Grande confusão: veredas

Sobre a luta nas redes sociais. Sobre a luta para manter a rede minimamente social.

Uma praça central para a qual três caminhos convergem: o caminho jurídico, o político e o comunicacional. Para ter voz racional, orientada ao bom julgamento, em alto e bom som ecoando no centro dessa praça, é preciso ter percorrido boa quantidade de tempo nas três veredas e acumulado bons quilômetros de erros e acertos.

Para a discussão jurídica acerca do exagero ou não do Ministro do STF, Alexandre de Moraes, não me atrevo. Sobre a postura do bilionário querendo ampliar seus negócios, não há novidade. O mundo está cheio deles. Sobre o caminho político: todo debate exala oportunidade. Até aquele extremado. Porque a maturidade para reagir a provocações e agressões, além de agir da forma correta, demanda tempo para o devido preparo.

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Mas ao falar no caminho comunicacional, temos um problema e precisamos ser claros. Porque a comunicação executada pelas redes sociais é um lócus, ou um pântano, onde o algoritmo privado esconde assuntos ou cria câmaras de eco, potencializando necessidades e sentimentos que atendem a interesses que ultrapassaram a esfera comercial, para atuar diretamente no acesso ao poder.

A atuação algorítmica é subterrânea, perigosa, e faz com que gente inteligente defenda com ranger de dentes assuntos então pacificados como a mera necessidade de uma vacina. O núcleo desse debate, não se deixe enganar, está no limite do direito de uma empresa transnacional rodar seu software em diversos países sem respeitar a soberania local ou, pior, posicionando-se politicamente contra leis e instituições nacionais.

Vou insistir: a discussão nada tem a ver com liberdade de expressão. Tem a ver com poder e soberania. Não mais se disputa o usufruto da praça, mas o domínio do comportamento global.

Quando se entendeu que a raiva alheia é uma seiva e potencializando-a, dosando-a, manipulando-a, se controla o ímpeto do eleitor, da eleitora, vendeu-se o malfeitor perigoso junto com o benfeitor estóico capaz de nos livrar de perigos e inimigos que não sabíamos existir.

Assim se faz uma sociedade frágil, com o senso de julgamento tolo, alimentada por likes, perdida nas veredas de um sertão planetário ressequido de códigos.

 

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