e fazendo improvisações criativas que fossem permeadas por canções memoráveis da música brega”, explica o artista.

Ele também frisa as mudanças dos debates introduzidos ao roteiro. “Usamos outros monólogos do autor e dividimos para compor as partes que a gente faz. Cada personagem tem um texto solo que elas falam no palco e aí cada uma traz dados e um pouco das vivências de mulheres nesse tipo de situação”, finaliza.

O processo de ensaios da produção foi feito em cerca de nove meses com um encontro durante a semana. Esse juntamente ao apoio financeiro e gestão de montagem foram desafios vividos por toda a equipe.

“São muitos desafios, hoje em dia você ter um fomento financeiro é difícil, principalmente no teatro quando você é um grupo novo. A gente diz também que somos privilegiados porque nos viramos e conseguimos. Desta vez tivemos apoio do Teatro Chico Anysio e do Teatro São José para os nossos ensaios”, destaca Jonethan.

Arlindo Araújo complementa que despertar o interesse do público pelo teatro também é um ponto desafiador.

“Grande desafio em levar o povo ao teatro para aprenderem e conhecerem quem são esses trabalhadores da arte de representar e que praticamente pagam para se apresentar e representar, com engenho e arte, nós que somos essa gente resistente e alegre”, pontua.

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Para além da direção da peça, a trama fez com que o ator se desafiasse enquanto vive o papel de uma das lindetes do cabaré, devido às adaptações das cenas e uso de objetos cênicos, assim como na atuação.

“Tá sendo para mim um experimento, né, porque eu faço uma das meninas do cabaré. Tem que trazer mais feminilidade para dentro de um corpo masculino. No início brigava pelo fato do papel não ser feito por uma Drag Queen”, explica o ator.

Ele também acrescenta. “Tinha medo dessa questão de aceitação do próprio público, mas o desafio foi trazer essa feminilidade sem ser muito caricato ou ofender. Acho que andar de salto porque foi bem difícil”, desabafa.

A proposta de trazer uma peça informativa sem perder o tom de humor é uma escolha do grupo como uma maneira de resgatar a essência de um teatro popular. Mesmo destacando a necessidade de maneira de arte “conceitual” o ator enfatiza quão importante é a presença de peças com narrativas simples que abracem a todos.

“Uma missão do grupo é tentar trazer eh um teatro tradicional, acho que no Ceará a nossa estrutura perdeu esse tipo de teatro com fácil entendimento em que as pessoas saem de casa para assistir se divertir”, comenta.

Entre as expectativas para a peça, Jonethan espera que os dois dias de apresentação lotem o Teatro Chico Anysio, que tem capacidade de cerca de 120 pessoas por apresentação. Para ele, a animação da plateia ajuda o desempenho da atuação no decorrer da comédia.

“Que tenha casa cheia. Isso é o sonho de todo artista porque a presença do público nos transforma, afinal a arte é uma troca. Ouvir a risada e as reações da plateia, não tem dinheiro que pague essa experiência. Torcemos para pessoas que nunca tiveram acesso ao teatro possam conhecer também”, comenta o ator.

Além das apresentações no Teatro Chico Anysio, o grupo participa do Festival de Teatro de Fortaleza com a encenação da peça no Cuca do Pici na próxima terça, 18. Arlindo espera os melhores resultados para este final de semana e destaca que existe a possibilidade de futuras apresentações em outros espaços culturais.

“A nossa expectativa é de ter a casa cheia de pessoas ávidas por assistir representar a nossa história sobre o dia a dia de um Cabaré. O Cabaré As Filhas da Glória tem o claro objetivo de fazer refletir e divertir. Esperamos ampliar esse projeto para outros espaços para alcançar mais pessoas”, fala o multiartista nascido em Itapipoca.

Espetáculo "Cabaré - As Filhas da Glória"

  • Quando: sábado, 15, e domingo, 16, às 19 horas
  • Onde: Teatro Chico Anysio (av. da Universidade 2175 - Benfica)
  • Quanto: a partir de R$ 20; ingressos no Outgo
  • Mais infos: @grupoosirreverentes

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