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TJA realiza programação pelo Dia Internacional Contra a LGBTfobia

Projeto do Theatro José de Alencar retorna virtualmente no domingo, 17, com realização da I Tomada LBT, celebrando diversidades de gênero e sexualidade a partir da arte

"Se o teatro está de portas abertas, ele deve assim estar para que entrem também aqueles que carregam em seu corpo dissidências de gênero/sexuais", resume a artista, professora e pesquisadora Isadora Ravena. A frase diz respeito à realização, ao longo do próximo domingo, 17, da próxima edição do Theatro de Portas Abertas - programação do Theatro José de Alencar que retorna de maneira virtual neste mês após dois meses em suspenso por conta do período de isolamento. A retomada parte da comemoração do Dia Internacional Contra a Homofobia, Transfobia e Bifobia - instituído em 2004 em alusão à retirada da homossexualidade do rol de doenças pela Organização Mundial da Saúde neste mesmo dia em 1990 - para celebrar, pela arte, vivências lésbicas, bichas, travestis, transsexuais e periféricas ao longo de 10 horas de programação ininterrupta. A I Tomada LBT, que terá exibição no Instagram e no YouTube do TJA, contará com 20 artistas. A curadoria é das artistas travestis Isadora Ravena, Noá Bonoba e Muriel Cruz Phelipe.

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A abertura dos trabalhos se dará às 10 horas, com o TJA TransVisitado, que consiste em uma visita guiada online pelo equipamento cultural com a atriz e performer Patricia Dawson. Ex-funcionária do TJA, ela percorrerá espaços do Theatro apresentando cada um e costurando memórias, afetos e histórias dos locais. Já a partir das 13 horas, as redes serão tomadas pela I Tomada LGBT.

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Participam do evento os grupos Carnaval no Inferno, Terra Prometida, Festa Crioula, Becha Cearense e Nóis de Teatro. Além deles, haverá ainda apresentações individuais de artistas, como Stéfany Mendes, João Paulo Lima, Pretinha da Quebrada, Georgia Vitrilis, Pedro Silva, Linga Acácio, Tieta Macau, Bicha Antirracista e Má Dame.

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"Esse trabalho, que já inicia pela própria constituição da curadoria, feita por três travestis artistas da cidade, se estende à programação, que é inteiramente composta por grupos e artistas lésbicas, bichas, travestis, transsexuais e periféricos. Convidar estes artistas para esta tomada é fugir da lógica temática do ‘falar sobre’ e substitui-la por uma lógica da presença", aponta Isadora. "Nós, que somos alvo cotidianamente da LBTfobia estamos aqui, produzindo, e produzindo uma riqueza de diferença e multiplicidade. Estamos a adentrar pelas portas do Teatro, da arte e da vida. Portas que nem sempre se sugerem tão abertas", contrapõe.

Vale reforçar que o evento também marca a retomada do Theatro de Portas Abertas, projeto que trazia programação especial ao TJA todo dia 17 de cada mês. 17 de março foi justamente o dia em que a Secretaria da Cultura do Ceará anunciou o fechamento dos equipamentos por conta da pandemia e, em abril, também não houve programação. Em nota enviada ao O POVO, a assessoria da Secult afirma que a pasta e "sua Rede de Equipamentos vêm realizando adaptações em suas programações" desde os primeiros casos do novo coronavírus no Estado.

O texto cita o Edital Dendicasa e o estabelecimento de programação online por parte de cada equipamento como movimentos iniciais. Como "terceira frente", a Secult adianta que haverá "uma Convocatória Integrada para Difusão de Conteúdos de Programação online do Dragão do Mar, Porto Dragão, Cineteatro São Luiz, Casa de Saberes Cego Aderaldo e Theatro José de Alencar" e informa, ainda, que alguns equipamentos, como o Teatro Carlos Câmara, o Centro Cultural Bom Jardim e o Sobrado Dr. José Lourenço, lançaram convocatórias de ocupação/programação e seguem em processo.

Para Noá, a retomada da programação em formato virtual "é de fundamental importância". "A classe trabalhadora da cultura foi bastante afetada pela suspensão de atividades presenciais. Seria de extrema importância que todos os equipamentos culturais do Estado adotassem iniciativas como essa, pois estamos observando que muitas aparelhos estão com suas atividades ociosas, enquanto diversos trabalhadores em estado de vulnerabilidade social estão passando por várias dificuldades", aponta a artista. "É preciso mobilizar em nós o estado de urgência para que possamos conseguir minimizar os danos provocados pela pandemia no setor cultural e iniciativas como essa do Theatro José de Alencar funcionam como molas propulsoras para que possamos exercitar formas criativas de nos reinventar e não nos entregarmos ao anestesiamento", destaca.

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