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Cinco aplicativos para aprender a jogar xadrez e desafiar a protagonista de "O Gambito da Rainha"

Interessados em praticar o jogo de tabuleiro podem conferir dicas gratuitamente pela internet e jogar contra pessoas do mundo inteiro, até gênios do esporte

A narrativa de uma garota órfã, que cresce entre as décadas de 1950 e 1960, embalada pelas habilidades fascinantes no xadrez e que precisa encarar os próprios vícios em álcool e drogas encantou milhares de espectadores em 2020. Trata-se da história da personagem Beth Harmon, interpretada por Anya Taylor-Joy, na série da Netflix "O Gambito da Rainha". A minissérie se tornou a mais assistida de todos os tempos na plataforma de streaming, sendo vista por mais de 62 milhões de assinantes desde a estreia em outubro, e tem incentivado milhares de pessoas a conhecerem mais sobre o jogo de tabuleiro.

Apesar de já ser mundialmente conhecido, disseminado e cultuado, o xadrez acompanhou a popularidade da série e passou por um novo boom de vendas de jogos e livros sobre o esporte. Em meio à pandemia global de coronavírus, o jogo se tornou novamente a sensação do momento, em especial, para o público mais jovem.

Segundo a empresa de pesquisas NPD Group, no período correspondente a três semanas após a estreia de "O Gambito da Rainha", as vendas de jogos de xadrez aumentaram 87% nos Estados Unidos, enquanto as vendas de livros sobre xadrez subiram 603%. O pico foi atribuído ao lançamento na série com base no padrão de vendas dessa categoria de produtos, que seguia com crescimento estável ou negativo há anos.

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Com origens milenares, o xadrez é um jogo de tabuleiro, também considerado esporte, que consiste em 32 peças divididas em duas cores, geralmente branco e preto, com diferentes funções e especificidades. Na variação mais clássica, é jogado por duas pessoas. O objetivo principal é utilizar da estratégia e do raciocínio lógico para executar uma combinação de movimentos a fim de encurralar a peça única do adversário chamada Rei, de modo a impossibilitar com que saia da posição de ameaça, nomeada no esporte como "xeque". O movimento final é, então, decretado pelo vencedor como "xeque-mate".

Jogado tradicionalmente em suporte físico, o esporte se tornou ainda mais acessível com a criação de sites e aplicativos que reproduzem a prática usual. Se antes era considerado como esporte de elite, o xadrez foi democratizado e é praticado atualmente por milhões de usuários. Além dos ensinamentos repassados por gerações pelos mestres do jogo e livros especializados, os interessados podem aprender também fácil e gratuitamente por ferramentas virtuais online que contam com guias, videoaulas e até permitem desafios contra gênios de diferentes épocas da história xadrezística. Reproduzidos fidedignamente por algoritmos e robôs, inclusive a fictícia Beth Harmon, criada por Walter Tevis para o livro homônimo transformado em série pela Netflix.

No Ceará

 

Tricampeã cearense de xadrez feminino, a estudante universitária do curso de Letras (Português-Inglês) e bolsista de incentivo ao desporto da Universidade Federal do Ceará (UFC), Vanessa Ketlyn, é aficionada pelo jogo desde os quatro anos de idade, quando foi ensinada pelo pai a jogar os movimentos mais básicos. A enxadrista acredita ser possível iniciar a prática do jogo de tabuleiro pela internet e dá dicas para interessados em aprender.

"Para quem não tem nenhum conhecimento a respeito de xadrez, sugiro ler em livros, revistas e na internet, e, se possível, assistir vídeos no YouTube sobre xadrez, de grandes jogadoras e jogadores. Sempre sugiro buscar alguma amiga ou amigo com quem praticar o que aprender. Uma dica adicional é jogar na internet, pelos sites lichess.org, chess.com ou chess24. Sempre é bom também seguir jogadores e páginas de xadrez nas redes sociais", afirma. Para ela, "a melhor estratégia de estudos é a constância", sem descartar a ajuda de um profissional para alçar voos maiores.

FORTALEZA, CE, BRASIL, 11.11.2020: Enxadrista Vanessa Ketlyn Sousa Rodrigues, de 22 anos. Ela é árbitra de xadrez, na modalidade universitário.
FORTALEZA, CE, BRASIL, 11.11.2020: Enxadrista Vanessa Ketlyn Sousa Rodrigues, de 22 anos. Ela é árbitra de xadrez, na modalidade universitário. (Foto: Thais Mesquita)

Coincidentemente, Vanessa tem a mesma idade da protagonista Beth Harmon no auge da carreira, 22 anos. Ela conta que já assistiu à minissérie e achou "magnífica" a reprodução dos ambientes de competição e das técnicas de xadrez reproduzidas nas cenas. No entanto, chama a atenção para o retrato da mulher enxadrista, segundo ela, reproduzido de modo insuficiente pela trama.

"O que poderia ter sido melhor apresentado e discutido na série é como realmente é ser uma mulher enxadrista. Na série, Beth Harmon inicialmente encontra o ambiente hostil por ser então uma garota, e, até aí, realmente é o que acontece. No entanto, no decorrer da série Beth ganha inúmeros admiradores e considerável respeito no meio enxadrístico, o que infelizmente é muito diferente das trajetórias de mulheres enxadristas na vida real até os dias de hoje", avalia.

Outro aspecto que poderia ter sido posto em evidência, pondera Vanessa, foi a questão do assédio sofrido por mulheres. Conforme ela, os ambientes de competição de xadrez, um esporte ainda majoritariamente masculino, na maioria das vezes não são lugares seguros para mulheres (seja para jogadoras, árbitras, ou mesmo admiradoras do esporte). 

"Portanto, podemos entender o bom relacionamento de Beth com outros jogadores e mesmo o respeito com o qual todos a tratavam (consequência de seus bons desempenhos) como algo de certa forma utópico, muito distante da realidade daquela época, e mesmo muito distante da realidade que temos hoje", finaliza Vanessa. Atualmente, dos 1.028 jogadores com registro na Federação Cearense de Xadrez, somente 65 são mulheres.

Aplicativos de xadrez

1. Chess.com (Xadrez Jogar e Aprender)

Com mais de 10 milhões de downloads, é um dos aplicativos de xadrez mais populares para dispositivos móveis. Além do modo tradicional de jogo, em diferentes dificuldades, conta com artigos e vídeos explicativos, tarefas para a prática de jogadas e resolução de desafios. O app possui interface intuitiva e permite se conectar com usuários ao redor do mundo. Um dos modos mais interessantes é o que permite duelos contra personagens exclusivos do jogo, com traços de personalidade e maneiras de jogar alocados por faixa etária e nível de habilidade.

2. Táticas de Xadrez (Puzzles)

Uma ferramenta especialista em resoluções de problemas. Para quem gosta de testar o raciocínio lógico ao máximo, esse aplicativo é indispensável. Possui um acervo com incontáveis quebra-cabeças de xadrez, em vários níveis, com desafios diários. Além disso, permite que o jogador acompanhe em gráficos a evolução do seu xadrez, de acordo com as tarefas realizadas pelo aplicativo.

3. Forward Chess

A biblioteca virtual para amantes do xadrez. O aplicativo permite a compra e visualização de e-books especializados em xadrez (a maior parte em inglês). Após as leituras, o jogador pode praticar as variantes inclusas nos livros em um tabuleiro dentro do próprio aplicativo.

4. Chess Timer

Esse não é bem um aplicativo para jogar xadrez, mas um acessório virtual para quem não dispõe do famoso "reloginho" do esporte. O modo de jogo rápido é recomendado para jogadores avançados ou iniciantes que desejam uma dose a mais de desafio. Nessa versão, amplamente difundida em torneios e campeonatos profissionais, os jogadores possuem um limite de tempo para efetuar jogadas e precisam acionar e pausar o relógio sempre que iniciarem e finalizarem um lance. O app permite a customização completa do temporizador.

5. Chess for Kids - Play & Learn

Desenvolvido pela Chess.com com ferramentas pensadas especialmente para crianças, o aplicativo adapta interfaces e modos de jogo já consolidados na versão para adultos. Um dos modos mais divertidos para pais e filhos instiga os jogadores a resolverem desafios em contextos específicos de jogo. Além dos puzzles, tutoriais estão incluídos.

Entenda o Xadrez

Durante as partidas, cada peça se move de maneira diferente, contribuindo para que cada uma possua funções e importâncias variadas para a evolução das jogadas. As peças são batizadas de nomes que poderiam ser facilmente relacionados a uma batalha medieval: peão, cavalo, bispo, torre, dama e rei.

- Peão (8 peças por cor): o soldado no campo de batalha. No movimento inicial, pode se mover um ou dois espaços para a frente. A partir do segundo movimento, só pode avançar um espaço. Os peões só podem atacar outras peças pela diagonal a partir dele. É a única peça que não pode se mover para trás.

- Cavalo (duas peças): uma peça sucinta, mas com potencial bastante ofensivo. Move-se em formato de "L", que consiste em dois espaços na horizontal e, em seguida, um espaço na vertical; ou um espaço na horizontal e, em seguida, dois espaços na vertical, em qualquer direção. O cavalo é a única peça que pode pular outras peças. Ele ataca apenas as peças nos espaços em que seu movimento termina.

- Bispo (duas peças): articulador de ofensivas. Pode se imover na diagonal por números ilimitados de casas, parando somente no limite do tabuleiro ou na casa de ataque, a depender do movimento escolhido pelo jogador.

- Torre (duas peças): artilharia pesada, tem poder defensivo e ofensivo. Pode se mover horizontalmente e verticalmente, podendo atacar diretamente ou ameçar as peças adversárias que estiverem em seu raio de alcance. É a única peça que pode jogar em conjunto com o Rei em um único lance, numa manobra defensiva intitulada Roque que consiste em trocar a posição das duas peças, de modo a defender o Rei.

- Rainha (ou dama): peça mais poderosa do jogo. Pode se movimentar horizontalmente, verticalmente ou diagonalmente em qualquer número de espaços, e atacar em qualquer direção. Geralmente, é a segunda peça mais protegida pelo jogador, após o Rei.

- Rei: objeto sagrado a ser protegido. Pode se movimentar para qualquer direção, mas com limite de um espaço por jogada. Caso a peça seja ameaçada e tenha possibilidades de escapar, é decretado "xeque". Caso não tenha chances de defesa, é decretado o fim do jogo. Xeque-mate.

Jogue contra Beth Harmon

Aplicativo permite que usuários desafiem Beth Harmon, protagonista da série "O Gambito da Rainha".
Aplicativo permite que usuários desafiem Beth Harmon, protagonista da série "O Gambito da Rainha". (Foto: Reprodução/Chess.com)

Prodígio aos 8 anos, principal desafiante de campeões mundiais, aos 22. A trajetória de Beth Harmon inspirou espectadores da série, que ficaram com um gostinho de quero mais. Agora, a personagem é uma das jogadores disponível para duelo no site e aplicativo da Chess.com. Basta acessar o site e escolher uma das sete versões de Beth na plataforma. O usuário pode desafiar a Beth de 8 anos, estimada em 800 pontos de habilidade, até os 22 anos, quando ela tem 2.700 pontos e está a um passo de se tornar a mais jovem campeã mundial. Não tem jogo fácil.

O simulador foi construído por meio de um motor de inteligência artificial que contém um banco de dados com milhões de jogos e possibilidades de movimento, dificultando a vida do desafiante. Ao final da partida o site fornece um relatório mostrando erros ou oportunidades de vitória perdidas. Movimentos individuais também são analisados, com sugestões de melhores jogadas. 

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