Filme isenta erros de Napoleão em produção com grandes atuações
Uma das figuras históricas mais estudadas da humanidade, Napoleão Bonaparte tem sua trajetória revisitada novamente nos cinemas
Napoleão Bonaparte é, sem dúvidas, uma das figuras históricas mais estudadas quando a temática é guerra. Conhecido como um grande estrategista e conquistador, Bonaparte é um dos maiores nomes da história francesa. E tem, mais um vez, sua história apresentada para o público no cinema, dessa vez através da versão do diretor Ridley Scott (“Blade Runner, O Caçador de Andróides” de 1982; “Casa Gucci”, de 2021).
Scott inicia o longa com um Napoleão ainda jovem, com cerca de 24 anos, em 1793, quando ainda era um capitão em busca de ascensão. Ponto que é deixado bem claro em tela. Aqui Ridley Scott pinta um Napoleão (Joaquin Phoenix, “Joker”, de 2019) não apenas estrategista, mas como um combatente ávido, que luta junto de suas tropas sempre que possível para encorajá-los. Algo que funciona em tela, apesar de ser uma discrepância histórica, de acordo com registros oficiais.
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E essa característica do protagonista é mantida durante todo o longa, quase que como se Napoleão fosse este grande homem que se importa com suas tropas, de forma quase igualitária. Porém em dados momentos, essa visão acaba se contradizendo, já que vemos que o mesmo acaba por sacrificar milhares de vidas de seus soldados, durante as várias guerras napoleónicas, como se não fossem nada.
Mas uma coisa que fica bastante nítida durante todo o longa, é que Napoleão não mede esforços para chegar onde quer. Aqui muito bem destacado no massacre que o mesmo cometeu durante a revolução francesa. Aqui direção e roteiro fazem questão de nos mostrar toda a frieza de Napoleão, em uma cena rápida, porém brutal.
Brutalidade é outro ponto que a direção de Scott foca bastante nas batalhas. Com cenas grandiosas somadas à fotografia de Dariusz Wolski, que consegue captar bem todo o caos, sangue e desespero das batalhas apresentadas em tela. Fazendo algumas vezes com que o espectador consiga quase sentir como é estar ali. Além disso Dariusz Wolski e Ridley Scott, assim como o design de produção do longa, claramente se utilizam das várias pinturas conhecidas de Napoleão como base para figurinos, quadros e cenas inteiras do longa.
Porém não é apenas nas batalhas que Napoleão travou que o filme foca. Tentando traçar um perfil mais pessoal do protagonista, o roteiro se utiliza de Josephine Bonaparte (Vanessa Kirby, “Pieces of a Woman”, de 2020) e a relação que a esposa do personagem teve durante vários anos.
Baseando-se nas cartas trocadas entre Napoleão e Josephine, o longa acaba pintando um Napoleão apaixonado por sua esposa, mas não consegue passar o mesmo quanto a Josephine. Apontando como se todos os problemas na relação vivida por ambos fossem culpa dela. Em apenas uma curta linha de diálogo, o roteiro tenta tornar equivalentes os erros de ambas as partes, em relação ao relacionamento dos dois. O que não funciona de forma alguma, já que o filme dedica longas cenas focando apenas no que seriam os erros da esposa de Napoleão. Enquanto ele é apresentado apenas como um homem apaixonado e magoado com os atos da então companheira.
Outro problema do longa, sem dúvidas, é a sua montagem. Que muitas vezes trás cenas que aparentam estar na metade, e que somem da mesma forma que entram. E isso é um grande problema, já que o filme tem duas horas e trinta e oito minutos de duração. Tempo que não se arrasta em tela, porém acaba se tornando confuso, principalmente em relação a suas passagens de tempo, que apesar de serem apresentadas as vezes com letreiros em tela, para localizar o espectador nos momentos históricos apresentados, acaba muitas vezes, se mostrando insuficiente nesse quesito.
Apesar dos problemas apresentados, Ridley Scott traz uma cinebiografia grandiosa, com cenas marcantes, grandes batalhas e uma fotografia intimista e visceral. Além, claro, das atuações de Joaquin Phoenix e Vanessa Kirby, que sem dúvida são a alma deste longa. Nos resta agora esperar pela versão de quatro horas do diretor, que sairá na Apple Tv, futuramente, e ver se ela acabará por solucionar os problemas do longa, ou apenas intensificá-los.
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