Doenças do couro cabeludo e o perigo da automedicação

Dermatite, psoríase e alopecia: conheça os principais sintomas que afetam a saúde capilar

19:06 | Dez. 17, 2025

Por: Rafael Santana
Entre os sintomas mais comuns estão coceira persistente, descamação, vermelhidão, ardência e queda acima do normal (foto: Freepik)

O couro cabeludo é uma extensão da pele e, por isso, está sujeito a doenças como qualquer outra parte do corpo. É nele que nascem os fios de cabelo, porém, infelizmente, o foco dos cuidados costuma ser direcionado apenas ao comprimento da fibra capilar.

No Brasil, as doenças do couro cabeludo mais comuns incluem a dermatite seborreica (caspa), a psoríase, a foliculite, as infecções fúngicas (Tinea capitis) e a alopecia. Estas condições afetam milhões de pessoas e impactam severamente a autoestima, especialmente no caso da alopecia androgenética (calvície).

Coceira persistente, queda acentuada de cabelo e descamação não são apenas incômodos passageiros, mas sinais de que o organismo precisa de atenção médica. Embora algumas patologias apresentem sintomas semelhantes, cada uma exige uma abordagem específica. O grande desafio é diferenciar situações simples de problemas que demandam cuidado imediato.

Segundo Leonardo Amarante, médico especialista em restauração e transplante capilar, apesar de todas afetarem a região da cabeça, elas têm origens e impactos distintos. A dermatite seborreica é um processo inflamatório ligado à oleosidade e à resposta da pele, sendo geralmente recorrente e manifestando-se com descamação e prurido. Já a psoríase é uma doença inflamatória crônica, de base imunológica, que forma placas mais espessas e dolorosas, que podem ultrapassar a linha do cabelo.

Por outro lado, a alopecia engloba um conjunto de fatores que levam à perda de cabelo, sejam eles inflamatórios, hormonais ou genéticos. “O ponto de atenção é que, quando essas doenças não são tratadas corretamente, podem comprometer a saúde do folículo capilar, o que influencia diretamente a densidade e a possibilidade de recuperação dos fios no futuro”, explica o médico.

O especialista destaca que as causas são multifatoriais: estresse, alterações hormonais, predisposição genética, alimentação inadequada e o uso incorreto de produtos capilares podem desencadear ou agravar os quadros. “No consultório, é muito comum vermos pacientes que já tinham tendência à queda e passam a perder ainda mais cabelo após episódios inflamatórios no couro cabeludo”, revela.

Sinais de alerta

Entre os sintomas mais comuns estão coceira persistente, descamação, vermelhidão, ardência e queda acima do normal. Em alguns casos, surgem falhas visíveis ou o afinamento progressivo dos fios. Quando a inflamação é prolongada, o folículo pode sofrer danos profundos, exigindo uma abordagem especializada para preservar ou recuperar a área.

“Inflamação persistente, aumento rápido das lesões e queda localizada são motivos para buscar ajuda. O couro cabeludo também responde ao estilo de vida: dormir mal, alimentar-se mal e viver sob tensão deixa o ambiente mais vulnerável”, alerta Leonardo.

Cuidados com o couro cabeludo

Para o especialista, o cuidado primordial é seguir um tratamento individualizado e evitar a automedicação. Cada paciente responde de forma única e, após o diagnóstico, o foco inicial é controlar a inflamação, fortalecer a derme e proteger os folículos ainda ativos.

No caso da alopecia, é fundamental identificar a causa e o estágio da queda. Em fases iniciais, é possível estabilizar o quadro com tratamento clínico. Já quando há perda definitiva, especialmente nas alopecias genéticas, o transplante capilar surge como uma alternativa eficaz, desde que o couro cabeludo esteja saudável e a doença controlada.

Um dos principais obstáculos continua sendo a automedicação. “Recebo muitos pacientes que tentaram resolver o problema sozinhos e chegaram com o couro cabeludo extremamente sensibilizado. Isso pode, inclusive, dificultar o tratamento médico. Produtos com alta carga de fragrância, álcool ou ativos irritantes podem desencadear alergias graves. Por outro lado, novas terapias, incluindo medicamentos de ação direcionada e protocolos tecnológicos, já são uma realidade acessível”, finaliza.