Abuso sexual infantil: veja como reconhecer os sinais e como agir
A violência contra crianças pode deixar cicatrizes físicas e emocionais duradouras, comprometendo o bem-estar e o desenvolvimento saudável
De acordo com Ministério dos Direitos Humanos e Cidadania, nos quatro primeiros meses de 2023, o Disque 100 registrou 17,5 mil violências sexuais físicas – abuso, estupro e exploração sexual – e psíquicas contra crianças ou adolescentes.
O abuso sexual ocorre quando uma criança é utilizada para a satisfação sexual de um adulto ou adolescente mais velho, podendo incluir atos como toques inapropriados, exposição indecente, pornografia infantil ou estupro. A exploração sexual, por sua vez, ocorre quando uma criança é forçada a participar de atividades sexuais em troca de dinheiro, favores ou outras formas de benefício.
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Inimigo íntimo
As crianças em idade escolar são as vítimas mais recorrentes. Além disso, conforme explica Daniela Pedroso, psicóloga do Núcleo de Violência Sexual e Aborto Previsto em Lei do Centro de Referência da Saúde da Mulher Hospital Pérola Byington, diferentemente do abuso à mulher adulta, o infantil é premeditado, ocorre na casa da vítima ou do agressor, na ausência da mãe durante o dia e com certa frequência. “O agressor que abusa geralmente é conhecido, membro de confiança da família. Costumamos investigar primeiramente os pais e padrastos”, afirma.
Sinais de abuso sexual
Os sinais de abuso sexual infantil podem variar e nem sempre são facilmente identificados. Alguns indicadores podem incluir mudanças repentinas de comportamento, pesadelos recorrentes, medo excessivo de pessoas ou lugares específicos, isolamento social, comportamento sexualmente explícito para a idade, comportamento agressivo ou regressivo, lesões físicas inexplicáveis, problemas de sono ou alimentação, entre outros.
Como abordar o assunto com crianças
Conversar com crianças sobre o abuso sexual infantil é uma etapa crucial para sua proteção e bem-estar. Embora seja um assunto delicado, abordá-lo de forma sensível e adequada pode ajudá-las a entenderem o que é o abuso sexual, reconhecer sinais de alerta e, o mais importante, buscar ajuda caso se deparem com essa situação.
Em casos de suspeita, Daniela Pedroso recomenda cuidado na abordagem direta do assunto. “Não atormente a criança com várias perguntas, pois isso a deixará ainda mais confusa e angustiada. Pense também que a vítima ainda não tem maturidade para entender que o que ocorre com ela é um crime, que é errado”, salienta a psicóloga.
Manter um diálogo claro com a criança e demonstrar que ela pode contar com você é um ótimo caminho para esclarecer o problema. “Quando a vítima confia, desabafa mais facilmente. Mostre que o corpo dela é só dela e que ninguém tem o direito de tocar”, instrui Daniela Pedroso.

Combatendo o abuso infantil
É essencial que toda a sociedade se engaje na prevenção e combate ao abuso sexual infantil. Isso inclui a conscientização e a educação das crianças sobre seus direitos, a implementação de programas de prevenção nas escolas, a capacitação de profissionais para identificar e denunciar casos suspeitos, além do apoio às vítimas, que devem ser encorajadas a buscar ajuda e denunciar os agressores.
Canais para denúncia de abuso sexual infantil
Disque 100
O Disque 100, do Governo Federal, recebe, analisa e encaminha denúncias de violações de direitos humanos, incluindo situações de violência sexual contra crianças e adolescentes. As denúncias podem ser realizadas de maneira anônima e de qualquer parte do país. O atendimento funciona 24 horas, todos os dias da semana, inclusive nos finais de semana e feriados. A ligação é gratuita.
Disque 190
O Disque 190, da Polícia Militar, é indicado para socorro imediato. A ligação é gratuita e o atendimento também funciona 24 horas, todos os dias da semana.