Construções em outros planetas: pesquisa cria concreto a partir de poeira espacial e sangue humano

O novo material tem resistência maior que o concreto padrão. A substância resultante, denominada "AstroCrete", seria a solução para o alto custo envolvido em transportar materiais para a Lua ou para Marte, por exemplo

Cientistas criaram um material incomum para ajudar na construção imobiliária em outros planetas: um concreto feito de poeira espacial e fluidos de astronautas, incluindo sangue. O material foi descrito em um estudo publicado por pesquisadores da Universidade de Manchester, na revista científica Materials Today Bio.

A substância resultante, denominada “AstroCrete”, seria a solução para o alto custo envolvido em transportar materiais para a Lua ou para Marte, por exemplo. Estima-se que, para transportar um único tijolo para Marte, sejam necessários cerca de US$ 2 milhões.

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Publicada no dia 10 de setembro, a pesquisa trabalha com o conceito de utilização de recursos in-situ (ISRU na sigla em inglês), ou seja, materiais encontrados no próprio local. Como depósitos de água parecem improváveis, a equipe demonstrou que a albumina de soro humano (uma proteína obtida a partir do plasma sanguíneo) poderia ser usada como aglutinante.

Estrutura 3D impressa com o "concreto espacial"
Estrutura 3D impressa com o "concreto espacial" (Foto: Divulgação/Universidade de Manchester)

“Os cientistas vêm tentando desenvolver tecnologias viáveis para produzir materiais semelhantes ao concreto na superfície de Marte, mas nunca paramos para pensar que a resposta poderia estar dentro de nós o tempo todo”, afirma Aled Roberts, um dos cientistas que trabalhou no projeto.

O "concreto espacial" produzido em laboratório exibiu resistências à compressão de até 25 MPa (Megapascal, unidade de medida de pressão). O resultado é semelhante ao concreto padrão, que normalmente tem uma resistência à compressão variando entre 20 MPa e 32 MPa. Se incorporada ureia - que pode ser extraída da urina, suor ou lágrimas dos astronautas - a resistência poderia aumentar em mais de 300% em alguns casos, chegando a 39,7 MPa.

Os cientistas calculam que mais de 500 kg de AstroCrete de alta resistência poderiam ser produzidos ao longo de uma missão de dois anos na superfície de Marte por uma tripulação de seis astronautas. Se usado como uma argamassa para sacos de areia ou tijolos de regolito (poeira espacial) fundidos por calor, cada membro da tripulação poderia produzir AstroCrete suficiente para expandir o habitat para suportar um membro da tripulação adicional, dobrando o alojamento disponível a cada missão sucessiva.

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