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Lília Cabral comenta nova série, Todas as Mulheres do Mundo, que estreia na quinta, 23

Todas as Mulheres do Mundo, baseada em texto de Domingos Oliveira, estreia na próxima quinta, na Globo. Integrante do elenco, a atriz Lília Cabral fala sobre a série, sobre Griselda e sobre as lições do confinamento

Lília Cabral não era próxima de Domingos Oliveira, mas como todo mundo admirava o autor de teatro, cinema e TV. "Ele falava de afeto como ninguém, de uma maneira muito bonita", diz. Na quinta, 23, começa na Globo a minissérie em 12 capítulos, Todas as Mulheres do Mundo - baseada no filme homônimo de 1966. O primeiro capítulo passa na TV aberta, os seguintes, no Globoplay A história de Paulo, que salta de uma mulher a outra, até conhecer e se apaixonar por Maria Alice. Paulo é Emílio Dantas, com um visual diferente. Cada mulher ocupa um episódio. Lília Cabral é a mãe dele. Tem direito a um capítulo só dela.

"A mãe é uma personagem muito interessante. É independente, uma artista, escultora. Mora na serra, enquanto o Paulo é urbano, um homem da cidade. Tenho um romance com Floriano Peixoto, um ator com que não contracenava havia muito tempo, e foi muito gostoso". Todas as Mulheres ainda vai estrear, mas Lília já está no ar, de segunda a sábado, nas noites da Globo, com a edição especial de Fina Estampa. Griselda, sua personagem, é uma figura - a mulher do macacão, trabalhadora, que expulsa de casa o próprio filho, porque Antenor (Caio Castro) a renegou, contratando uma mãe de aluguel para impressionar a socialite Tereza Cristina (Christiane Torloni), mãe de sua namorada da faculdade. O repórter conta que, em tempos de isolamento social, tem acompanhado as aventuras (desventuras?) de Griselda.

"Ai, que delícia!", e Lília acrescenta. "Eu também, vejo todas as noites, e agora com distanciamento. Vejo com olhar de público. Griselda é uma guerreira, uma mulher cheia de ética, um exemplo para esse país em que muitos pais passam a mão na cabeça dos filhos, não importa o que façam". Griselda acredita em responsabilidade - pessoal e social. "Aguinaldo Silva (o autor) não quis levantar uma bandeira. O que ele queria era contar a história de uma brasileira que havia conhecido nos anos 1970. Uma mulher que levava uma vida dura, mas cheia de esperança, como as que a gente está vivendo hoje. Só que rever a Griselda é constatar que ela foi precursora do empoderamento, abriu um caminho para a libertação das mulheres".

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Na novela, Griselda também é mãe de Maria Amália, interpretada por Sophie Charlotte. "Essa menina é uma coisa linda, talentosa, e aliás não é menina. É mulher, é mãe". O que nos leva de volta a Todas as Mulheres do Mundo, em que Sophie faz Maria Alice, a personagem que imortalizou Leila Diniz no cinema. "O Domingos era um daqueles homens de alma feminina, que entendia as mulheres. O Emílio (Dantas), que faz o alter ego dele na minissérie, também. Emílio é um doce, um homem que seria incapaz de fazer mal a uma mulher". Justamente. Em tempos de confinamento, com as famílias isoladas dentro de casa, a violência doméstica recrudesceu. "É tão importante falar de afeto, como fazia o Domingos e faz o Jorge (Furtado, autor da minissérie). O mundo está embrutecido, mas esse é o momento de se repensar. Está havendo muita solidariedade. A vida está dando uma chance pra gente. Afeto, delicadeza. Quem sabe, né?"

E o que Lília está fazendo, confinada em casa pela pandemia? "Não sou de botar a mão na terra, mas tenho jardim, e gosto muito que cuidem dele. Moro no Jardim Botânico (Rio), junto a uma casa que ocupa um quarteirão. Vejo as árvores, e são tão bonitas. Me dão a sensação de estar integrada à natureza. É muito bom nesse momento. Tenho trabalhado no desenvolvimento de projetos, lido peças, mas não literatura. Ler livros, para mim, é uma atividade solitária, exige concentração e a gente está junto em casa, compartilhando tudo. Tenho visto mais filmes. Não havia visto os filmes do Oscar e me atualizei". E...? "Gostei muito do Parasita, mas gostei mais ainda do Jojo Rabbit. Que filme!"

Falar desses filmes é falar de seus diretores - Bong Joon-ho, Taika Waititi. E que tal Patrícia Pedrosa, a diretora da minissérie Todas as Mulheres do Mundo? "Conheci a Patrícia como assistente. Era miudinha, muito bonita e aí a Patrícia foi crescendo na profissão, conquistando seu espaço e hoje é uma diretora madura, reconhecida. Tem pontos de vista que discute com a gente, mas nunca dando ordens. Ela discute a cena, corrige o que acha que não está bem e, quando termina, todo mundo tem certeza que deu o seu melhor". Admite que está cheia de expectativa, e explica. "O trabalho foi feito com muita dedicação. Espero, sinceramente, que chegue às pessoas nesse momento especial".

Sobre Domingos: "A gente se conhecia, claro, ele ia sempre às minhas peças, eu às dele, mas teve um momento que me marcou. Fui à leitura de uma peça que ele criou a partir de cartas que eram endereçadas a uma revista e respondidas por meu analista. Inclusive foi o analista que me chamou. Cheguei lá e o Domingos fazia todas as vozes, todos os papéis. O que era aquele homem que parecia falar em nome de todo mundo? Que entendia todas as dores, que tinha tanta compreensão dos outros? Domingos era gênio. A palavra banalizou, mas ele era".

Mesmo apostando no sucesso, Lília sabe que toda criação carrega um elemento imponderável. Antes de gravar Todas as Mulheres, havia feito a novela de Aguinaldo Silva, O Sétimo Guardião. "Todo mundo se empenhou, era uma equipe com gente muito boa, de grande talento, mas não aconteceu. Ficou muito abaixo da expectativa. Fico feliz com a repercussão que Fina Estampa está tendo. Pelo Aguinaldo, por mim, por todos nós. As pessoas comentam nas redes. A Griselda está sempre nos impulsionando a ser melhores. E eu, como público, estou adorando". (Luiz Carlos Merten/Agência Estado)

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