80 anos de Paul McCartney: conheça trajetória e veja filmes sobre o artista

Paul McCartney, um dos grandes nomes do rock mundial, completa 80 anos neste sábado, 18 de junho. Conheça a trajetória do artista

Quando Paul McCartney veio a Fortaleza há quase uma década, eu ainda era uma adolescente que não tinha conhecimentos sobre os Beatles. Óbvio, sabia o básico, aquilo que todos entendem: era - e continua sendo - uma das bandas mais populares da história da música mundial. E eu também podia cantar qualquer canção famosa como “Let It Be”, “Here Comes The Sun”, “Hey Jude” e “Yellow Submarine”. Mas, na época, confesso que não tinha muito interesse em ir ao show. Entretanto, foi meu pai que comprou os ingressos sem me consultar. Um dia, ele chegou em mim e disse: “você vai, porque ninguém sabe quando o Paul McCartney volta e talvez seja sua última chance de ver um espetáculo como esse ao vivo”. Dei-me por vencida e aceitei. Até hoje, agradeço por ter ido.

Na arquibancada, assisti a um artista, que já estava em seus 70 e poucos anos, por três horas seguidas. Ele não saiu do palco nenhuma vez (é o que recordo, mas a memória pode falhar). Trocava de instrumentos, bebia água e seguia para a próxima música. Eu desconhecia suas canções solo, e isso pouco importava. A verdade era que nunca tinha conhecido alguém que, com aquela idade, performasse como se ainda estivesse no início de sua carreira. Eu era jovem demais para entender sobre artes de uma forma profissional, mas, para mim, era evidente: na minha frente, estava alguém que era genuinamente apaixonado pelo que fazia.

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Quase uma década depois da apresentação na capital cearense, Paul McCartney completa 80 anos neste sábado, 18 de junho. O cantor e compositor é um daqueles artistas que dispensam grandes introduções, porém, uma breve retrospectiva é importante.

Nascido em uma família tradicional de Liverpool, na Inglaterra, tinha uma vida comum como qualquer adolescente de classe média. Na adolescência, conheceu George Harrison (1943 - 2001) em um ônibus no caminho para a escola. E, depois, foi introduzido a John Lennon (1940 - 1980) por um amigo em comum entre os dois. Eles formaram um grupo musical que, inicialmente, tinha o nome de Quarrymen. Somente depois, começaram a usar “The Beatles”. A formação precisou mudar algumas vezes até que Ringo Starr entrou como baterista.

Ainda hoje, Paul McCartney se impressiona com a maneira casual e intuitiva em que grupo surgiu. “Como esses quatro caras se conheceram? Ok, bem, eu tinha um melhor amigo, Ivan, que conhecia John, então foi assim que conheci John. Eu costumava ir no ônibus para a escola e esse ‘carinha’ entrou na próxima parada e era George. Então isso foi meio aleatório. E então Ringo era um cara do Dingle e nós o conhecemos em Hamburgo e achamos que ele era um grande baterista”, lembrou em entrevista para a GQ, em abril de 2020.

“Mas a ideia de que todas essas pessoas aleatórias em Liverpool deveriam se unir e realmente conseguir fazer isso funcionar? Quero dizer... Nós éramos muito ruins no começo. Nós [os Beatles] não éramos tão bons. Mas, com todo o tempo que tivemos em Hamburgo, acabamos ficando bons. Nós nos tornamos bons”, afirmou.

Depois disso, muitos conhecem a história dos Beatles: em menos de dois anos, os quatro integrantes se tornaram um sucesso mundial sem precedentes para a época. A “Beatlemania” se espalhou por países no mundo, e o quarteto lançou dezenas de álbuns importantes, como “A Hard Day’s Night” (1964), “Help!” (1965), “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” (1967), “The Beatles” (1968), “Yellow Submarine” (1969) “Abbey Road” (1969), até chegar na última produção da banda, “Let It Be” (1970).

O fim do grupo foi permado de especulações sobre brigas entre os membros, indiretas em composições solo e grande atenção da mídia internacional. “O que eu percebo agora é que, porque era uma família, porque era uma gangue, as famílias argumentam. E as famílias têm disputas. E algumas pessoas querem fazer isso e algumas pessoas querem fazer aquilo”, defendeu McCartney.

É por causa dos Beatles que Paul McCartney acredita que a vida pode ter magia: “As pessoas dizem: ‘Você acredita em magia?’. E eu digo: ‘Tenho que acreditar’. E não quero dizer, você sabe, Gandalf ou feitiçaria ou esse tipo de coisa necessariamente. Para mim, é como a vida pode ser mágica, como essas coisas apenas se juntaram”, ponderou.

Para exemplificar, ele recorda que, quando conheceu John Lennon, perguntou qual era o hobbie dele, e os dois descobriram que gostavam de compor. “Ninguém que eu tinha conhecido havia dito isso como resposta. E nós dissemos: 'Bem, por que você não toca a sua música para mim e eu toco a minha música para você?’. Isso é muito incomum”, afirmou.

Carreira solo

Paul McCartney fala sobre os Beatles com orgulho, porque, sem o grupo, ele não seria reconhecido como um dos grandes ícones do rock atualmente. Entretanto, sua carreira solo é cinco vezes mais longa do que o período de atividades da banda.

No início da década de 1970, o artista entrou em depressão devido ao abalo emocional e ao desgaste da separação de um dos maiores grupos da história da música. Entretanto, com a ajuda da então esposa, Linda McCartney (1941 - 1998), passou a produzir e divulgar seus projetos individuais.

Primeiro, vieram "McCartney" (1970) e "Ram" (1971). Logo depois, integrou a banda Wings, que existiu durante quase uma década. Na época, o grupo, formado por Linda, Denny Seiwell e Denny Laine, lançou sete discos.

Após isso, realizou, de maneira solo, mais 14 álbuns, além de alguns trabalhos clássicos, em duo com Youth ou voltado para trilha sonoras de produções audiovisuais. Entre alguns conteúdos aclamados e outros criticados, entrou em um universo sonoro mais melancólico nos anos 2000, com “Driving Rain” (2001), “Chaos and Creation in the Backyear” (2005) e “Memory Almost Full” (2007).

“Há um valor para músicas tristes. Algo ruim acontece, e você não quer reprimi-lo. Então você descarrega em você mesmo, com uma guitarra”, refletiu em entrevista para a Rolling Stone, em agosto de 2016.

Já em “New” (2013), encontrou uma energia mais positiva - distante daquilo que vinha lançando nos períodos anteriores. “A coisa sobre New era Nancy (Shevell). Isso é quem era o ‘novo’. Foi um bom despertar. Isso me fez querer escrever músicas positivas. A música é como um psiquiatra. Você pode dizer ao seu violão coisas que não pode contar às pessoas. E ele vai te responder com coisas que as pessoas não podem te dizer”, ponderou.

Seu último lançamento foi “McCartney III”, em 2020, que é uma continuação de discos como “McCartney” (1970) e “McCartney II” (1980). Algumas das faixas são: “Long Tailed Winter Bird”, “Find My Way”, “Pretty Boys”, “Women and Wives”, “Lavatory Lil” e “Deep Deep Feeling”.

As músicas, produzidas durante a pandemia, não tinham, no início, a intenção de retornar aos trabalhos feitos nas décadas de 1970 e 1980. “O denominador comum (entre os álbuns) é que eu tive muito tempo de repente. Depois que os Beatles se separaram, de repente, eu tinha muito tempo e nenhum plano específico em mente. E então, quando o Wings se separou, foi uma coisa semelhante. E, comigo, quando eu tenho muito tempo, minha situação é: ‘Escrever e gravar, isso é algo para fazer quando você tem algum tempo livre’. Foi a pandemia que parou as coisas”, explicou em entrevista ao portal Lound and Quiet.

E, aos 80 anos, Paul McCartney não tem previsão para interromper suas atividades profissionais. “Tudo o que faço é sempre supostamente o meu último. Quando eu tinha 50 anos, diziam: ‘Essa é a última turnê dele’. E foi como: ‘Ah, é? Acho que não’. É um boato, mas tudo bem. Quando fizemos Abbey Road, eu estava morto, então todo o resto é um bônus”, brincou.

De fato, os planos continuam: no momento, ele está em turnê internacional com o “Paul McCartney: Got Back” após quase três anos distante do palco devido à pandemia do coronavírus. Após isso, o que ainda estará por vir na carreira de McCartney?

Filmes nos streamings

McCartney, 3, 2, 1 (2021)

O cantor e compositor senta ao lado do produtor musical Rick Rubin para traçar um panorama de sua trajetória. Aborda seu trabalho com os Beatles, o sucesso estrondoso na década de 1970, a formação da banda Wings e seus 50 anos com experiência na carreira solo. Durante os diálogos, divididos em episódios de 30 minutos, os dois ainda falam sobre a produção de música e como a vida pessoal interfere em algumas de suas composições.
Onde assistir: Star+

The Beatles: Get Back (2021)

No fim da década de 1960, John Lennon, Paul McCartney, George Harrison e Ringo Starr se uniram para planejar o primeiro show ao vivo do The Beatles após mais de dois anos. Essa preparação culminaria na última apresentação do grupo, que aconteceu na cobertura dos estúdios da gravadora Apple Corps, em Londres, e também no álbum “Let It Be”. Esses registros estão disponíveis na série documental, que foi dividida em três partes e conta com duas horas para cada episódio.
Onde assistir: Disney+

The Beatles and India (2021)

Muitos documentários já foram produzidos sobre uma da bandas mais populares da história da música. Mas, em “The Beatles and India”, o jornalista indiano Ajou Bose propõe um olhar sobre a relação do grupo com a Índia. O enredo acompanha o quarteto em Rishikesh e a imersão que os quatro integrantes fizeram na cultura do países durante três anos. Com relatos de testemunhas e comentários de especialistas, narrativa revela a relação entre o universo indiano e os Beatles.
Onde assistir: HBO Max

The Beatles: In The Life (2019)

Com direção de Matt Salmon, conteúdo apresenta a trajetória dos Beatles desde sua formação até o fim de sua carreira. Destaca, por exemplo, o cenário cultural da Inglaterra do início dos anos 1960 e a maneira como o grupo dominou o público mundial.
Onde assistir: Amazon Prime Video

The Beatles: Eight Days a Week (2016)

Documentário dirigido por Ron Howard revela o período em que o grupo ficou em turnê durante quatro anos, entre 1962 e 1966. Nas imagens, é possível ver as apresentações no Cavern Club, em Liverpool, onde a popularidade dos Beatles começou entre a juventude inglesa. Além disso, mostra o último show que os quatro realizaram e que aconteceu em São Francisco.
Onde assistir: Apple TV

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