Há mais Mulheres no mercado financeiro - mas número ainda é baixo
Valquíria Matsui, economista e sócia da QI Tech escreve sobre a participação das mulheres no mercado financeiro.
Por Valquíria Matsui*, economista e sócia da QI Tech
Não é de hoje que observamos números da participação feminina em diferentes mercados crescendo - e no financeiro não poderia ser diferente. Apesar do aumento significativo, ainda há muito que se caminhar para que as mulheres deixem de ser minoria neste setor.
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De acordo com dados da B3, a quantidade de pessoas físicas que investem na bolsa de valores está perto de 4 milhões, mas, dentro desse universo, a participação feminina entre os investidores brasileiros representa cerca de 29%. E ainda que a quantia seja baixa, o número é o maior já atingido na história, que sempre contou com uma participação menor das mulheres na bolsa de valores.
Uma coisa é fato, felizmente, elas vêm alcançando papéis de liderança e de destaque em todos os mercados, inclusive o financeiro, que traz um histórico composto por personagens predominantemente masculinos.
E isso só é possível por meio da dedicação com afinco, determinação, formação técnica e, claro, desconstrução da sociedade. A partir desses requisitos surgem, por consequência, resultados e metas atingidas - a hoje dita "entrega".
Os resultados apresentados, por sua vez, se transformam em remuneração e reflexos na carreira e, esta dinâmica calcada na meritocracia, atrai as mulheres que de forma corajosa assumem este desafio, que muitas vezes consiste em mostrar o dobro do resultado de pares masculinos, apenas por conta do machismo presente culturalmente em muitas empresas, conquistar reconhecimento, combatendo o estereótipo de que finanças não são para as mulheres, e conciliar a vida pessoal e profissional, principalmente com a maternidade.
Nesse sentido, no último caso, a flexibilidade das políticas de home office - ao permitirem o ganho de tempo pela falta de necessidade de deslocamento entre a casa e o trabalho e acomodar as necessidades pessoais com as profissionais - tendem a propiciar menores barreiras para a inserção feminina.
Também não posso deixar de falar sobre o papel da educação financeira. Não há dúvidas de que a quantidade de informação disponível sobre finanças e investimentos para o público feminino cresceu e, certamente, foi um grande propulsor da independência financeira feminina, já que contribuiu ao despertar o interesse por esse mercado e seu funcionamento.
Em um país ainda muito marcado pelo machismo e pela grande diferença salarial entre homens e mulheres, elas viram a necessidade de buscar alternativas que tragam autonomia a curto e longo prazo. E apesar de serem minoria em diversos segmentos, cada vez mais vêm conquistando espaço exponencialmente.
Por fim, a busca das mulheres pela independência financeira - seja por meio do trabalho, relacionamento, empreendedorismo e outros recursos - é absolutamente fundamental. O caminho pode ser longo, mas certamente é necessário e viável, isto se homens e mulheres trabalharem juntos nesta jornada.
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*Valquiria Matsui é sócia na QI Tech, empresa de tecnologia com licença bancária e primeira Sociedade de Crédito Direto aprovada pelo Banco Central do Brasil, e líder da área comercial com foco no mercado de capitais. A executiva possui mais de 20 anos de experiência no mercado financeiro e passou por casas como Deutsche Bank e Finaxis. É Economista e bacharel em Direito.