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Os limites entre a acumulação e a coleção

Rever o que agrupamos em casa, como pequena ou maior coleção, algumas delas, acúmulos, ativa nossa capacidade de dar importância ao que de fato faz sentido de sê-lo. Entenda a diferença entre acúmulo versus coleção e quais as vantagens - e requisitos - para considerar a última
20:39 | Abr. 27, 2020
Autor Jully Lourenço
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Jully Lourenço Repórter
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Tipo Notícia

Às vezes uma situação imperceptível. Às vezes é só vontade. Também dá, tão logo passa. Às vezes não. É sentida. Tem um sentido. Será acúmulo ou será coleção? Em tempos quando se tem tempo, ao menos predisposição à ele, um convite a ser feito: hora da revisão. Hora de estar. Entender a si, como o que lhe faz, fora e ao redor, nas escolhas. A primeira delas, quanto ao que gosta. Gosta até que ponto? Ou seria de mais do mesmo, fruto geralmente de impulso? Eis uma verdade, até aos mais céticos, que duvidam principalmente do acúmulo, difícil de maquiá-la. Está muitas vezes na cara: "A principal diferença entre acúmulo e coleção é a ligação emocional que você tem com os objetos e o total conhecimento deles", explica a arquiteta Isabelle Diocleciano, criadora do método CORA, hoje especialista em organização e minimalismo.

Ainda de acordo com o profissional, que auxilia nesta descoberta, o acúmulo, por sua vez, nasce do oposto. "Um acúmulo é uma junção de excessos que ocupa um espaço que por muito tempo não é nem mexido, fazendo com que nem se saiba com precisão o que está ali. Diferente da coleção, que você tem o prazer de ver, de limpar, de organizar e de acrescentar algo novo", compara. Para Fernanda Abreu, assim como Isabelle, da área de organização, fundamental para diferenciá-lo ou diferenciá-la dos "ísmos" de um acumulador, que de longe, como de perto - vistas ao material acumulado, seja ele qual for, não só de objeto, de roupa, calçados e acessórios, inclusive, perde-em ligeira proporção - chama a atenção da organizer.
Na análise de Fernanda, enquanto coleção é considerado um hobby, o acúmulo segue regras próprias. Nenhuma. "A necessidade do acumulador é guardar qualquer objeto, não existe uma categoria, ele guarda porque sempre pensa que um dia vai precisar", relaciona Fernanda, que diz do que se tratar, segundo ela, de um tipo específico de distúrbio mental. "Muitas vezes ele sabe que não é correto guardar algo danificado, mesmo assim ele guarda pensando em um dia, talvez, irá utilizar", atribui ao caso, nem sempre dado conta. Por isso os cuidados:

"Uma coleção vira acúmulo quando ela perde o sentido e começa a ser esquecida e guardada em algum lugar fora de vista. Para uma coleção ser considerada eficiente, ela tem que nos dar algum tipo de prazer, nos fazer lembrar de algo, como acontece com coleções de itens de viagens. Um outro sinal é quando a coleção se torna um vício sem controle e começa a invadir os ambientes descontroladamente, o que pode acontecer com coleções de itens maiores", comenta Isabelle.

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Outro fator que contribui à isso, de acordo com Fernanda, é o fato de você, gradativamente ou simplesmente do nada, mudar de rumo (ou de humor em relação à coleção, deixando de sê-la). "Além dos itens de coleção começam a entrar itens que não tem não tem nada a ver com o contexto", destaca a organizer, que abre à importância de saber classificar o que atribuímos valor para assim vivermos melhor, com menos - mas essenciais -, como exercita em suas mentorias de desapego. O primeiro passo, salve um acompanhamento psicológico, que também é recomendado pela especialista.

"A pessoa precisa sentir a necessidade que aquela vida de acúmulo não está legal e que ela precisa de mudança", entra com seu trabalho em seguida. "Vou tocando o coração delas aos poucos até o momento que eu vejo que não está sufocando. Se necessário pausamos e retomamos o processo em outro dia", descreve como auxilia às pessoas, por meio de recompensas. "Mostro para ela que a troca do excesso será por uma organização harmoniosa, prática, que a casa dela vai ficar mais clean", diz a profissional, que conseguiu, em um dia de trabalho na casa de uma de suas clientes, que ela desapegasse de 523 itens do seu closet. "Foi maravilhoso!", dividiu o alívio.

Isabelle Diocleciano chega com o mesmo intuito. Livrar-se dos excessos. "O processo pode parecer complicado no começo, mas precisamos focar no resultado. Os benefícios de um descarte são enormes, além da sensação de dever cumprido que sentimos quando finalizamos. Dessa forma, abrimos espaço para o novo e podemos ser mais leves e felizes", garante. (Colaborou Bárbara Bezerra)

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