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É perigoso usar o celular enquanto carrega? Entenda

Caso de criança eletrocutada no Pará nesse domingo traz à tona discussões sobre a segurança de usar eletrônicos ligados à tomada

Nesse domingo, 23, um garoto de 11 anos morreu ao receber descarga elétrica em Santarém, no Pará, enquanto usava o celular ligado ao carregador. O caso trouxe novamente à discussão um debate antigo sobre eletrônicos: é seguro usar o celular ligado à tomada?

Embora a preocupação seja legítima, o assunto é permeado por muitas informações incorretas ou desatualizadas. É preciso ter em mente também as práticas de segurança com equipamentos ligados na rede elétrica, de quaisquer tipos.

Desde 2011, as tomadas no Brasil são regulamentadas pela norma NBR 14.136, da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Este padrão tem definições extras de segurança tanto no desenho externo dos plugues nas paredes quanto internamente na parte elétrica.

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A adoção do terceiro pino nos conectores visa ligar os aparelhos a um aterramento na fiação do imóvel, que receberia descargas elétricas inesperadas como raios ou picos de energia. Com o chamado "fio terra", que recebe este nome por estar ligado diretamente ao solo, o risco de choques no uso de equipamentos elétricos é reduzido de maneira significativa.

Há muitos problemas, no entanto, que continuam tornando perigoso o uso de celulares durante o carregamento. Grande parte dos imóveis no Brasil não passou pelas alterações necessárias para se adequar ao novo padrão de tomadas, pois o custo para aterrar toda a instalação elétrica de uma casa é elevado e requer, além da troca das tomadas, quebrar paredes para incluir a fiação extra.

Mesmo em imóveis construídos após julho de 2011, quando a norma passou a ser obrigatória, é recomendado verificar, antes do aluguel ou compra, se o aterramento foi realizado conforme a regulamentação, pois apenas a presença de tomadas no padrão novo não garante que o fio terra esteja instalado. Prédios de apartamentos costumam ter o aterramento bem visível, como um cabo metálico que percorre toda a lateral do edifício.

Além disso, o uso de adaptadores como "benjamins" ou "T" para ligar vários equipamentos no mesmo plugue de parede pode sobrecarregar a instalação elétrica naquele local. Isso aumenta o risco não apenas de choques, mas também de curto-circuitos e incêndios, especialmente se forem usados vários adaptadores em conjunto.

Caso seja necessário usar mais de um aparelho na mesma tomada, a recomendação é utilizar filtros de linha que contenham fusível. Equipamentos como estabilizadores ou no-breaks também não são recomendados, mesmo para o uso de computadores, por trabalharem em uma frequência diferente da corrente elétrica fornecida pela tomada. Para ligar dispositivos que usem corrente de 110 volts em redes de 220, a orientação é usar transformadores individuais.

Outro fator que aumenta os riscos de choques e incêndios é o uso de carregadores e baterias que não sejam originais dos fabricantes. Estes acessórios, quando genuínos, passam por estritos testes de segurança e possuem componentes que detectam oscilações na rede elétrica, protegendo os equipamentos de sobrecarga. Os produtos originais são homologados pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel).

Por fim, também não deve-se utilizar nenhum produto elétrico, ligado à tomada ou mesmo na bateria, com o corpo molhado ou em ambientes úmidos. Nestes casos também há o risco de choques e incêndios por curto-circuitos.

Casos recorrentes de choques durante uso do celular

Acidentes com choques e explosões pelo uso indevido de aparelhos na tomada ou problemas com a parte elétrica são, infelizmente, comuns. Em 2017, uma adolescente vietnamita morreu eletrocutada enquanto dormia. O celular dela estava carregando embaixo do travesseiro, com o fio desencapado. Em 2018, houve casos fatais no Brasil em Pernambuco, no Piauí, no Ceará e em São Paulo. Em 2019, uma adolescente do Cazaquistão morreu após o celular explodir em seu travesseiro enquanto ela dormia. O aparelho estava carregando na hora da ocorrência.

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