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Memórias afetivas constroem "Diálogos de João e Júlia", livro do cearense Leo Mackellene

Feito a partir de histórias vividas por seus filhos para provocar reflexões em todas as idades

À luz de “Diálogos de Platão”, um dos livros mais emblemáticos da humanidade, nasce “Diálogos de João e Júlia”. Se o primeiro é um dos livros mais misteriosos da humanidade, quanto ao segundo, não há segredos sobre a veracidade do conteúdo e existência dos personagens. São histórias reais escritas por Leo Mackellene, pai do menino de 16 e da menina de 11. É filosofia pensada e feita por crianças.

“Os pequenos não se podam. Refletem o tempo inteiro e soltam coisas muito mais interessantes do que nós adultos”, relata o escritor após contar que a dedicatória é em homenagem aos filhos de todos os seus amigos.

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Mackellene é pai cearense, mas também músico, poeta e escritor. Ele conta que conheceu o João quando tinha meses de idade e o tem como filho. Um dia, enquanto a família assistia ao documentário “A Marcha dos Pinguins”, o garoto chorou copiosamente ao ver um filhote sozinho no frio e disse, “mas pai, eu não posso com isso! Eu amo até quem não conheço!”. A partir daí, quase tudo que o garoto dizia era anotado em cadernos e nascia uma obra só sobre ele. Até que veio Júlia.

Com quatro anos de diferença, ao contrário do irmão que lutou contra o lançamento, afinal era propriedade intelectual dele e de Júlia, a pequena não se opôs ao livro, contanto que obtivesse seus direitos autorais. Assim como o pai, ela também é poeta e já participou do Prêmio Estadual Ideal Clube de Literatura. O autor brinca que na época mandou os escritos da filha e os seus, porém apenas a garota entrou no concurso.

O exemplar está disponível para pré-venda nas redes sociais do artista por R$35e aborda os mais diversos temas enquanto acompanha os questionamentos e inquietações dos irmãos ao longo da vida. Criados de forma democrática, eles vivem em um lar onde criança tem vez e tem voz. Sempre com incentivo a debater o que os aborrece, entristece e a forma de lidar com os outros.

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“Tanto eu como Leo, somos de uma geração em que onde adulto falava, criança não opinava. Na minha casa não era permitido nem que atravessasse conversas de adultos, seja falando ou passando na frente. E o livro fortalece que a criança precisa ser escutada, precisa de respostas e precisa ser levada em conta”, debate Simone Passos, Coordenadora da Pasta de Cultura do município de Sobral e mãe do João e da Júlia.

Sob essa perspectiva, “Diálogos de João e Júlia” contempla a personalidade de toda a família, mas essencialmente a dos protagonistas. De acordo com o pai, o garoto é inquieto, questionador e busca compreender o mundo ao mesmo tempo que sofre um bocado, como ele. Já Júlia é mais alegre, porém pragmática, como a mãe, e não aguenta ficar parada por muito tempo. Transitando entre aulas de bateria, ballet e capoeira.

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Para o casal, é importante que os filhos sejam vistos como sujeitos pensantes com sentimentos próprios. Afirmam que permitir com que se comuniquem entre iguais é um exercício de aceitação e reconhecimento do outro. “Em casa, conversamos muito sobre tudo. Desde comportamento doméstico até geopolítica, questões de gênero e sexualidade, sempre se adequando ao universo deles e o livro é um reflexo disso”, relata Mackellene.

Como educador, o autor conta que se preocupou em tornar a linguagem acessível, em tom de conversa, e que pensa que é uma obra para todos: pais e filhos, adultos e crianças. Ainda, a leitura é repleta de imagens feitas em aquarela pela artista sobralense Alice David e a apresentação tomou forma pelas palavras de Argentina Castro, um dos nomes por trás da biblioteca comunitária Papoco de Ideias, no bairro do Pici.

Mackellene disserta ainda sobre fazer música e literatura e diz que ambos andam juntos. Alguns capítulos inclusive são conversas musicadas. Para ele, escrever é como proclamava Fernando Pessoa: “ouvir o vento passando no quintal e parar para sentir”.

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