Estudos trazem bons resultados

Estudos trazem bons resultados para o tratamento de câncer

Trabalhos científicos foram apresentados na 41ª Conferência da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica

A 41ª Conferência da Sociedade Europeia de Medicina Oncológica (ESMO) realizada recentemente, em Berlim, na Alemanha, apresentou novidades no que diz respeito ao tratamento de câncer. O congresso se destaca como uma plataforma global de oncologia que reúne médicos, pesquisadores, jornalistas e representantes do setor de saúde do mundo todo.

Um dos resultados apresentados foi dois estudos, HARMONi-6 e OptiTROP-Lung04, que abordam uso de novas classes de medicamentos, conhecidos por anticorpos bispecíficos Ligam-se a dois alvos ao mesmo tempo (células cancerígenas e células do sistema imune), permitindo que o sistema imune destrua o tumor e conjugados, Ligam-se a uma proteína específica na célula cancerosa (como a TROP-2) e entregam um agente de quimioterapia diretamente no tumor que traz esperança para pacientes com câncer de pulmão de não pequenas células em estágio avançado, principal causa de morte por câncer em homens no Brasil, e a segunda em mulheres.

Os anticorpos biespecíficos são proteínas criadas em laboratório, que imitam os anticorpos naturais do corpo. “São duas novas estratégias, além da quimioterapia e da imunoterapia, que estão surgindo para tratar o câncer de pulmão”, comemora Clarissa Baldotto, oncologista especialista em câncer torácica.

O estudo HARMONi-6 está na fase III e avaliou a eficácia de dois medicamentos combinados com a quimioterapia para o tratamento de carcinoma escamoso de pulmão. A combinação ivonescimabe-quimioterapia proporcionou a redução de risco de 40% de evolução (progressão ou crescimento) do tumor comparado com a administração de imunorepia e quimioterapia.

Já o OptiTROP-Lung04 avaliou a eficácia e a segurança do anticorpo conjugado Sacituzumabe tirumotecano em comparação com a quimioterapia à base platina em pacientes com esta enfermidade. A pesquisa incluiu 376 pacientes, onde metade foi submetida ao novo tratamento e os demais à quimioterapia.

Em 18,9 meses, a progressão livre da doença foi de 8,3 meses no grupo que tomou a nova medicação ante 4,3 meses dos pacientes submetidos à quimioterapia.

ESMO 2025: risco de morte por câncer gástrico tem redução de 22%

Hoje, o tratamento tradicional do adenocarcinoma gástrico e gastroesofágico se dá por cirurgia com a retirada total ou parcial do estômago, associado à quimioterapia.

O estudo MATTERHORN, que está na fase 3, revelou que a associação de imunoterapia à quimioterapia reduz em 22% o risco de óbitos de pacientes submetidos apenas à quimioterapia.

“O estudo demonstra a importância da associação da imunoterapia com a quimioterapia antes da cirurgia, proporcionando ganho na sobrevida global e aumentando a chance de cura de uma doença agressiva como a neoplasia de estômago/junção gastroesofágico ressecável”, destaca o oncologista Frederico Müller, da Oncologia D’Or.

ESMO 2025: imunoterapia para pacientes com câncer de cólon

Cerca de 15% dos cânceres localmente avançados no cólon (a parte mais longa do intestino) têm uma instabilidade de microssatélite – uma alteração genômica causada pela incapacidade das células de reparar o DNA – que pode levar à pior resposta à quimioterapia.

A professora Jenny Seligmann, da Universidade de Leeds, no Reino Unido, durante o evento apresentou um estudo mostrando que a imunoterapia, antes da cirurgia, pode ser uma estratégia para pacientes com este tipo câncer. Ela, com sua equipe, compararam dois estudos, que avaliaram diferentes estratégias aplicadas antes da cirurgia em pacientes com esta neoplasia.

O estudo FOxTROT, analisou a eficácia da quimioterapia antes da cirurgia com quimioterapia pós-operatória. Nesse estudo foram avaliados 185 pacientes com deficiência de reparo de DNA. Já o estudo NICHE-2 testou o uso dos imunoterápicos nivolumabe/ipilimumabe, antes da cirurgia, em 115 pacientes com a mesma deficiência.

Os resultados mostraram que, em três anos, a sobrevida livre da doença foi de 100% em pacientes que receberam a imunoterapia e 80% em pessoas que passaram por quimioterapia.

“Por enquanto, não se trata de um novo padrão consolidado, mas de uma evolução em estudo, com resultados iniciais muito positivos. A decisão terapêutica deve ser individualizada, considerando perfil molecular, estágio clínico e disponibilidade dos protocolos”, afirma Frederico Müller, que tem também especialização em câncer gastrointestinal.

Ele lembra que o grande objetivo nesses estudos é confirmar se os benefícios obs O Povo ervados nos estudos clínicos se mantêm na prática clínica cotidiana e em avaliações de populações mais amplas. Além disso, é preciso um acompanhamento mais longo para compreender quais são os efeitos reais dessas novidades.

“A cada nível de estudo, aumentamos o número de pacientes estudados e, com isso, aumentamos a chance de ter resultados – positivos ou negativos – de forma mais fidedigna. Quanto mais pacientes nos estudos, mais conseguimos obter resultados que realmente podem ser positivos ou negativos”, finaliza.

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