Caixa Cultural apresenta espetáculo sobre Carolina Maria de Jesus

Espetáculo teatral "Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus" estreia em Fortaleza e conta a história de uma das maiores escritoras negras do Brasil do século XX, esquecida atualmente

Transformando suas vivências em literatura, Carolina Maria de Jesus escreveu o marcante “Quarto de Despejo”. Ao se mudar para a cidade de São Paulo, a mineira habitou a favela de Canindé, às margens do Rio Tietê, e utilizou-se da escrita para retratar o cotidiano.

Dessa forma, “Quarto de Despejo”, lançado em 1960, nasceu a partir dos diários de Carolina: ex-catadora de papel que se transformou na maior escritora negra do país do século XX.

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Em homenagem a esta grande mulher, estreou em 2018 a peça “Eu Amarelo: Carolina Maria de Jesus”, a qual será apresentada pela primeira vez em Fortaleza ao longo dos finais de semana de março na Caixa Cultural Fortaleza.

Protagonizado pela atriz Cyda Moreno (da novela “Amor Perfeito”), o espetáculo apresenta três momentos decisivos na vida da escritora: a vida na favela, a ascensão literária, e, por último, o seu esquecimento total.

A peça já está há seis anos em cartaz, mas antes de chegar aos palcos, foi necessário encontrar alguém que capturasse a essência da escritora e levasse isso ao público. “Eu sempre digo que foi a própria Carolina Maria de Jesus que me escolheu”, afirma Cyda.

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Segundo ela, nunca tinha realmente lido as obras de Carolina, mas chegou a trabalhar nos bastidores do filme “O Papel e o Mar” (2010), que narra o encontro imaginário da autora com João Cândido, líder da Revolta da Chibata, e foi realizado pelo ex-marido de Cyda.

“Eis que em 2018 eu recebo um telefonema inusitado de uma pessoa que eu não conhecia, se apresentando como um produtor, um dramaturgo, e me convidando para ser a protagonista de “Eu Amarelo””, lembra a atriz, que, apesar do susto, decidiu ir ao encontro da equipe envolvida no espetáculo.

“E, segundo eles, quando eu comecei a ler, eles já olharam um para o outro e deram um suspiro de alívio por terem enfim a encontrado”, complementou.

Apesar de o livro “Quarto de Despejo” ser a base para a adaptação teatral, Cyda teve que fazer uma imersão total no trabalho de Carolina, até mesmo no que não é divulgado. “Mas claro que o meu grande registro para compor Carolina são as minhas ancestrais, que todas vêm desse lugar de racismo, exclusão da sociedade, escassez de alimento e subemprego”, defende.

“Eu costumo dizer que para quem tem determinada idade, as nossas ancestrais todas se encontram nesse mesmo lugar”.

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Ainda sobre a preparação para o papel, a atriz afirma que teve muito trabalho corporal e vocal. “Esse espetáculo requer de mim muitas nuances na voz, por ela mudar muito rapidamente de um estado para o outro, do choro para o riso, e isso é muito marcante no espetáculo”, explica. “Segundo a filha dela, isso retrata muito a mãe, porque Carolina era essa mulher enlouquecida, que mudava de humor em questões de segundos”.

“Carolina ainda é pouco conhecida, mas é uma mulher de uma força que toca e inspira outras mulheres, principalmente pobres e afrodescendentes, pela sua força e resistência, então ela é um exemplo”, defende Cyda. “Para mim, é uma grande emoção e gratidão Carolina ter me escolhido para dar corpo e voz à sua história e estar divulgando o seu legado, eu faço isso com muito respeito, responsabilidade e paixão”.

E para aumentar as expectativas do público que ainda não teve contato com as obras de Carolina e a peça teatral que a homenageia, o desafio que fica é não se emocionar. “É um espetáculo que provoca muita reflexão, lágrimas e dor, e que te transfere para esse Brasil atual que a gente ainda vive”, finaliza a protagonista.

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Espetáculo "Eu amarelo: Carolina Maria de Jesus"

  • Quando: 1º a 3, 7 a 10 e 15 a 17 de março; quinta a sábado às 20 horas e domingo às 19 horas
  • Onde: Caixa Cultural Fortaleza (Av. Pessoa Anta, 287 - Praia de Iracema)
  • Quanto: R$ 15 (meia-entrada) e R$ 30 (inteira); vendas na bilheteria da Caixa Cultural

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