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Veja como é por dentro o templo mórmon de 35 mil m² próximo à Praia do Futuro

A obra realizada pela Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias levou 30 meses para ficar pronta e envolveu mais de duas mil pessoas. O templo tem fachada revestida em mármore e estátuas de ouro. Os valores gastos para erguer o prédio não são divulgados pela entidade. O local será aberto a visita do público no sábado
18:59 | Abr. 23, 2019
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Erguido a cerca de mil metros da Praia do Futuro, o Templo de Fortaleza da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias ocupa área de 35 mil m² nas proximidades da avenida Santos Dumont. A construção suntuosa – com fachada revestida em mármore, estátuas de ouro e extensos jardins – chama atenção de quem trafega pela região, até mesmo para aqueles acostumados a passar em frente a outros prédios mórmons na Capital.

Imagem mostra a extensão do templo
Imagem mostra a extensão do templo (Foto: FABIO LIMA)

Nesta terça-feira, 23, O POVO Online visitou o local a convite de membros da entidade. Este é um dos raros dias em que o templo, construído com a força de trabalho de mais de duas mil pessoas, é aberto ao público. A partir de 2 de junho, o espaço terá um ritual – onde será “dedicado” – e o acesso passará a ser exclusivo para alguns membros comunidade religiosa. Até então, os prédios mórmons construídos em Fortaleza eram capelas, onde os membros se reúnem aos domingos e são realizados batismos de pessoas vivas.

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Sala onde são realizados casamentos
Sala onde são realizados casamentos (Foto: Divulgação)

Já os templos são espaços ainda mais importantes, onde podem ser realizadas outras ordenanças – como eles chamam as celebrações. Lá, é possível fazer batismos de pessoas mortas (por meio de procuração) e casamentos, por exemplo. Há sete espaços como este no Brasil, nas cidades de São Paulo, Recife, Porto Alegre, Campinas, Curitiba e Manaus. O sétimo foi o anunciado em 3 de outubro de 2009 para Fortaleza. Os valores gastos pela organização com a obra não foram informados pelos membros da Igreja.

Sob olhares

Na visita ao local, a reportagem sempre foi acompanhada por pelo menos três membros da instituição, em todas as salas e corredores haviam outros representantes da entidade. Fotografias, gravações e vídeos são proibidos no interior do Templo. As únicas disponíveis são fornecidas pela própria assessoria de imprensa da Igreja.

Sob o templo há uma escultura de ouro do profeta Morôni, que após a morte teria se transformado em anjo e aparecido para Joseph Smith, fundador da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias. O vice-prefeito de Fortaleza, Moroni Torgan, mórmon, tem o próprio nome em referência ao do anjo.

Escultura do anjo Morôni
Escultura do anjo Morôni (Foto: FABIO LIMA)

Para entrar no templo é preciso usar proteção para os sapatos. Dois integrantes do grupo colocam toucas nos pés dos visitantes. Depois que for “dedicado”, da recepção os mórmons serão direcionados a vestiários, onde trocarão suas roupas por vestes brancas. “Para que todos sejam iguais aqui”, explicou uma das integrantes da comunidade religiosa.

Diferentemente de templos de outras religiões, o da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias não tem um grande salão para os fiéis, mas salas para que os integrantes possam se reunir em pequenos grupos. Segundo eles, isso evita que grande números de fiéis se reúnam no mesmo horário e possam eventualmente causar transtornos para a região.

Salas suntuosas

A sala de batismo é composta por um grande fosso onde foram colocados no fundo 12 esculturas de bois. Eles representam cada uma das tribos de Israel. Sobre as costas dos animais há um tanque de água revestido de mármore, onde os mortos são batizados. Conforme integrantes da comunidade, a “ordenança” é feita por meio de procuração, em que algum familiar representa a pessoa a ser batizada.

Sala de bastimo dos mortos
Sala de bastimo dos mortos (Foto: Divulgação)

Há ainda a sala de instrução, onde é discutido o Evangelho, e a sala celestial. “É como um pedaço do céu na Terra”, definiu uma integrante do grupo que acompanhou O POVO. No local, não é permitido fazer barulho. Há grandes lustres e tapeçaria branca – assim como nas outras salas – além espelhos com molduras revestidas em ouro.

Na sala mais importante, como definiram os membros da Igreja, são realizados casamentos “de homens com mulheres”. Como acreditam na vida eterna, o local cria “laços entre as famílias que nem a morte poderá separar”.

Além do templo, o complexo mórmon tem ainda uma capela (semelhante a outras construídas em Fortaleza), onde são realizadas apresentações artísticas e rituais. Há ainda um grande prédio onde funcionará a casa do futuro presidente da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias em Fortaleza. A visita ao local não foi autorizada. O prédio também abrigará caravanas de viajantes. Há ainda um estacionamento com 207 vagas.

A expectativa é de que o Templo em Fortaleza atenda fiéis de estados do Norte e Nordeste do Brasil. As construções ocupam o equivalente a quatro quadras da região. Ruas públicas da região foram reformadas e devem ser doadas pela entidade de volta à Prefeitura de Fortaleza. Durante esse período de visitação, as vias permanecerão bloqueadas.

Visitas públicas

No próximo dia 27 de abril o Templo abre as portas para a população, sob acompanhamento de guias. Após o dia 18 de maio o espaço será fechado para revisão e no domingo, dia 2 de junho de 2019, o local será “dedicado”.

Os mórmons nos Estados Unidos

O princípio do que hoje é conhecido como Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias surge em 1820, quando seu fundador, Joseph Smith relata ter visto dois anjos enquanto caminhava em uma área rural de Palmyra, em Nova York. Confuso, ele recorreu à Bíblia e orou em um bosque da região, foi quando, segundo ele, Deus e seu filho, Jesus Cristo, apareceram e lhe deram instruções de que não se filiasse a outras igrejas e que Deus restauraria à Terra a igreja originalmente organizada por Cristo.

Os mórmons no Brasil

A história da Igreja de Jesus Cristo dos Santos dos Últimos Dias no Brasil tem início em 1923, quando Auguste Lippelt pediu à liderança mundial da instituição que fossem enviados representantes ao Brasil. Os primeiros missionários visitaram o país em 1928. As primeiras congregações se organizaram logo depois, em Joinville, Santa Catarina.

Em Fortaleza, os trabalhos da Igreja começaram em 1966, na Praça do Ferreira, onde os missionários encontraram os primeiros membros cearenses. Atualmente o número de membros no Brasil ultrapassa 1,4 milhão, segundo dados fornecidos pela entidade. Eles se reúnem em cerca de duas mil congregações espalhadas por todo o País.

Para virar membro, o contato inicial é feito com missionários que visitam casas e circulam pelas ruas da Capital. Eles podem orientar os interessados sobre as doutrinas da Igreja.

Serviço

Visitação pública

Endereço: Avenida Santos Dumont, 7771 Bairro de Lourdes

Data: entre 27 de abril e 18 de maio

Horário: de 9 horas às 21 horas

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