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Morre aos 72 anos cantor e compositor baiano Moraes Moreira

Ele estava na casa no Rio de Janeiro e faleceu durante o sono
11:26 | Abr. 13, 2020
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O cantor baiano Moraes Moreira morreu nesta segunda-feira, 13, no Rio de Janeiro. Segundo o Blog do Marrom, o também cantor e compositor Paulinho Boca de Cantor confirmou a informação. Muito emocionado, Paulinho mal conseguia falar e contou que ele faleceu durante o sono. As informações são do jornal Correio.  

A causa da morte de Moraes ainda não foi informada. Também não há informação sobre quando e onde será o sepultamento. Nascido Antônio Carlos Moreira Pires na cidade de Ituaçu, Moraes começou a carreira tocando safona em festas de São João. Na adolescência, aprendeu a tocar violão enquanto estudava em Caculé. Depois, se mudou para Salvador e conheceu Tom Zé. Formou com Baby Consuelo, Pepeu Gomes, Paulinho Boca de Cantor e Luiz Galvão os Novos Baianos, ficando com o grupo de 1969 até 1975.

Com Luiz Galvão, compôs a maioria das canções do grupo, que é responsável por um dos discos mais icônicos da música brasileira, Acabou Chorare, de 1972. Três anos depois, saiu em carreira solo, lançando mais de vinte discos.

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Há três semanas, Moraes publicou em seu Instagram um cordel sobre o momento em que vivemos de quarentena:

"Oi Pessoal estou aqui na Gávea entre minha casa e escritório que ficam próximos. Cumprindo minha Quarentena, tocando e escrevendo sem parar. Este Cordel nasceu na madrugada do dia 17, envio para a apreciação de vocês. Boa sorte". Veja o post: 

Parceria com Fausto Nilo

Em 2014, o poeta Fausto Nilo, grande parceiro e amigo querido de Moraes Moreira, fez um bate-papo com Moraes, publicado pelo O POVO. Fausto perguntou: "O que você mais aprecia na música popular do Brasil?", ao que o amigo respondeu: "Cara... A característica de cada lugar ter uma música. A Bahia tem a sua, Recife tem a sua, o Ceará tem a sua. Tem samba em todo lugar. Eu admiro essa integração maravilhosa. É uma diversidade muito grande". 

A dupla compôs clássicos do cancioneiro brasileiro, como Pão e Poesia, Bloco do Prazer, Chão da Praça, Meninas do Brasil, Coisa Acesa, Chão da Praça, De noite e de dia, Eu também quero beijar (ao lado de Pepeu Gomes), A Lua e o Mar (também com Pepeu). Músicas menos conhecidas, mas igualmente poderosas, são algumas como Eurídice, Pedaço de Canção, Que Papo é Esse (em parceria com Capinan), 1978 (Revolta) e a lista segue, para nossa sorte. Uma amizade longa, sincera e produtiva para música brasileira. Só agradecemos. 

Em conversa com O POVO, na cidade de Quixeramobim, em julho de  2019 - quando a dupla fez um emocionante show na terra natal de Fausto - eles não souberam precisar, mas desconfiam que foi entre 1977 e 1978 quando conceberam a primeira música juntos, Prosando com Maria. "Ele ia gravar um disco na Som Livre e teve a ideia de fazer outra música. E esse disco acabou sendo a inauguração da nossa parceria", narrou Fausto. "Se não me engano, do total das músicas, tem umas seis que são minhas com ele. E, entre essas, fizemos Alto Falante, fruto dessas conversas comuns, de lembranças sertanejas - de cidade, não é rural. Das nossas conversas surgiu o Alto Falante, que é uma letra que usa expressões que, aqui (em Quixeramobim), pelo menos, eram muito usuais", conta o poeta. O letrista e arquiteto Fausto Nilo e o músico e ex-Novo Baiano Moraes Moreira ficaram amigos desde então.

Durante a entrevista no Quixeramobim, pode-se perceber a forma, digamos, complementar com que fluia o diálogo entre Fausto e Moraes. Eles puxaram na memória o primeiro encontro, quando Fausto já conhecia o trabalho dos Novos Baianos, mas não o Moraes pessoalmente, um dos fundadores e compositores do grupo. O encontro ocorreu numa noite em Botafogo, Rio de Janeiro, na casa do médico e ex-jogador de futebol Afonsinho (o Afonso Celso Garcia Reis), no fim dos anos 1970. "Craque revolucionário, que se revelou contra as malvadezas do futebol com os jogadores", define Fausto. Enquanto a dupla de futuros amigos conversava, deu um estalo quando descobriram que ambos nasceram em cidadezinhas do interior nordestino, sendo Fauto em Quixeramobim e Moraes em Ituaçu (na Bahia). 

 

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