Banho de chuva não faz mal à saúde mas requer cuidados com contaminação
O infectologista Francisco José Cândido explica que o frio e os dejetos em calhas e bicas podem apresentar riscos durante o banho
Durante a quadra chuvosa, que acontece entre os meses de fevereiro e maio, é comum surgirem dúvidas sobre o banho de chuva e seus possíveis impactos à saúde. No entanto, como explica o médico infectologista Francisco José Cândido, do Hospital São José, em Fortaleza, “o banho de chuva propriamente dito não tem um risco diretamente associado”.
Apesar de não existirem doenças relacionadas diretamente ao ato, o infectologista explica que, ao tomar banho na chuva, a temperatura corporal tende a diminuir, o que pode ocasionar uma queda da imunidade. Essa queda, coloca ele, “pode culminar em uma das infecções virais comuns nessa época, como as gripes e resfriados.”
É + que streaming. É arte, cultura e história.
Prestar atenção no local do banho
Uma dica do especialista para quem vai tomar banho de chuva é verificar o local de onde vem a água. Francisco orienta evitar pontos de drenagem de água como córregos onde acontece o esgotamento sanitário e dejetos são depositados. “Estes locais em si vão apresentar um risco maior, pela contaminação já existente”, afirma.
Para quem tem o hábito de tomar banho em bicas ou calhas, um dos riscos que se apresenta é a contaminação pela presença de secreções e dejetos de animais nestes locais.
Esperar a primeira chuva
Por isso, o médico esclarece que é muito comum esperar passar a “primeira chuva” antes de tomar banho nesses locais. Com este momento inicial de chuva, parte do material contaminante seria removida pela água, reduzindo os riscos de contaminação e tornando esse banho mais seguro.
Tomar cuidado com a água acumulada nas ruas
Além das infecções virais como gripe, resfriado e influenza, mais comuns durante a quadra chuvosa, o médico atenta para os riscos da água contaminada, que pode ocasionar doenças diarreicas agudas e leptospirose, colocando em risco especialmente quem mora em locais onde a água das chuvas acaba invadindo as casas.
“O excesso de lixo acaba obstruindo a passagem de água e bloqueando bueiros. Isso atrapalha o sistema de drenagem de águas pluviais e também pode agravar alagamentos,” relata a professora Magda Moura, do Departamento de Saúde Comunitária da Universidade Federal do Ceará (UFC).
Para evitar doenças como a leptospirose e as gastroenterites, a profissional recomenda não tomar banho em águas pluviais, que se acumulam nas ruas com a chuva.
Prevenir-se contra doenças respiratórias
A professora também alerta para a circulação de vírus respiratórios durante a quadra invernosa que não estão relacionadas propriamente ao banho de chuva. “Não é por causa do banho de chuva que as pessoas irão gripar, mas pelo fato de ficarem dividindo ambientes fechados com pessoas doentes, o que facilita a contaminação”, coloca.
Evitar a contaminação das pessoas ao seu redor
Com isso, a especialista aponta que é importante estar devidamente vacinado contra os vírus da covid e da gripe e evitar locais com grande concentração de pessoas caso apresente sintomas gripais. Quando for necessário estar em ambientes fechados, ela ressalta a importância do uso de máscaras.
Um ponto importante é seguir a chamada etiqueta respiratória, ou seja, cobrir nariz a boca quando tossir e espirrar e lavar as mãos com água e sabão ou álcool em gel posteriormente para evitar a contaminação das superfícies.