Exposição "Queerentena", do Museu da Diversidade Sexual, pode ser visitada virtualmente

Entre as obras selecionadas, "Catálogos das Corpas", do cearense Caju, participa da mostra online Queerentena

15:58 | Jun. 03, 2020

Obra Catálogos das Corpas, do artista cearense Caju, participa da exposição virtual Queerentena, realizada pelo Museu da Diversidade Sexual (foto: CAJU/ Reprodução)

De São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Espírito Santo, Recife, Belo Horizonte, Belém, Maringá, Curitiba, Londrina e do Ceará. Da mesma forma que diversos museus nacionais que disponibilizam visitas virtuais e mostras online, em decorrência do funcionamento suspenso devido às medidas de enfrentamento do coronavírus, o Museu da Diversidade Sexual lançou, no fim de maio, a exposição Queerentena, que conta com mais de 30 artistas de todo o Brasil.

A mostra digital apresenta colagens, pinturas, fotografias, desenhos e também gravações sonoras que refletem a vivência de cada artista e seus pontos de vista sobre diversos assuntos durante o período de quarentena. Na busca de compreender a realidade atual por meio das experiências dos artistas LGBTI+ de várias localidades do país, a Queerentena busca “de forma subjetiva, no imaginário, construir arquétipos para confortar, instigar e provocar o espectador”, conforme explica o texto de abertura da exposição virtual.

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A primeira exposição digital do Museu da Diversidade, que está localizado na capital paulista, a convocatória recebeu mais de 350 inscrições de obras, com seleção realizada ainda no mês de maio. Dentre os selecionados, o artista residente no Ceará, Caju, participa da mostra com a colagem “Catálogos das Corpas”.

Confira a colagem “Catálogos das Corpas” de Caju:

Estudante do curso de Licenciatura em Artes Visuais na Universidade Regional do Cariri (URCA), Caju conta que a produção da obra se deu a partir de um questionamento pessoal acerca da comunidade LGBTQ+ no período de isolamento social, quando seu “close”, “bixaria” e “fechação” estão guardados. “A partir dessas inquietações, surge o entendimento desse corpo político que, mesmo entre quatro paredes e não sendo visto, ainda assim está cotidianamente sujeito ao julgamento e a catalogação sexual feita pela sociedade”, explica.

Aos 23 anos, o artista natural de Santos, em São Paulo, mas que reside no Cariri desde os 18 anos de idade, teve seus primeiros contatos com as artes visuais através do pixo e do grafitti. “Conforme fui crescendo, no passar dos anos experimentei diversas técnicas de produção artísticas, diversas linguagens, mas (felizmente) o urbano nunca saiu do meu cotidiano, seja o trabalho nele através da performance, do lambe-lambe ou da pintura mural eu estou sempre procurando meios de me comunicar através do meu trabalho e com o meio social em que existo e ocupo”, ressalta.

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Em “Catálogos de Corpas”, a técnica de colagem digital foi utilizada por Caju devido as inúmeras oportunidades de produção. Ele conta que a criação de novos trabalhos favorece no “não enlouquecimento” nos dois meses de isolamento social: “a produção me mantém sadia e me dá esperança de que sairemos dessa com as menores perdas possíveis.”.

O resultado da seleção para a 1° exposição virtual do Museu da Diversidade Sexual foi divulgado no início de maio, e a mostra está online desde o último dia 25. Sendo o único representante do Estado na Queerentena, Caju afirma que sente privilegiado por levar, mesmo que simbolicamente, “todas as bixas que me acompanham e trabalham comigo no dia a dia, tanto dentro, quanto fora do campo acadêmico”, como ele mesmo conta.

“Quero transmitir mais uma onda de força para a comunidade LGBTQ+, de que estamos todas nessa situação juntas, de que o nosso corpo não deixa de ser um corpo político por que está “guardado” entre quatro paredes. E, digo mais, não é por que a sociedade hétero não está necessariamente nos vendo no cotidiano, que isso significa que desaparecemos dessa sociedade normativa. Estamos sempre presentes e um descanso em tempos de pandemia não nos fará de todo o mal”, finaliza o estudante da URCA, Caju.

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Para conferir a exposição completa, acesse o Museu da Diversidade Cultural.