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Sindicato dos Médicos critica edital da Secult

Sindicato sugere que dinheiro do edital vá para a saúde. Em carta aberta, classe artística ressalta que o valor é do Fundo Estadual de Cultura
20:12 | Abr. 09, 2020
Autor Natália Coelho
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Tipo Notícia

O Sindicato dos Médicos do Ceará lançou, em suas redes sociais, um vídeo questionando  edital lançado pela Secretaria da Cultura do Ceará (Secult) e seus valores. O video refere-se ao I Edital Cultura Dendicasa: Festival Arte de Casa para o Mundo, que destina R$ 1 milhão do Fundo Estadual de Cultura (FEC) para o setor artístico a fim de diminuir os impactos do novo coronavírus. Segundo o Sindicato dos Médicos, os recursos "deveriam ser destinados à saúde". 

“No momento crítico em que estamos vivendo, o Governo do Estado do Ceará decidiu gastar R$ 1 milhão dos cofres públicos com transmissões ao vivo de artistas, as famosas 'lives'. Enquanto isso, faltam materiais de proteção nos hospitais para os profissionais de saúde. Governador, a prioridade é salvar vidas”, é o que diz a legenda do vídeo, divulgado no Youtube e Instagram da organização.

A postagem foi repudiada em carta assinada pelo Movimento Todo Teatro é Político e pelo Fórum Cearense de Teatro, além de outras entidades e representantes da classe artística cearense.

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Segundo Edmar Fernandes, presidente do Sindicato dos Médicos do Ceará, a proposta do vídeo era questionar o porquê desse dinheiro se destinar à cultura e não ao combate do novo coronavírus. "Entende-se que todos os recursos da economia, que é bem limitada, seriam voltados para a saúde", defende.

De acordo o médico, os valores deveriam estar sendo destinados para novos leitos e para a compra de equipamentos para os profissionais de saúde, como máscaras, luvas e batas. "O decreto foi feito para que todas as secretarias ficassem centradas para o combate do coronavírus para diminuir a perda de vidas. A arte, a educação, tudo isso é importante para o dia a dia normal de um país, mas neste momento estamos na guerra", ressalta Edmar Fernandes. 

Entretanto, segundo Raimundo Moreira, articulador do Fórum de Teatro do Ceará, o recurso, proveniente do Fundo Estadual da Cultura, é destinado unicamente para o setor e não poderia ser retirado e destinado à outra área. "É um recurso que já existia e que vai atender a área da cultura nesse momento de quarentena, como vários trabalhadores autônomos. Não é um recurso que estão tirando de nenhum canto para fazer ‘live'”, explica o diretor artístico. A informação foi confirmada pela assessoria da Secretaria da Cultura, em nota (confira abaixo).

Presidente do Sindicato dos Músicos Profissionais do Estado do Ceará, Amaudson Ximenes reitera a necessidade do edital para ajudar os artistas. "O artista também é ser humano e está sem trabalhar. Todos os locais que os artistas trabalham estão fechados e a Secult fez a parte dela. Ela tinha que fazer algo para ajudar", explica.

O músico também reitera o papel social da arte no momento de quarentena, em quesitos psicológicos para as pessoas em isolamento social. "Está todo mundo em casa assistindo música, show, filme. Já pensou se não tivesse arte nesse momento?", questiona Amaudson

O POVO entrou em contato com a Secretaria da Cultural, que respondeu em nota sobre o ocorrido. Confira nota na íntegra:


O Edital Festival Cultura DendiCasa - Arte de Casa para o Mundo é uma iniciativa lançada pela Secretaria da Cultura do Estado e conta com recurso originário do Fundo Estadual da Cultura (FEC), que agrega um orçamento que deve ser investido necessariamente na política cultural do Estado. Não há, portanto, nenhum tipo de concorrência com os recursos da saúde.

O Edital tem dois grandes objetivos. O primeiro é proporcionar à população o acesso às artes produzidas no Ceará por toda a rede de fazedores culturais. É uma medida que possibilita o acesso - diante do isolamento social ocasionado pela pandemia do coronavírus - à produção cultural através de conteúdos disponibilizados nas plataformas digitais.

O segundo objetivo está ligado à manutenção de investimentos no campo da arte e da Cultura, que conta em sua maioria com trabalhadores informais e autônomos. O Edital é, assim, um gerador de renda e reparador econômico para empresas, microempresas, artistas, produtores e técnicos culturais.

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