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Zuza Homem de Mello: morre aos 87 anos o grande nome da história musical do Brasil

Um dos maiores especialistas em música no Brasil, Zuza Homem de Mello deixa um extenso legado para a compreensão da arte e da cultura no País
11:49 | Out. 04, 2020
Autor Luiza Ester
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Luiza Ester Repórter do núcleo de Cultura e Entretenimento do O POVO
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Tipo Notícia

Grande nome da história musical brasileira, Zuza Homem de Mello deixa um extenso legado como pesquisador, jornalista e escritor. Aos 87 anos, morreu enquanto dormia em seu apartamento, na capital paulista. A causa da morte, confirmada pela família, foi infarto agudo do miocárdio. Em razão da pandemia, o velório será realizado apenas com a presença dos amigos e familiares.

“Com enorme dor no coração comunico que perdemos nosso querido Zuza. Ele morreu dormindo, de infarto, após termos brindado na noite de ontem todos os projetos bem sucedidos. Em 35 anos de uma vida compartilhada, pude testemunhar o amor desse homem pela vida, pelo seu trabalho e pela música. Zuza nos deixou em paz após viver uma vida plena”, dizia comunicado assinado por Ercília Lobo, esposa de Zuza, filhos e netos no perfil do pesquisador no Instagram.

Um dos mais importantes pesquisadores da música no País, José Eduardo Homem de Mello, mais conhecido como Zuza Homem de Mello, deixa uma obra que eleva a compreensão da arte e da cultura no Brasil. Na última terça-feira, 29 de setembro, finalizou uma biografia do cantor, violonista e compositor brasileiro João Gilberto. Zuza já havia realizado um perfil sobre o artista, mas se propôs a ir mais a fundo na pesquisa, entrevistando ainda mais pessoas e expandindo os seus escritos.

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Zuza nasceu no dia 20 de setembro de 1933. Nos anos de 1950, estudou música na Juilliard School, em Nova Iorque, e atuou posteriormente como contrabaixista, produtor e técnico de som. Trabalhou com Elis Regina, Milton Nascimento, Gilberto Gil e outros tantos nomes. Apresentou o programa “Jazz Brasil” na TV Cultura e dirigiu os festivais “O Fino da Música” e o Festival de Verão do Guarujá. Jornalista, se especializou na história da música popular brasileira (MPB).

O documentário “Zuza Homem de Jazz” (2018), concebido por Ercilia Lobo e dirigido por Janaína Dalri, realiza um percurso sobre a vida de Zuza na música. O registro audiovisual resgata o passado nos Estados Unidos, reencontrando amigos do jazz, como Bob Dorough, Gary Giddins, Eric Comstock, Steve Ross, Wynton Marsalis e Maria Schneider. Além disso, revela a sua contribuição para o reconhecimento da arte brasileira fora do País. A obra tem a coordenação de conteúdo do próprio Zuza e a realização do “Canal Curta!”.

Alguns dos livros referências de Zuza são “A Era dos Festivais - Uma Parábola” (2003), “Eis Aqui os Bossa Nova” (2008), “Copacabana” (2017) e “A Canção no Tempo - 85 Anos de Músicas Brasileiras”, com Jairo Severiano, em dois volumes.

Contribuição de Zuza

Para Mona Gadelha, cantora, compositora, jornalista e produtora cultural, Zuza deixa um legado de “magnífico pesquisador”. “Ele contribuiu para sempre nos lembrar o quão grandiosa é a música brasileira, sua paixão pela bossa nova e pelo jazz eram contagiantes. Ficam seus livros para o nosso deleite. Que sua devoção à pesquisa nos inspire para fortalecer a necessidade de estudar, reconhecer e registrar a história da nossa música. Que não nos esqueçamos disso”, diz.

Mona destaca uma frase de Zuza para a Revista E, em 2018: “O que você chama de qualidade, eu troco pela palavra perenidade. A música que vai permanecer daqui para frente, daqui a dez anos, é o que me interessa". E, para a cantora e compositora cearense, "seu legado é essa perenidade”.

De acordo com Marcos Sampaio, jornalista e crítico de música do O POVO, a contribuição de Zuza Homem de Mello para a área é incalculável. “Atuava em diversas áreas da música, seja estudando, tocando, produzindo ou escrevendo. Ele registrava histórias, por meio de um trabalho que exige muita pesquisa e sensibilidade”, conta.

Segundo Marcos, legados como o de Zuza deixam atravessamentos nas vidas dos brasileiros e na história da arte no País. Revelam, inclusive, que a experiência de ouvir uma música ou de assistir a um show não morrem quando se encerram as melodias ou apagam-se as luzes dos palcos. “Isso deixa uma marca nas nossas vidas. Zuza ficará ao lado de qualquer outro vulto histórico, porque registrar é, também, fazer história. Ele fez história e é um grande capítulo da nossa”.

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