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Volta dos cinemas: faltam títulos para tanta saudade

Percorremos três cinemas localizados em shopping na cidade (North Shopping, Benfica e Iguatemi Fortaleza) para acompanhar o movimento e expectativas das pessoas quanto à retomada
21:51 | Set. 26, 2020
Autor Jully Lourenço
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Jully Lourenço Repórter
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Tipo Notícia

A pandemia cessou a ida ao cinema durante um bom tempo. Também foi responsável, consequentemente, pela paralisação de diversas produções. Até estreias entraram na lista de interrupções. Pouco antes do anúncio de lockdown na Capital, em março deste ano, as salas do North Shopping se preparavam para o lançamento de “O Lugar Silencioso”. Não teve lugar, apenas o silêncio, que, porém, mesmo com a reabertura, anunciada em decreto no final de agosto, sob uma sequência de exigências protocolares, garantindo segurança no local, e interiores de salas, parece ainda se prolongar.

Aquele zum-zum de gente, com aquela fila extensa para comprar o bilhete, outra para a pipoca dá lugar hoje a um ambiente calma e tranquilo, com espaço de sobra para se sentir mais à vontade. Só não se pode dizer o mesmo dos filmes em cartaz. São poucos, e faltam os que atraiam público, apesar do revival de clássicos, com o Festival “De volta para o cinema”, iniciado no início do mês, integrando todos os cines, exceto os administrados pela Secult, que seguem fechados.

“Foi a saudade”, disse Ana Rafaele, 23, assistente administrativo, que a levou, pela primeira vez, desde o anúncio da pandemia, à sala de cinema, nesta tarde de sábado, 26, acompanhada. “Quis descontrair um pouco, relaxar”, também não deixou a preocupação de lado. “Volto com um pouco de receio”, diz.

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Seguindo as novas regras, as salas recebem até 35% de sua capacidade. No North Shopping, totalizando as disponíveis (apenas uma parte tem sido reativada; também faltam mais filmes, idem sessões, e isso em todos os cinemas), um total de 379 pessoas, antes, de 1.082 como indicativo à lotação máxima.

Areli Rodrigues, 31, assistente de crédito, e o filho, Victor Hugo, 6, retornaram aos cinemas, desde à pandemia, pela primeira vez neste sábado, 26
Areli Rodrigues, 31, assistente de crédito, e o filho, Victor Hugo, 6, retornaram aos cinemas, desde à pandemia, pela primeira vez neste sábado, 26 (Foto: Thais Mesquita)

Para Areli Rodrigues, 31, assistente de crédito, a volta é sentida com segurança. “Poucas pessoas na sala”, explicação que a tranquilizou, sabendo que ninguém pode sentar-se nas cadeiras “adquiridas”. São três bloqueadas em ambas as laterais e uma atrás e à frente, mantendo distância. Ela e o filho, Victor Hugo, 6, que retornaram, também, pela primeira vez, ao cinema, desde a pandemia, no North Shopping, assistiram ao “Scooby! O Filme”.

A mesma saudade de ir ao cinema motivou a família do técnico de informática Daniel Igor, 25, com a esposa e o filho, Apolo Igor, 4, a comprarem os ingressos, do mesmo filme, e local, para este sábado. “Estávamos com saudade”, pensou antes do regresso às salas, como as questões, principalmente, de segurança.

Um pulo até o cinema do shopping Benfica, a sensação era de vazio, mas com duas sessões rolando. Em uma das salas, menos de 15 espectadores, atentos à trama de “O Segredo: Ouse Sonhar”. Em outra, Scooby. A volta ainda é tímida, e mais por conta do filmes, deu-se para notar.

A iniciativa parte do movimento #JuntosPeloCinema, com produções antigas todas à tona, entre elas Harry Potter, agora compete com a volta também dos parquinhos, somando-se a mais um fator de queda desse público, geralmente, família. No Benfica, são duas salas funcionando, com meia entrada a R$ 9,50. As cadeiras também são bloqueadas no ato de compra do ingresso - protocolo padrão devido à pandemia.

Espaço de cinema no shopping Iguatemi Fortaleza
Espaço de cinema no shopping Iguatemi Fortaleza (Foto: Thais Mesquita)

No Iguatemi, nosso terceiro tour do dia, a cena se repetiu. Cadê o cinema que estava aqui, com aquelas filas dando volta? Só a volta, e o cheiro da pipoca, por enquanto, mas tinha gente, nas salas já, quando chegamos, por volta das 18h30. O movimento na área, no entanto, contemplando o último piso do shopping, caiu 80%, em relação aos meses anteriores à crise do coronavírus, segundo um responsável pelo espaço, que também associa à falta de filmes de mais impactos, de grandes estreias.

Ao lado da família, o técnico de logística, Rafael Rodrigues, 32, avistava os cartazes, nada de muito "oh, quero ver". "Já tinha vindo ao shopping antes, mas não sabia que já estava funcionando", disse ele, enquanto ainda procura uma razão, que o fizesse, em família, retornar para assistir. "Estava na expectativa pelo 'Avatar', mas, nenhum... Harry Potter, já vi todos!", viu-se sem opção. "Vai ficar para depois. (Risos)".

No local, vimos mais público jovem, em grupo e casal; mas o cinema é um ponto de encontro da família e fica a dúvida: "como fica o assento para ir de grupo, família?" Melhor chegarem juntos, ou terão de assistir ao filme separados. Izaquel Sousa, 17, estudante, até que veio junto, com os dois amigos, mas, porém, tinha perdido a hora. "Queria ver 'Magnatas do Crime' (lançado no Brasil no último dia 4), mas só tinha legendado", ficou desapontado. Foi a primeira vez que combinou de ir ao cine pós-pandemia. Terá de retornar outro dia, às 16 horas, contou.

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