Arthur Frota tem pressa

Arthur e os fundadores venderam 50% da operação da Tallos para a RD Station em 2022. No novo escritório prepara mais crescimento porque quer "impactar".

Arthur Frota é fundador da Tallos e recebeu O POVO Tecnologia no novo escritório - um andar inteiro na Avenida Santos Dumont, para falar de passado, presente e futuro. Arthur tem 31 anos de idade. Ainda aos 30 vendeu 50% da Tallos para a RD Station em um modelo de negócio que o mantém à frente da empresa. “Com autonomia”, faz questão de dizer.

Foi no dia 1 de agosto de 2022 que o jovem apressado, idealista, com muito rigor profissional, exaltando as pessoas que estiveram com ele no início da jornada, assinou a papelada que passava 50% da empresa por ele iniciada em uma garagem de Maracanaú, para uma empresa de marca muito forte. A venda, além do dinheiro, trazia consigo uma aura de sucesso.

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Professor e programador no início da carreira, viu no empreendedorismo um caminho para fechar feridas, ajudar a família, sentir-se inserido em atuações grandiosas e, sobretudo, dar significado a uma palavra que repete muito: “impactar”. Um dos impactos ele explicou já nas despedidas da nossa conversa “aqui todo mundo é cearense”, disse orgulhoso. Duvidei e pedi que repetisse. “Todos cearenses? Você está me dizendo que 100% dos funcionários são cearenses?”, insisti. A resposta foi surpreendentemente positiva.

Esse time 100% cearense embarcou na sua seara de trabalhar ferramentas voltadas para a área “conversacional“, um nicho, uma necessidade, uma filosofia, um mercado, um desafio, tudo junto e misturado, que precisa de soluções em todo o mundo. E como a comunicação muda, nada indica que parará tão cedo de exigir adaptações e mudanças.

Para entender a gravidade da coisa: imagine uma grande empresa na qual um cliente reclama sobre um produto no twitter (ou X hoje em dia), manda um direct pelo Instagram perguntando sobre a troca do produto, não atualiza o email de contato, e espera uma resposta via WhatsApp. Sempre urgente. Conversar hoje em dia é multidirecional, e muitas vezes, pior que isso. Portanto um emissor, diversos meios, alguns receptores, demandam controle, estatística, tempo de entendimento, troca de atendente, e inúmeras variáveis complicadoras que necessitam de plataformas de gestão.

Detalhe que não é um mero detalhe, a Tallos trabalhava essa necessidade humana de mercado, antes do mundo entender que conversar na web daria uma imensa dor de cabeça para o leva e traz dos negócios, da venda, da compra, da solicitação, do elogio, do registro de necessidades, dos entendimentos entre plataformas, linguagens, e tudo mais que está envolvido. O mercado digital avançava, claro, todos sabem, mas a pandemia colocou o pé no acelerador, exigiu ferramentas e cobrou respostas. Resultado: ficaram o que deram resultado.

Pois bem, no primeiro pitch durante o qual convenceu que o produto era bom, mostrou-se imaturo para os negócios. Isso incomodou. Buscou reforçar o entendimento comercial, a percepção de produto, e hoje, mantendo os trejeitos de professor, explica de forma amiudada como as questões evoluem. Arthur cresceu, casou e quer mais. Ele tem pressa. No começo desse texto escrevi que ele, e os outros fundadores, venderam metade da empresa há cerca de um ano.

Ocorre que outra metade continuou crescendo de lá pra cá. O escritório que este colunista visitou é um andar inteiro, bem ambientado, confortável embora sóbrio, com elementos das modernas empresas de tecnologia a exemplo de doces, salgados e alimentos rápidos disponíveis. Porém outro andar no mesmo prédio está sendo preparado para mais contratações. Arthur diz que tem 200 funcionários, e que para a nova estrutura virão mais 100. Comum ver pessoas sentadas em sofás, com o computador nas pernas, como se estivessem na sala de casa, trabalhando. Faz parte de uma estética descolada das empresas de TI.

“Eu sempre fui muito empreendedor, inclusive os primeiros programadores que eu contratei foram alunos meus da escola técnica. Eles eram melhores programadores do que eu. Eu ia e recrutava”, diz Arthur explicando a ascenção cuja fronteira de algo sério se mostrou quando recebeu um aporte anjo. “Peguei o aporte e foquei em eficiência operacional. Tem que crescer, tem que pagar imposto, tem que ser tratada como uma empresa. Aluguei uma sala, contratei pessoas em CLT, comprei móveis, cadeiras, computador” … e foi pra rua vender. Era 2019. “Em 2019 eu fiz aproximadamente 50 vendas e em 2020 eu fiz 250 vendas”. Por “ele”, entenda ele mesmo. Sozinho. Não era equipe de venda ainda.

Nesse momento da entrevista perguntei de onde vinha essa pressa. Sua resposta: “Cara, eu sempre tenho uma coisa de propósito, de impactar o mundo. Eu sempre tive essa vontade de transformar, ajudar as pessoas. Eu vi que o empreendedorismo poderia me dar a oportunidade para poder gerar empregos e impactar o mundo, e eu vendo muito esse propósito. Todo mês tenho uma live com todos os colaboradores, onde eu falo sobre propósitos, valores, missões, desafios para a empresa”, diz com rapidez repetindo o ‘impactar’ - tantos que tirei alguns desse texto.

“Cada novo usuário que a gente conquista, é talvez um emprego novo que a gente tá gerando”, diz. Sem pensar muito, as respostas vem cada vez mais rápido. Envolvem questões econômicas, família, sonhos futuros, planos exequíveis e as origens deles. “Muitas pessoas falaram que eu não ia conseguir, que eu não podia, porque a tendência natural era ter esse limite, mas eu sempre fui um cara questionador. Eu posso ir além, não? Entendeu? Por que eu não posso mudar a minha realidade, crescer, prosperar?”, pergunta.

A mãe de Arthur sustentou a família vendendo móveis. Coincidência da vida (ou não) a poucos metros do novo escritório da Tallos. Seu raciocínio transita décadas a frente, anos atrás. Vai resolvendo questões que passaram, buscando soluções para o que virá. Sempre com pressa. “Eu pensei em fundar o Maracanaú Valley”. É “a visão de impactar pessoas, entendeu?”

 

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