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Mostra Fabulações no Real realiza debate com Jorge Bodanzky, Orlando Senna e João Moreira Salles

O evento é uma realização do Porto Iracema das Artes, dedicada a discutir o documentário brasileiro. A curadoria é de Kamilla Medeiros, ex-aluna do Porto
19:03 | Dez. 04, 2020
Autor Isabella von Haydin
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Tipo Notícia

Após sete sessões, a Mostra Fabulações no Real anuncia seu último encontro pelo Facebook e no YouTube do Porto Iracema das Artes. Na terça-feira, 8, às 18 horas, será possível assistir ao debate sobre o filme "Iracema, uma transa amazônica" (1974) com seus diretores Jorge Bodanzky e Orlando Senna e com participação do documentarista João Moreira Salles. O evento conta com a mediação do crítico e pesquisador de cinema Carlos Alberto Mattos e de Kamilla Medeiros, ex-aluna do Porto e curadora da mostra.

Bodanzky além de cineasta, é fotógrafo e conhecido por seu envolvimento com a Amazônia também em outros trabalhos, como na série “Transamazônica uma estrada para o passado” e no site Amazônia Latitude em que é colunista. Orlando Senna esteve por trás de filmes, como “Ópera do Malandro”, “Coronel Delmiro Gouveia” e “Diamante Bruto”. Além de ser jornalista e escritor, ele também já foi diretor da escola de Cinema de Cuba, fundada por Gabriel García Márquez.

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Por último, João Moreira Salles é documentarista referência e fundador da revista Piauí. Muito conhecido por “Santiago”, outro longa na lista da Abraccine dos 100 melhores filmes brasileiros, e pelas produções "Notícias de uma guerra particular" e "Entreatos". Ainda, ele também foi produtor e colaborador de Eduardo Coutinho, cineasta brasileiro consagrado.

A Mostra Fabulações no Real é um encontro online feito para discutir cinema nacional. Criado pelos ex-alunos do Porto Iracema das Artes, Kamilla Medeiros e Arthur Gadelha, organizadores do Cineclube Âncora, o intuito é discutir as fabulações no documentário brasileiro. "Esse é um tema que tem motivado muito meus estudos e ampliei o recorte para as fronteiras entre documentário e ficção", explica Kamilla Medeiros. "Acho que, no final das contas, buscar a fabulação no meio de uma quarentena é necessário. Espero que o cineclube possa ter sido um alento nestes momentos", acrescenta.

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"Iracema, uma transa amazônica", classificado em 2015 pela Associação Brasileira de Críticos de Cinema (Abraccine) como um dos 100 melhores filmes brasileiros de todos os tempos, foi barrado pela censura nos anos 1970 e, apesar de ter rodado em salas de exibição e festivais internacionais, no Brasil se escondia em cineclubes clandestinos.

O longa nasceu durante a Ditadura Militar, no ano de 1974, sob a luz da construção da rodovia Transamazônica. O projeto era divulgado como um símbolo do desenvolvimento e de progresso. Hoje, quase 50 anos após a obra, a rota é considerada um trecho violento e de alto impacto ambiental negativo, conhecido pelo comércio ilegal de madeira e ouro.

O filme expõe algumas consequências provocadas na população da Amazônia, como queimadas, prostituição infantil, desmatamento e trabalho escravo, enquanto a BR-230 era construída. Isso é feito a partir da narrativa de uma garota do Amazonas (Edna Santos) que pega carona com um caminhoneiro do Rio Grande do Sul (Paulo César Pereio)l.

Tudo começou quando Jorge Bodanzky foi até Paragominas, no Pará, realizar uma reportagem. Por lá, observou um posto de gasolina que pela manhã funcionava normalmente, mas à noite se tornava um ambiente de prostituição infantil em que meninas eram trazidas por motoristas de caminhão. A partir daí surgiu um dos primeiros docudramas brasileiros, mesclando atores com a população local. "Não dá para dizer o que tem de realidade e o que tem de ficção e nem foi nossa intenção separar", adianta Bodanzky em entrevista ao O POVO.

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"'Iracema' firmou minha carreira como documentarista, especialmente de temáticas socioambientais. Na época, não se falava em meio ambiente e foi o primeiro filme que mostrou uma floresta queimando e não só para o Brasil, como para o mundo", lembra o diretor. "Na época, a propaganda oficial era um trator derrubando uma árvore. Isso era progresso e, infelizmente, permanece assim hoje. Ele tem uma trágica atualidade".

"A obra mostra uma realidade que permanece tão urgente, talvez até mais do que na época em que foi filmada, quando a estrada ainda simbolizava um sonho desse Brasil grande. 'Iracema' ainda é muito atual para nossa total vergonha", lamenta Kamilla Medeiros. "Parte daí a necessidade de conversar sobre isso, seja pelo cinema ou pelo social, e tudo isso se mistura, como é proposto pela mostra".

Serviço
Última edição da Mostra Fabulações no Real com Jorge Bodanzky, Orlando Senna e João Moreira Salles discutindo "Iracema, uma transa amazônica" (1974)
Quando: terça-feira, 8, às 18 horas
Onde: no Facebook e no canal do YouTube do Porto Iracema das Artes

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